50 Canções Nacionais de 2021

 

 

Publicar a nossa relação de melhores canções nacionais de um ano é motivo de felicidade imensa para a Célula Pop. A gente sabe o quão complicado é fazer música de qualidade no país e o reconhecimento por tal esforço é o mínimo que podemos fazer pelos artistas brasileiros. A gente ouve muita coisa ao longo do ano e este trabalho de selecionar as músicas que mais gostamos é algo que fazemos com prazer redobrado.

 

Felizmente por mais dura que esteja a vida, os artistas brasileiros seguem firmes e dispostos a traduzir seus cotidianos em forma de música. Como a nossa realidade é inclemente por conta do governo que o país escolheu, a reação é igualmente proporcional e o resultado é uma série de obras engajadas e críticas, como convém o momento. Não dá pra apenas falar de positividade e fofura em tempos como os atuais.

 

Há gente por esta lista que conseguiu emplacar mais de uma canção e a gente estabeleceu um limite de duas músicas por artista, pensando em abrir o máximo de espaço para ter muita gente diferente na playlist. O resultado ficou legal, diverso, livre e representativo do que vem sendo feito de bom e relevante na música nacional.

 

Ouçam, conheçam, passem adiante.

 

Eugênio – Bem Vindo – direto de Sorocaba vem a Eugênio, banda que mistura indie-fofices com alguns momentos que lembram Novo Baianos. É bonitinho e bacana.

 

Baggios – Senhor dos Passos
Baggios – Cura Taio

O Baggios é um dos grupos mais relevantes em atividade na música brasileira e seu novo álbum, “Tupã-Rá”, o coloca em uma nova fase da carreira, sempre melhorando.

 

César Lacerda – Amanhã
César Lacerda – Parque das Nações

Compositor talentosíssimo, autor requisitado, César Lacerda lançou um dos discos mais belos e fortes do ano, “Nações, Homens e Leões”, merecendo totalmente a sua atenção.

 

 

Juçara Marçal – Delta Estácio Blues – o novo álbum de Juçara aproxima o blues do Rio de Janeiro do início do século 20, como força diaspórica e criativa. Belíssimo.

 

Caetano Veloso – Ciclâmen do Líbano – o velho compositor baiano voltou à carga com “Meu Coco”, um belo álbum do qual esta canção é a mais lírica e tocante.

 

Qinhones – Garota Mangá
Qinhones e Mahmundi – Toda Manhã

Depois de interpretar com talento o repertório de Marina Lima, Qinhones (ex-Qinho), mostra que tem poder de fogo para ser um dos grandes do pop nacional que importa.

 

Djangos – Aeroporto Internacional – a querida banda carioca remexeu em seu baú de canções e nos brindou com esta pérola atemporal com mais cara de Rio de Janeiro que Biscoito Globo.

 

Marina Sena – Temporal
Marina Sena – Voltei Pra Mim

Este ano vimos o nascimento de uma estrela da música pop nacional, a mineira Marina Sena. Sua obra é deliciosa, lírica e cheia de sensualidade. Marina é sensancional.

 

Nevilton – Só – vivendo em Roma, o cantor e compositor paranaense segue atento e atuante, nos brindando de tempos em tempos com exemplares de seu talento.

 

Charme Chulo – Tudo Química – falando em Paraná, a banda mais querida da área 041 retornou ao disco com um trabalho irrepreensível, cheio de ótimas canções, humor e a cruza entre The Smith e moda de viola, sua maior característica.

 

Estranhos Românticos e Nervoso – Me Beija – a banda carioca já encerrou suas atividades mas cravou essa joia na nossa listinha, uma lindeza com cara de uma Copacabana que já não existe mais.

 

Tagore – Samba Coração – o cantor e compositor pernambucano veio com um disco que é puro Alceu Valença setentista revisitado. Lindeza total.

 

Jennifer Souza – Pacífica Pedra Branca – desde os tempos de Transmissor que Jeniffer é uma lindeza vocal e sentimental. Esta canção, faixa-título de seu último álbum – é indescritível de tão bela.

 

Rita Lee e Roberto de Carvalho – Change – Rita cantando em francês, Roberto no instrumental e uma batida dançante. Pronto, nem precisava explicar.

 

Marisa Monte – Sal – o novo disco de Marisa, “Portas”, poderia ser muito melhor se houvesse mais canções como esta lindeza aqui.

 

Giovanna Moraes – Rrosalia – Giovanna é nossa querida e seu trabalho é maravilhoso, além dela ser incansável, instigante e bela. Somos fãs declarados.

 

andré L R mendes – Porto de Todos os Santos – André é uma espécie de Belchior de Salvador, Bahia, que segue lançando sua produção caseira e sempre interessante.

 

Roberta Campos – Pro Mundo Que Virá – a cantora e compositora mineira é uma discreta e talentosa fonte de belas canções. Esta aqui é uma lufada de ar fresco em tempos de dureza.

 

Rodrigo Amarante – Tango
Rodrigo Amarante – Um Milhão

“Drama”, o novo disco de Rodrigo Amarante, é um pequeno e discreto manifesto de liberdade artística com ares pessoais de um Brasil que já acabou há tempos e só existe nas lembranças embaçadas de uma vida longe daqui. E ponto final.

