Foals – Everything Not Saved Will Be Lost – Part 2

 

Gênero: Rock alternativo
Duração: 40 minutos
Faixas: 10
Produção: Foals
Gravadora: Warner

4 out of 5 stars (4 / 5)

 

Lá por março deste ano, o Foals lançou “Everything Not Saved Will Be Lost – Part 1”. Disco legal, bem produzido, bem feito, bem tocado e cheio de canções climáticas, que levavam a banda inglesa a retornar ao mercado depois de quatro anos sem gravar. A resenha que publicamos (veja aqui ) dava conta de um disco ok, mas que melhora consideravelmente a partir de sua metade, especialmente a partir de “Syrups”, a quinta faixa.

 

Apesar de ventilada na época do lançamento, a segunda parte do álbum provavelmente veria a luz do mundo em outubro e cá estamos com este melhor “Everything Not Saved Will Be Lost – Part 2”. E por que é melhor? Porque é um disco muito mais conciso e que aposta em canções mais curtas, objetivas e – surpresa – pesadas. Há um vigor por aqui que é muito raro em discos prévios do Foals, até nos do início da carreira, quando os sujeitos eram rotulados como uma banda que fazia … math rock. Toda essa suposta pompa foi colocada de lado e, com o afago do tempo, dá pra pensar nas duas partes – a de março e esta agora – como dois lados de um álbum duplo, nos quais um é mais climático e outro mais contundente. É uma boa definição para compararmos os dois.

 

Novamente o álbum tem momentos de maior brilho. A faixa de abertura, “Red Desert”, é uma vinheta misteriosa de 1:22 minutos, dando espaço a uma surpreendente “The Runner”, rockão invocado, enguitarrado e com andamento pós-punk que dá gosto. Lembra algo que o Muse poderia fazer, mas sem o histrionismo original. Há efeitos na voz de Yannis Philipakkis que não comprometem o resultado final que, como na Part 1, tem alguma lembrança também de Duran Duran. A coisa avança com a classe de “Wash Off”, que tem andamento salpicado e com efeitos de guitarras e bateria e deságua em “Black Bull”, outro rockão que vai crescendo, crescendo, te absorvendo e, quando você dá conta, já está de volta a 1987, ouvindo algo que poderia ser, sei lá, do The Cult.

 

“Like Lightning” segue neste mesmo caminho, mostrando uma variação moderna daquele rock musculoso, meio hard rock, meio psicodélico do fim dos anos 1980, mas com total cara/atitude de 2019. Uma outra vinheta, “Ikaria”, anuncia as três faixas finais do álbum. “10.000 Feet” é outra canção em câmera lenta, que vai crescendo em meio a teclados e levadas angulosas de bateria, novamente com bom desempenho vocal de Philipakkis. “Into The Surf” é mais próxima do terreno baladeiro, soando novamente como uma cruza de Depeche Mode com Duran Duran, mas numa versão totalmente depurada de açúcar, que abre espaço para a épica “Neptune” fechar os trabalhos, com mais de dez minutos de duração e acenos ingênuos ao Pink Floyd mais padronizado.

 

“Everything Not Saved Will Be Lost – Part 2” é disco bem legal para se ouvir com fones, percebendo detalhes da ótima produção – assinada pelo grupo – que aponta um salto evolutivo, com a produção de uma música mais elaborada do que vinha fazendo. Para ficar ligado no futuro.

 

Ouça primeiro: “The Runner”

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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