13 (+3) tecnopops dourados dos anos 1980

 

 

Início dos anos 1980. Todo mundo buscando alcançar o futuro, que já havia chegado pelas mãos – e teclas – do Kraftwerk. Foi um tal de bandas e artistas de várias procedências incorporarem teclados e sintetizadores em suas obras, mudando ou refazendo tudo. De vanguarda, a música eletrônica foi para as paradas de sucesso, processo este que já se iniciara na década de 1970, especialmente pelas mãos de David Bowie, o próprio Kraftwerk e os arquitetos do rap.

 

Ao mesmo tempo, essa onda de artistas atingiu seu ponto mais alto e começou a gerar discos e canções totalmente imersos nos conceitos da música eletrônica feita para o gosto popular, uma invenção relativamente recente. Teve de tudo, desde bandas consolidadas a one-hit wonders, passando por gente que pegou carona na estética e a abandonou em seguida.

 

Escolhemos nossas 13 faixas, mas roubamos um pouco, acrescentando três canções no meio do bolo, mas ainda ficou faltando muita gente. Primamos pela esquisitice, misturada com o sucesso absoluto. Mas, repito: muita coisa boa ficou de fora e agradeceremos qualquer pitaco/palpite de preferidas de vocês que não entraram nesta listinha. Vem.

 

 

Human League – Don’t You Want Me (1981) – clássico absoluto do grupo inglês, essa canção é sinônimo de tecnopop e, mesmo que tentemos optar por algumas músicas menos conhecidas do povão, não dá pra usar este termo no texto sem abrir os trabalhos com “Don’t You Want Me”.

 

 

Soft Cell – Tainted Love/Where Did Our Love Go? (1981) – um dos maiores cavalos de batalha das pistas de dança do início da década foi esta junção de duas canções soul dos anos 1960 pelas mãos do Soft Cell. A primeira, gravada por Gloria Jones em 1964 (regravada em 1976) e a segunda, pelas Supremes, também em 1964. A maneira como as duas faixas se juntam é coisa de mestre absoluto da canção de todos os tempos.

 

 

New Order – Temptation (1981) – este é New Order imediatamente pós-Joy Division, ainda sem saber exatamente como fazer as coisas soarem, mas já no caminho certo. É a mesma banda que estava fazendo “Blue Monday” na mesmíssima época. “Temptation” é uma das melhores canções desse pessoal, só saiu em compacto e tem várias versões em coletâneas, mas o seu original segue como o melhor registro.

 

 

Yazoo – Don’t Go (1982) – com os vocais graves de Alison Moyet e os teclados de Vince Clarke, em seu primeiro trabalho pós-Depeche Mode, o Yazoo (Yaz, nos Estados Unidos) fez vários discos legais, cravou hits nas paradas mas nenhum tão legal quando este. O riff de teclado é um dos melhores de todos os tempos temporais.

 

 

Taco – Puttin’ On The Ritz (1982) – essa é uma versão sensacional do original de Irving Berlin, de 1930. Taco, um cantor holandês de ascendência indonésia (!!!) entrou no ramo da música com esta ideia de fazer canções que lembrassem os anos dourados do pop americano em versão tecladeira/sintetizadora. Seu maior sucesso é este aqui, mas ele tem outras belezuras gravadas, que valem a sua atenção.

 

 

 

Thomas Dolby – She Blinded Me With Science (1982) – um dos maiores clássicos do estilo é esta lindeza, de autoria do geniozinho Thomas Dolby. Ele começou a década de forma promissora, depois foi produzir discos, entre eles, o supremo “Two Wheels Good”, do Prefab Sprout, e ainda fez ótimos álbuns. Sumiu com o passar do tempo. Seu “The Golden Age Of Wireless”, de 1982, é um dos melhores trabalhos do tecnopop/synthpop de todos os tempos e vale conhecer.

 

 

Naked Eyes – Always Something There To Remind Me (1983) – o duo Naked Eyes era inglês e teve nesta cover de Burt Bacharach o seu maior sucesso. Com uma simpática e originalíssima pegada tecladeira, cheia de baterias eletrônicas adoravelmente datadas, a canção fez sucesso radiofônico ao redor do mundo. O duo não foi muito além, mas deixou sua marca.