 

Edgar – Manifesto do Azulejo – o rapper paulista cravou com esta música a letra mais sensacional deste ano de 2021. Ouçam prestando atenção no que ele diz aqui.

 

Jan Santoro e Gilber T – Menos Nós – o trabalho solo de Jan Santoro é politizado, engajado e sensacional, com nuances e reviravoltas surpreendentes. Esta canção é bom exemplo disso.

 

Mallu Magalhães – Deixa Menina
Mallu Magalhães – Barcelona

“Esperança”, o novo disco de Mallu Magalhães, é ensolarado e tem um quê de tristeza. Sua voz a senso melódicos amadureceram e ela se tornou uma das grandes artistas brasileiras.

 

Zélia Duncan – Ouvindo Lou Reed – Zélia Duncan é uma artista peculiar e interessante. Seu novo álbum, “Minha Voz Fica”, tem tesouros escondidos, como esta canção aqui.

 

Boogarins – Supernova – a banda goiana revirou seu arquivo de canções e gravações nas compilações “Manchaca” e surgiram verdadeiros espécimes com DNA de música brasileira setentista, especialmente da estirpe do “Clube da Esquina”.

 

Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo – Moças e Aeromoças – o rock nunca morre, apesar do que dizem por aí. Ele ressurge em nuances, detalhes e na obra desse grupo cheio de belezura indie.

 

Barbara Eugênia – Hold Me Now – a cantora e compositora niteroiense é multitalentos e adora cantar em inglês com inflexões oitentistas. E faz isso bem, muito bem.

 

Duda Beat – 50 Meninas – direto de Pernambuco, Duda se tornou uma estrela nacional e aprofundou mais a relação de sua música com o reggae no disco que lançou este ano.

 

Luiza Sales – Helena – esta é, simplesmente, uma das músicas mais belas que ouvimos em muito, muito tempo. Ponto final.

 

Juliana Linhares – Bombinha – Juliana é uma das maiores performers em atividade na música nacional e iniciou sua carreira solo com um discaço chamado “Nordeste Ficção”. Essa é apenas uma de várias canções legais que ela gravou.

 

Frank Jorge e Kassin – Não Lembro Bem do Meu Pai – uma parceria inusitada que rendeu um trabalho irregular mas com muitos méritos.  Brega, eletrônica e idiossincrasias convivem em harmonia nesta lindeza oblíqua.

 

Pietá – Perfume de Araçá –  o trio carioca está meio sumido mas Juliana Linhares – olha ela de novo – dá brilho a esta canção solitária que o Pietá lançou em 2021.

 

BaianaSystem – Monopólio – o grupo baiano é uma das forças criativas mais poderosas em atividade na música nacional atual.

 

Wado e Lore B – Sem Pressa – direto de Alagoas temos esta parceria entre o sempre competente Wado e a cantora Lore B, numa faixa que lembra trip-hop e bossanovices esquecidas.

 

Momo – Trem da Paz – uma letra tristonha mas esperançosa sobre um futuro que pode ser melhor a partir de nós mesmos e da chegada de um tempo de paz. Beleza singela e simples.

 

Maria Luiza Jobim e Otto – Farol – a filha mais jovem de Tom Jobim lançou vários singles neste ano, todos belos e pungentes. Esta parceria com Otto se destacou e aponta para um talento impressionante.

 

Giovanni Cidreira – Saudade de Casa – o novo disco do cantor baiano, “Nebulosa Baby”, é  um pequeno caleidoscópio de influências inesperadas. Esta canção aqui salta aos olhos e aos ouvidos.

 

Duda Brack – Macho Rey – a cantora e compositora gaúcha faz aqui uma das mais ferozes críticas ao patriarcado e nunca é demais fazê-lo.

 

Domenico Lancellotti – Vai a Serpente – o novo álbum de Domenico Lancellotti, “Raio”, nos lembrou algo que poderia ser de Edu Lobo ou outro compositor e cantor do primeiríssimo time da música brasileira. Lindíssimo.

 

Pedro Sá – Colapso – guitarrista com extensa folha de serviços prestados à música nacional, há bom tempo na banda de Caetano Veloso, Pedro Sá estreia em disco solo e solta os bichos. Esta canção é um bom exemplo do talento do sujeito.

 

eliminadorzinho – Pompeia
eliminadorzinho – Verde

Banda paulistana com uma sonoridade que lembra o que os irlandeses do Ash faziam lá no fim dos anos 1990 e letras que falam da existência de quem está deixando de ser adolescente e entrando na vida adulta. Bacana demais.

 

 

Vanguart – Intervenção Lunar – faixa-título do último disco do Vanguart, ou seja, um folk rock lírico e cheio de delicadeza. Gostamos.

 

Jonathan Ferr – Nascimento – impressionante o disco do pianista carioca, que mistura hip hop, jazz e eletrônica numa sonoridade que nem parece feita aqui. Sensacional é pouco

 

Johnny Monster e Leela – Pra Lembrar de Você – o veterano Johnny Monster soltou essa faixa com participação do casal Leela e revisitou algo de pós-punk oitentista com acento brasileiro. Bacana

 

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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