Top 5 Infantil 2021 – Célula Pop
O ano de 2021, para quem tem criança pequena em casa, só começou mesmo lá para julho/agosto, com a vacinação avançando, mortes por COVID no Brasil em queda (obrigada, Sistema Único de Saúde e CPI da COVID!) e alguma segurança, ainda que mínima, na volta às aulas presenciais dos pequenos.
Mandar uma criança para a escola no auge da pandemia, sem previsão de vacina para eles, não foi decisão fácil para pessoas sensatas (se você for descolado da realidade e realmente achar que “tudo bem, se pode academia e boate pode também escola”, aí o problema é teu). A maioria (na minha bolha) segurou a criançada em casa ao máximo e só voltou porque o trabalho voltou ao esquema do ‘antigo normal’. E no antigo normal, vocês lembram: longe de ser um mero ‘depósito de criança’, como vi muita gente falando na época, a escola é essencial na organização familiar – infelizmente nossa sociedade não é suficientemente evoluída a ponto de dar condições financeiras para que os responsáveis por crianças fiquem em casa, e nem todos os municípios puderam prover recursos tecnológicos para que crianças acompanhassem atividades escolares online.
Do alto do meu privilégio de home office em tempo parcial, com o pai da minha filha também em casa e minha família morando perto – e também sem sair de casa -, 2021 começou como uma extensão de 2020: um eterno dia da marmota, conciliando reuniões online com atenção na pequena, inventando mil atividades e, claro, tentando fazer a melhor curadoria de conteúdo infantil possível. A TV ligada na internet foi SIM uma grande aliada, e chegou uma hora em que eu já estava comemorando cada nova estreia infantil – significaria que não precisaríamos repetir os MESMOS episódios de sempre.
Não me leve a mal, eu devo gostar mais do porquinho Astolfo cantando a música do tatu bolinha do que minha filha; tive a cara de pau de admitir que usei Show da Luna como recurso pedagógico complementar às atividades enviadas pela escola (mas a trilha sonora é do André Abujamra, estou perdoada); forçando uma barra pra ela curtir os conteúdos educativos da Vila Sésamo; comemorando cada brócolis ou cenoura que sumia do prato graças ao histérico, delicioso e cheio de bandinha indie Yo Gabba Gabba.
Sei que teve MUITO conteúdo de qualidade em 2021, mas não tenho como listar tudo – até porque:
- a) não vimos TUDO;
- b) mães na pandemia podem esquecer coisas;
- c) e também porque passamos boa parte de 2021 vendo Frozen e os mesmos episódios do Mickey Maluco de 2013.
De qualquer forma, fiz um esforcinho e montei uma pequena lista de melhores conteúdos infantis lançados em 2021, porque de adulto todo mundo sabe que foi ‘Delta Estácio Blues’ da Juçara Marçal no Brasil e o ‘Voyage’ do ABBA lá fora.
Mundo Bita – Quanto Cabelo que Há
O Bita é adorável, mas vamos combinar que que lá pelos quatro anos da criança nenhum pai ou mãe aguenta mais ouvir ‘Fazendinha’. Para nossa sorte, todo mês tem clipe novo do Bita – e com fan service para os pais também: em 2021 o Bita fez duetos com Carlinhos Brown, Nando Reis, fez cover de Tim Maia e acaba de anunciar participação do Emicida no próximo vídeo (que sai em janeiro). Eu diria que o melhor lançamento deste ano foi a recente “Que é que o macaco é?”, mas como eu não sou público-alvo, vamos deixar a seleção para quem entende do assunto: se ela gosta mais de “Quanto cabelo que há”, quem sou eu pra contestar?
Mundo Bita – Quanto Cabelo que Há
Palavra Cantada + Arnaldo Antunes + Hélio Ziskind – Fábula dos 4 Bichos
ISSO FOI ÉPICO. Ninguém junta Sandra Peres, Paulo Tatit, Hélio Ziskind e Arnaldo Antunes se não for para fazer algo grandioso – o que é TOTALMENTE o caso de “Fábula dos 4 Bichos”, uma saga de SEIS minutos com um refrão que NÃO GRUDA no ouvido, contando uma história que lembra a dos Saltimbancos, mas com um cachorro, uma gata, um passarinho e um rato.
Sandra Peres, a gata, dispensa apresentações: ela, junto com Paulo Tatit, forma o Palavra Cantada, que desde 1994 traz música de qualidade para os pequenos.
O cachorro é Arnaldo Antunes, que se você não sabia, também escreve músicas infantis, é parceiro antigo do Palavra Cantada, autor dos hits “Lavar as Mãos” (“Lava uma mão, lava a outra”) e “Criança não trabalha”, e também de “Cabeça Dinossauro”, uma das músicas preferidas da minha filha.
