O Sting popíssimo vem aí

 

 

Tá, sabemos bem que o termo “pop” ganha contornos diferentes de tempos em tempos e essa manchete pode parecer enganosa. Sting, a gente sabe, não vem com um disco de canções nos moldes do que, vejamos, Dua Lipa ou Lady Gaga andam fazendo, mas “The Bridge”, seu décimo-quinto trabalho, parece ser o seu mais arejado em muito tempo. Pelo menos é o que podemos concluir a partir da audição do primeiro single do disco, “If It’s Love”, lançado há poucos dias nas plataformas digitais.

 

 

 

A canção é infecciosa – no bom sentido – e tem uma melodia leve, letra derramada sobre a belezura que é estar apaixonado e uma novidade: um assovio grudento perto do refrão, que tem a propriedade de grudar na mente do ouvinte e só sair de lá com muito esforço. Sabemos bem que Sting é um baita compositor e capaz dessas e outras proezas quando o assunto é música pop de qualidade mas ele ainda não tinha feito algo tão assumido. Só que, ao contrário do que parece, ele vinha dando algumas pistas recentes de que parece meio cansado de compor e lançar canções e álbuns muito conceituais e complexos, como no passado, vide a quantidade de trilhas de musicais clássicos, releituras de orquestra com composições solo e dos tempos do Police e outras obras meio blé.

 

A ação recente do cantor e compositor inglês aponta para o lançamento de “57th and 9th”, álbum de 2016, no qual reassumia essa vertente pop mas com um pouco mais de parcimônia e o ensolarado “44/876”, com Shaggy, basicamente um disco de festa, cheio de canções reggae muito legais. Porém, o último disco de Sting beira o trágico, “My Songs”, de 2019, no qual ele revisita – de novo – o repertório solo e com o Police, buscando atualizar arranjos e enfiando batidas dance indiscriminadamente, com resultados risíveis na maioria das vezes.

 

“If It’s Love”, no entanto é pop próximo da perfeição e tem letra na qual o personagem vai ao médico e recebe um diagnóstico de que “está com amor” e não há nada a fazer senão aceitar e viver isso com plenitude.

 

 

“The Bridge” sai no dia 19 de novembro. Confira seu tracklist.

 

1.”Rushing Water”
2.”If It’s Love”
3.”The Book of Numbers”
4.”Loving You”
5.”Harmony Road”
6.”For Her Love”
7.”The Hills on the Border”
8.”Captain Bateman”
9.”The Bells of St. Thomas”
10.”The Bridge”

Faixas-bônus

11.”Waters of Tyne”
12.”Captain Bateman’s Basement”
13.”(Sittin’ On) The Dock of the Bay” (Otis Redding/Steve Cropper)
14.”I Guess the Lord Must Be in New York City” (Harry Nilsson)

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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