Pequena crônica do coronavírus

 

 

Pois bem, estamos em pandemia e em pandemônio. Notícias chegam da Europa e dão conta de que as aglomerações desnecessárias estão suspensas. Sair de casa só é recomendável em caso absolutamente justificável, por exemplo: ir ao mercado para comprar comida. Ir ao hospital. Comprar remédios na farmácia. Ir e vir do trabalho. E só. Cinemas, teatros estão fechados. Shows estão suspensos. Quem pode, trabalha de casa. Nada de pânico, certo?

 

Errado.

 

As pessoas estão aloprando, como era de se esperar. Todos aqueles filmes de apocalipse zumbi, que achamos exagerados e engraçados, funcionam como uma crônica do comportamento humano. Ninguém está dando a mínima para o próximo. Ficar em casa, mais do que uma medida para evitar o contágio, é para evitar a circulação do vírus. Quanto mais gente infectada, mais rápido o covid-19 vai passando pela população. Ficar em casa, portanto, significa conter a velocidade do bichinho, enquanto dá tempo para que se entenda as medidas necessárias para elaborar estratégias específicas. Fazer isso também depende do bom senso e aí o bicho pega, sem trocadilho.

 

As pessoas já estão esgotando os mercados, estocando comida. Enquanto fazem isso, também vão a restaurantes à noite. Uma coisa ou outra, certo?

 

Estocar comida só com condições de consumir tudo durante o tempo que ficar em casa, certo? Do contrário é egoísmo e desperdício.

 

Não adianta estocar se você não vai cozinhar tudo, né? Planeje.

 

Não tem álcool gel? Lave bem as mãos.

 

Pedir comida em casa é preferir que o entregador contraia a doença e se exponha a ela em vez de você. Seja solidário. Faça a comida que estocou.

 

Evite as aglomerações. Coloque sua leitura em dia, faça playlists no Spotify, veja Netflix, dê um jeito. Mas não vá na rua desnecessariamente.

 

Aproveite para economizar aquele dinheiro do cinema, do restaurante, do barzinho.

 

Chame seus amigos para algum programa em casa. Menos gente.

 

Entenda, de uma vez por todas: o covid-19 não é letal para a maior parte da população, mas é um risco real para crianças, idosos e portadores de doenças preexistentes. Gente com asma, bronquite, rinite e problemas cardiácos, hipertensão, estão são mais vulneráveis à ação do bicho. Novamente, sejam solidários.

 

Fortalecer os sistemas públicos de saúde é entender que situações como esta são de saúde pública, não de saúde privada. A população precisa de ajuda, especialmente a que não pode pagar por remédios e cuidado.

 

Não tenha a lógica do “ANTES ELE DO QUE EU” para lidar com esta situação.

 

 

O covid-19 é mais uma dessas situações em que vamos ter que provar a nossa capacidade de viver em sociedade, pensar em todos como iguais. E, claro, iremos fracassar.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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