JuPat – Nadando com os Peixes que Voam

 

 

Gênero: Eletrônico

Duração: 43 min.
Faixas: 11
Produção: JuPat
Gravadora: Independente/Tratore

3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

 

Difícil passar batido por JuPat. Em uma realidade em que as lutas das minorias em representatividade são cada vez mais árduas, vozes como a de JuPat é voz de muitas. Piracicabana de alma, a rapper trans é a voz de todas aquelas que são caladas, apagadas e mortas, engordando as estatísticas. Estamos em 2020, no Brasil de bolsonazi, bem-vindos.

 

A vida é melhor quando a gente canta, essa é a verdade. E se para uma mulher a voz ainda é censurada, imagine para uma trans. E é no rap que a voz de JuPat conduz a sua arte, cria e transmite a sua existência. Há dois anos a artista lançou “Toda Mulher Nasce Chovendo”, álbum de estreia que carrega peso e a fluidez de ser mulher em uma sociedade patriarcal e hipócrita. O rap sempre foi espaço de questionamento e crítica social por excelência e é nesse movimento que JuPat transcende a sua criação dando voz para aqueles que não se calam por opção, mas por sobrevivência.

 

E nesse e ser/estar/transformar que o mais recente trabalho da artista nasce: “Nadando com Peixes que Voam”. Com 11 faixas que misturam rap, mpb, dub, reggae e uma brisa do “ser tudo o que a gente pode” o disco traz as narrativas de uma mulher trans na contemporaneidade. Diferentemente do primeiro álbum, “Nadando com Peixes que Voam” cria um cenário onde o amor e o afeto são presentes. Tem melancolia, amor, vontades e fluidez e, sobretudo, humanidade. Um chamamento sobre o ser mulher, a transformação, construção e impermanências do feminino.

 

São recortes, vontades, silêncios e climas declamados pela voz de Jupat. Ela assina todas as composições e traz participações de Dandy Poeta, WARLLOCK , Tamy Tectoniza , Zara Dobura e Allure Dayo. é um álbum reflexivo, com letras delicadas e afiadas ao mesmo tempo, pois a existência é isso mesmo, um fluxo, um mosaico com as partes que nos restam, tanto as cicatrizes quando os sorrisos. JuPat é necessária, é bela e forte.

Ouça primeiro: Translúcida

 

Ariana de Oliveira

Ariana de Oliveira é canhota de esquerda, Cientista Social, estudante de Jornalismo e comunicadora da Rádio Univates FM. Sobre preferências: vai dos clássicos aos alternativos.

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