Morreu Lanny Gordin, o guitarrista do Brasil

 

 

Lanny Gordin foi chamado de “Brazil’s own Hendrix” por uma matéria do site americano Pitchfork na qual eram comentados vinte discos fundamentais da Tropicália. Uma olhada para esta produção mostra que o sujeito esteve em vários trabalhos fundamentais do estilo, lançados por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé, Gal Costa e até em obras que não eram exatamente tropicalistas, como, por exemplo, o álbum de estreia do grupo Brazilian Octopus (liderado por Hermeto Pascoal), em 1968 e o nosso álbum preferido de Erasmo Carlos, “Sonhos e Memórias 1942-1971”.

 

Lanny nasceu Alexander Gordin, filho de pai russo e mãe polonesa, na cidade de Xangai, na China. Viveu alguns anos em Israel. O início de sua carreira como músico de estúdio, logo após participar do Brazilian Octopus, foi em obras de cantores da Jovem Guarda, caso de Eduardo Araújo em “Nem Sim, Nem Não”. A partir daí, ele ingressou na turma tropicalista com força, participando, em sequência, de obras como “Gal Costa” (1969), “Gal” (1969), “LeGal” (1970) e “Fatal – A Todo Vapor” (1971), com Gal Costa; “Build Up” (1970), com Rita Lee; “Caetano Veloso” (também conhecido como Álbum Branco) e “Araçá Azul” (1972), de Caetano Veloso (1969); “Gilberto Gil” (1969) e “Expresso 2222” (1972), de Gilberto Gil. Lanny também no primeiro disco de Jards Macalé (1972); na música “Chocolate”, de Tim Maia e em “Kabaluêre” de Antonio Carlos & Jocáfi. Também acompanhou ao vivo artistas como Elis Regina, Tom Zé e Jair Rodrigues.

 

Lanny tinha problemas de saúde que o sentenciaram ao ostracismo. Tinha esquizofrenia e questões com uso de drogas, mas, mesmo assim, participou de algumas gravações ao longo dos anos 1990 (como em “Aos Vivos”, de Chico César) e foi por conta da presença de Luis Calanca, dono da loja Baratos Afins, que ele voltou a gravar, lançando um disco solo em 2001. Seis anos depois, lançou “Duos”, com participação de vários artistas, entre eles, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé e ainda artistas mais jovens, como Zeca Baleiro, Fernanda Takai, Wanessa da Mata, Adriana Calcanhoto, Max de Castro e Rodrigo Amarante.

 

 

Um ícone universal da guitarra brasileira.

 

Em tempo: publicamos em 25 de janeiro de 2021 uma entrevista com o guitarrista Guilherme Held, que lançava o álbum “Corpo Nós”, no qual tocava com Lanny Gordin. Você pode ler aqui.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *