Genesis: 13 canções e 4 bônus

 

 

Ontem, dia 20 de setembro, o Genesis subiu ao palco da Utilita Arena, em Birmingham, para o primeiro show da sua vindoura “The Last Domino?” tour, que passará por Reino Unido e Estados Unidos nos próximos meses. Adiada por conta da covid-19 e finalmente em andamento, esta excursão é marcada pela presença do filho de Phil Collins, Nic, na bateria, por conta da impossibilidade de seu pai tocar o instrumento. Collins, vocalista desde 1975 e baterista desde tempos imemoriais do grupo, se apresenta sentado e com mobilidade bem reduzida por conta de problemas de saúde.

 

Com um setlist que incluiu 23 canções de diversas fases, a “The Last Domino?” Tour promete ser um sucesso e a gente aproveitou a ocasião pra escolher nossas já tradicionais 13 canções preferidas. E acrescentamos três bônus porque ninguém é de ferro. Sempre imerso na discussão se o melhor Genesis é o pop ou o progressivo, o público é que sai ganhando com uma lista democrática como a nossa, que procura equilibrar os dois momentos da banda.

 

 

– “Land Of Confusion” (1986) – faixa de “Invisible Touch”, o álbum mais pop da carreira do Genesis, com uma batida dançante que não faria feio nos discos solo de Phil Collins. O clipe foi revolucionário na época, mostrando fantoches de Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchev.

 

– “Hold On My Heart” (1991) – um dos singles de “We Can’t Dance”, belo disco de 1991, o último que o Genesis lançou com Collins nos vocais. É uma balada radiofônica e derramada, com melodia belíssima.

 

– “That’s All” (1983) – a “canção do divórcio”, que Phil Collins compôs e virou o hit principal do álbum homônimo, que marcou um aceno nítido do Genesis em direção ao pop. É um dos clássicos do grupo.

 

– “Many Too Many” (1978) – uma balada belíssima ao piano, escondida no subestimado álbum “And Then There Were Three”, que teve como destaque a ótima “Follow You, Follow Me”. Esta gravação é pungente e mostra como Phil Collins já tinha talento pronto para baladas.

 

– “A Trick Of The Tail” (1975) – faixa-título do álbum que marcou a versão do Genesis como quarteto, após a saída de Peter Gabriel, mas ainda com o guitarrista Steve Hackett. A melodia e o arranjo desta canção apontam para referências explícitas de Beatles e Beach Boys, uma lindeza só.

 

– “Eleventh Earl Of Mar” (1976) – faixa que abre o ótimo – e subestimado – disco “Wind And Wuthering”, com uma melodia instigante, arranjo que a despedaça em vários andamentos e uma letra sobre contos medievais estranhos. Destaque para a performance do tecladista Tony Banks.

 

– “Cinema Show” (1973) – uma das composições mais belas da carreira do Genesis, ainda totalmente vinculada à estética progressiva, presente no álbum “Selling England By The Pound”, provavelmente o melhor do grupo nesta primeira fase.

 

– “Afterglow” (1976) – balada progressiva/pop de primeira grandeza, presente em “Wind And Wuthering” e talvez o primeiro sinal de que o Genesis mudaria sensivelmente sua sonoridade nos anos seguintes.

 

– “Home By The Sea” (1983) – canção sobre uma casa mal assombrada perto do mar, que fez muito sucesso na Rádio Fluminense FM, lá no início dos anos 1980. Mais que memória afetiva, a música é ótima e prova que dá pra fazer canção de quase todos os assuntos possíveis.

 

– “Misunderstanding” (1980) – faixa presente em “Duke”, um dos discos mais bacanas de toda a carreira do Genesis. É outro primor pop, que poderia ser da melhor lavra do Supertramp, o que é um elogio nesse caso, pois ele estava no auge do sucesso mundial com “The Logical Song” nesta época. Há algo de pop clássico no arranjo e a melodia é belíssima.

 

– “In The Cage Medley” (1974) – uma das mais impressionantes canções do épico “The Lamb Lies Down On Broadway”, canto de cisne de Peter Gabriel na banda. Tanto o original, quanto a versão presente em “Three Sides Live”, de 1982, são maravilhosos e irretocáveis.

 

– “Follow You, Follow Me” (1978) – provavelmente a balada mais perfeita já feita pelo Genesis. Ponto final. Do álbum “And Then There Were Three”.

 

– “No Reply At All” (1982) – a mais bem sucedida associação de Phil Collins/Genesis com a black music, e olha que não foram poucas. Aqui há a participação do naipe de metais do Earth, Wind And Fire e a melodia/arranjo são impressionantes. Performances arrasadoras de Tony Banks no teclado e de Collins na bateria.

 

– “Duchess” (1980) – esta é, simplesmente, uma das músicas mais belas de todos os tempos. Melodia, arranjo, letra, tudo é irretocável. Só não leva o primeiro lugar porque o Genesis tem outras duas pérolas emocionais/musicais que conseguem transcender o tempo com mais força.

 

– “Carpet Crawlers” (1974) – a letra é surreal e sem muito sentido para quem não entende os meandros subterrâneos do inglês, mas a melodia e os vocais são de outra dimensão. Clássico emocionante que está encerrando o bis da atual turnê.

 

– “I Know What I Like (In Your Wardrobe)” (1973/1977) – o original foi o hit de “Selling England By The Pound” e trazia Peter Gabriel nos vocais. A versão ao vivo de 1977, do maravilhoso álbum “Seconds Out”, tinha o dobro do tamanho, bateria de Chester Thompson, solos de teclados enlouquecidos e uma pegada épica que falta na gravação de quatro anos antes. Na dúvida, ficamos com as duas.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *