Lucas Gonçalves lança clipe com canção inédita

 

 

Em 2020, Lucas Gonçalves se lançou como artista solo a partir do álbum “Se Chover” (Pequeno Imprevisto), escolhido como um dos discos do ano aqui na Célula. Além do álbum, o compositor, que também é baixista da Maglore e guitarrista e vocalista da Vitreaux, aproveitou o isolamento social para gravar algumas “canções relâmpago” – como gosta de chamá-las. A última dessa leva, “Uma nota”, foi lançada em sua página no Bandcamp no dia 28 de dezembro. A canção tem participação do pianista Heberth Souza.

 

Hoje, 6 de janeiro, ele abre seu ano de 2021 com o videoclipe de “Uma nota” em seu canal do YouTube. No vídeo, Lucas abre lentamente uma enorme caixa de presente, enquanto uma árvore se incendeia ao seu lado.

 

“A árvore pegando fogo simboliza a situação do país em meio a crise do coronavírus. Um país em chamas junto à política e às instituições que estão falindo, além de se relacionar com as queimadas na Amazônia e no Pantanal”​, revela o músico.

 

O lançamento do clipe acontece no dia de Reis, quando, normalmente, as árvores de natal são desmontadas. O videoclipe foi realizado pela Cachimbo Produções. A direção é de Caio Gentil Carvalho; a fotografia é de Amanda Amaral; o conceito, de Lucas Gonçalves.

 

Lucas conta que a ideia do clipe era ser fiel à letra da música. A caixa embrulhada com papel colorido é uma metáfora para a narrativa do tempo presente. Ele propôs um jogo entre a linguagem e o objeto que, no português, são representados pela mesma palavra. ​

 

“O presente é este, a situação que a gente vive não é boa. A ponto de não ter clima para as festas de fim de ano, já que nem poderíamos encontrar os familiares e amigos por conta do agravamento da pandemia”.

 

 

Uma Nota

Tem um tempão que eu tô quieto
Isso eu ainda não disse
Sobre os desatos afetos
Eu não tô triste
Tenho guardado uma nota
Um entrevero sucinto
Sobre os motivos protesto
Contribuíste
Em parte porque partes de mim
Antes da hora
Em parte porque parte de mim
Se vai emboraTem um tempão que eu não falo
Às vezes calo profundo
Sinto com muito pesar
O findo mundo
Tenho cavado um vazio
No lado cheio do peito
Vou resistir e sonhar
Insatisfeito
(Lucas Gonçalves)

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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