Hélio Ziskind, que era do Grupo Rumo junto com Tatit, e também produtor e autor das trilhas sonoras dos melhores programas infantis da TV Cultura, é o passarinho – e pra quem não sacou o fan service, procure por “passarinho, que som é esse?”. APENAS. Fiquei em chamas aqui quando lembrei do passarinho, juro.
Como serviço pouco é bobagem, o ratinho do Paulo Tatit é O RATINHO FRAGMENTADO APAIXONADO PELA LUA da opereta do rato, e eu quase dei pulos de alegria aqui.
A criança?
Quis ouvir “Livre estou” pela 1472a vez.
Fábula dos 4 Bichos
https://music.youtube.com/watch?v=nnUVDaaVUMU&feature=share
Tiquequê – Todo Dia (álbum)
O Tiquequê agora é um duo, mas já foi um quarteto e um trio. Formado pelo Wem e pela Diana Tatit (o sobrenome não é coincidência, ela é sobrinha do Paulo Tatit mesmo), que também é educadora, o Tiquequê tem aquela pegada de “música também educa” – não no sentido de “música que ensina a fazer xixi e cocô na privada”, mas num sentido mais amplo, de trabalhar coreografias, brincadeiras tradicionais de percussão corporal e temas pouco comuns, como medos. Se Diana está longe de ser uma grande cantora, isso é o de menos para as crianças – muito menos para a MINHA criança, que adora saber que tem o mesmo nome que ela. “Será que a Diana pode esclarecer?”, diz a música, no que a minha Diana SEMPRE responde “sou eu”.
O hit desse álbum aqui em casa é “Quer dançar”: uma coreografia cumulativa com movimentos divertidos e que tornou esse ano de pandemia e escola em casa muito mais suportável:
https://music.youtube.com/watch?v=SL3gIWXEalQ&feature=share
Palhaça Rubra – Rubra e as Criaturas (álbum)
Eu não sei nem por onde começar a falar da Palhaça Rubra aqui. Já fui criança, sei que palhaço tem uma aura meio assustadora mesmo, entendo totalmente minha filha não gostar muito da Rubra então nem era pra estar nesta lista, mas é que é a Lu Lopes, sabe?
Meu sonho é ver essa mulher em Niterói. Lu Lopes está com um show tributo a Rita Lee. Lu Lopes desenvolve trabalhos bastante sérios sobre criatividade, ludicidade e comicidade. Palhaça Rubra soa como a Nair Belo, canta em idiomas inventados, faz parte do elenco da TV Rá-Tim-Bum e tem a melhor banda de apoio (sério, “Rubra Pop Show”, de 2014, é uma delícia). Os vídeos das séries Biomimética, Histórias Desmioladas e Rubra Te Autoajuda são completamente alucinados. Inclusive tenho sérias dúvidas sobre quem realmente é o público alvo da Rubra. Talvez não sejam as crianças. TALVEZ.
Em Rubra e as Criaturas, aprendemos (quer dizer, as crianças aprendem. Mentira. Nós que cuidamos delas também) que nosso corpo é um brinquedo e que “nosso nome não muda o que a gente é por dentro”.
Sério, veja o clipe de “Brás Goodfellow” para entender do que estou falando:
Aqui o álbum inteiro:
https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_nA4CmeifqC0Srho6gjHwDiCFnxkjpgYRQ&feature=share
Aqui o Instagram da Rubra: https://www.instagram.com/palhacarubra
Vire fã da Rubra você também.
Hey Duggee – The Greatest Woofs
Hey Duggee é um desenho animado da BBC. Nem sei se passa no Brasil (não tem em nenhum streaming do que assino), mas descobri numa daquelas Listening Parties do Tim Burgess no Twitter, e o álbum é BEM divertido.
Duggee é um cachorro que tem uma espécie de escolinha de crianças (ou melhor: bichinhos). O desenho, com um timing bem parecido com o da Peppa Pig, é cheio de referências pop para agradar os pais – só o episódio da MixTape já é de fazer pais e mães insistirem no desenho para as crianças. E as músicas…
Bem, ouça com as crianças por perto, monte a pistinha de dança e divirta-se:
https://youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_knjhA3EVgeebGNEwKgyhxvZv6jM2BX8T4
BOOTS AND CATS!
E para você (ou para suas crianças)? Qual foi o melhor lançamento infantil de 2021?
Ano que vem tem mais. 🙂
Lia Amancio trabalha com produção de conteúdo online desde que a internet era mato. Teve zine, teve banda, teve catapora quando era criança, só não teve ainda a sorte de ganhar na Mega-Sena. Mãe da doce Diana e ativista pela mobilidade urbana, Lia atende em www.liaamancio.com.br e em www.lounge42.com, e também pode ser vista por aí rodando bambolê e tocando ukulele – às vezes ao mesmo tempo. Pergunte-me como.