Florian Schneider, 1947 – 2020

 

 

O co-fundador do seminal grupo Kraftwerk, Florian Schneider, morreu hoje, dia 06 de maio de 2020. Junto com Ralf Hutter, Florian foi responsável por uma verdadeira revolução estética na música popular mundial, sendo responsável pela incorporação de instrumentos eletrônicos, não só na produção, como na execução musical em nível popular. O Kraftwerk influenciou de David Bowie a Brian Eno, passando por King Crimson, todo o new romantic inglês e o próprio hip-hop. Sem as batidas pensadas pelo grupo, não teríamos o pop atual como ele existe hoje.

 

Multi-instrumentista, Schneider tocava sinterizadores, vocoder, flauta, sax, percussão, violino, guitarra, bateria e ainda fazia vocais para a banda. O músico deixou o Kraftwerk em 2008, depois de quatro décadas, mas toda a discografia do grupo foi lançada com sua presença. Álbuns decisivos como “Autobahn” (1974), “Trans-Europe Express” (1977) e “Computer World” (1981) são uma espécie de santíssima trindade da música planetária, influentes em diferentes níveis de concepção, produção e execução. O último lançamento de canções inéditas da banda foi em 2003, com “Tour de France”. Além dele, o Kraftwerk lançou um disco ao vivo em 2005, “Minimum-Maximum”.

 

Além do impacto na música, o Kraftwerk teve ressonância nas artes como um todo. Inovou na produção de shows, na projeção de filmes, na fundação dos preceitos dos videoclipes e criticou vorazmente a visão de futuro, sendo bastante influente na mudança dos paradigmas da própria definição do sentido/significado do termo. Seus álbuns são como antecipadores do futuro. Nenhum artista conseguiu algo semelhante. Se conseguiu, foi se inspírando no trabalho dos alemães. Em 2012, o grupo se apresentou no Museu de Arte Moderna de Nova York, numa série de shows que reproduziam os oito álbuns mais importantes da carreira da banda, lançados entre 1974 e 2003.

 

O Kraftwerk havia anunciado uma turnê pelos Estados Unidos pouco antes da pandemia de covid-19, fato que levou ao adiamento dos planos.

 

Florian Schneider, que foi homenageado por David Bowie com a canção instrumental “V-2 Schneider”, era uma lenda da música do século 20.

 

A causa da morte ainda não foi confirmada, mas rumores apontam para um tipo muito agressivo de câncer.

 

 

Aqui a minha favorita de todos os tempos do Kraftwerk.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

2 thoughts on “Florian Schneider, 1947 – 2020

  • 6 de maio de 2020 em 13:58
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    Lembrei do Duran Duran há pouco tempo fazer apresentações vestidos e com a mesma postura de palco do Kraftwerk…
    Enfim, é o nosso mundo se acabando.

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