 

 

Eurythmics – Here Comes The Rain Again (1983) – outro duo, o Eurythmics foi um dos maiores artistas pop da primeira metade dos anos 1980. Ancorada no talento impressionante de Annie Lennox e na versatilidade de Dave Stewart, a dupla emplacou vários hits e este aqui foi o primeiríssimo a surgir nas paradas, faixa de seu terceiro disco, “Touch”. A canção sucedeu o sucesso mundial de “Sweet Dreams” e logo viria um caminhão de hits que emplacaram várias paradas ao redor do mundo.

 

 

Robin Gibb – Boys Do Fall In Love (1984) – é preciso dizer que esta é uma das minhas canções mais queridas de todos os tempos. Surgida no apogeu do tecnopop oitentista, cheia de melodia, com um clipe espacial simpaticíssimo, o bee gee Robin Gibb cravou seu lugar no meu coração e nunca mais saiu. Mistura perfeita de pop e futuro – do pretérito – isso aqui é ouro puro. Faixa do ótimo disco “Secret Agent”.

 

 

Frankie Goes To Hollywood – Two Tribes (Annihilation Mix) (1984) – esta canção e “Relax” foram os grandes hits do FGTH, grupo de Liverpool que despontou como uma das grandes apostas dos anos 1980. O clipe trazia uma impagável luta livre entre Ronald Reagan e o premiê soviético Konstantin Chernenko e a música é um dos maiores exercícios de timbres e sobreposições de seu tempo. Um clássico.

 

 

Murray Head – One Night In Bangkok (1984) – quem ouvisse esta maravilha no rádio da época jamais imaginaria que ela é uma composição de Benny Andersson e Björn Ulvaeus, com letra de Tim Rice, dois ex-integrantes do Abba e um dos letristas mais famosos do showbiz, ou que ela fazia parte da trilha sonora de um musical londrino. Mas era. Interpretada pelo cantor e ator de “Chess”, o tal espetáculo, esta faixa é uma pequena joia perdida na profusão de clássicos tecnopop de então.

 

 

Bronski Beat – Smalltown Boy (1984) – faixa que puxou o primeiro disco do Bronski Beat, “The Age Of Consent”, em 1984 e revelou ao mundo a voz peculiar de Jimmy Sommerville. A canção é um libelo anti-preconceito de gênero, que narra a saída de um rapaz gay de sua cidade por conta do desprezo dos pais e amigos quando ele resolve se assumir.

 

 

Alphaville – Big In Japan (1984) – todo mundo lembra deste grupo alemão por conta de “Forever Young”, faixa-título de seu primeiro álbum, mas foi com “Big In Japan”, o single inaugural do disco, que o Alphaville estourou no mundo. Aqui no Brasil era figurinha fácil nas rádios FM daquele tempo.

 

 

Propaganda – Duel (1985) – outro grupo alemão a fazer sucesso dentro do estilo, o Propaganda se destacou com esta belíssima canção, cheia de timbres e solos de teclados e sintetizadores, além da ótima voz de Susanne Freytag, a cantora do grupo. A faixa está presente em seu primeiro trabalho, “A Secret Wish”.

 

 

Pet Shop Boys – Suburbia (The Full Horror) (1986) – o primeiro disco dos Pet Shop Boys, “Please”, lançado em 1986, é uma pequena obra prima do tecnopop. “Suburbia” foi um dos quatro singles do álbum, e sua versão “The Full Horror”, com mais de oito minutos, é o ápice deste primeiro trabalho da dupla londrina. Irretocável.

 

 

Sigue Sigue Sputnik – Love Missile F1-11 (1986) – fechando a lista com esta adorável trapaça tecnológica aqui. Com muitas programações de bateria, samples primitivos, grooves roubados do T.Rex, devidamente encapetados por máquinas a serviço da picaretagem, o SS-Sputnik, varreu as paradas de sucesso com esta canção e sumiu na poeira da estrada. E fecha a conta.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

One thought on “13 (+3) tecnopops dourados dos anos 1980

  • 5 de novembro de 2020 em 21:59
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    Não creio…
    Nenhum Duran Duran?

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