Disco do Luni terá lançamento digital
Na história da vanguarda paulistana dos anos 1980, o LUNI, ocupa um lugar especial. Com integrantes vindos de áreas tão distintas como teatro, literatura, artes plásticas, o grupo marcou época com uma música única, ao mesmo tempo dançante e sofisticada. Para celebrar este legado, fica disponível pela primeira vez nas plataformas digitais, o álbum homônimo da banda dos músicos, que reúne dez canções do extenso catálogo da banda.
As faixas serão disponibilizadas ao longo do mês de junho, todas as sextas-feiras, a partir desta semana, dia 04 de junho, quando o público poderá conferir uma seleção dançante com “The Best”, “Projeto de Lei” e “Táxi”. O álbum “LUNI” poderá ser ouvido de forma completa no dia 25 de junho, e trará ainda: “Emoção”, “Seu Olhar”, “Oi”, “Cairo”, “Jungle Beat”, “Rap do Rei” e “Quinabox”.
A estreia digital atende aos inúmeros pedidos dos fãs da banda, ao mesmo tempo que vem consagrar essa parceria afetiva e criativa, entre amigos e artistas que trabalharam coletivamente com muita alegria e que querem agora disponibilizar o resultado desse encontro: um som que ainda pode provocar belezas e boas surpresas. O LUNI é: Fernando Figueiredo (voz e teclados), Gilles Eduar (sax alto e clarinete), Lloyd Bonnemaison (sax tenor e percussão), Lelena Anhaia Mello (baixo), Marisa Orth (voz), Natalia Barros (voz e teclados), Theo Werneck (voz, guitarra e percussão).
Confira o faixa a faixa desta semana:
1. “The Best”: talvez este seja o primeiro rap feminino gravado no Brasil.
Um dos grandes sucessos do LUNI com a frase emblemática: “eu sou a melhor”, um misto de provocação e bom-humor.
2. “Projeto de Lei”: funk seco e forte com caráter político-entusiasmado:
“não me interessa a indiferença geral/ Pode ir sacudindo a espinha dorsal”.
3. “Táxi”: num ritmo bem “anos 80”, segue uma história de suspense e amor com vocais superpostos, à la Donna Summer.
O LUNI fez estreia em 1986, no lendário Madame Satã, no bairro do Bixiga em São Paulo, e até o final de 1987, já tinha realizado centenas de shows em várias cidades do Brasil. Baseado nas diferenças de gosto, formação e proveniência de seus oito integrantes, formaram um repertório variado em termos de ritmos e tendências (funk, ska, rap, reggae, samba, blues), buscando uma abrangência mais planetária da música e, paralelamente a isso, criaram um espetáculo, um show-entretenimento, com figurinos, roteiro, cenário, coreografia, textos, utilizando também outras linguagens como cinema, circo e vídeo, inclusive, a vídeo maker Ruth Slinger, trabalhou diretamente com o grupo, com projeções e luz criadas especialmente para os shows.
À convite de André Midani, diretor da WEA, o disco homônimo, foi gravado no estúdio Vice-Versa, São Paulo, com produção de Pena Schimidt e Paulo Calazans, e mixado no Nas Nuvens, Rio de Janeiro, por Paulo Junqueiro, em 1988. O LUNI é: Fernando Figueiredo (voz e teclados), Gilles Eduar (sax alto e clarinete), Lloyd Bonnemaison (sax tenor e percussão), Lelena Anhaia Mello (baixo), Marisa Orth (voz), Natalia Barros (voz e teclados), Theo Werneck (voz, guitarra e percussão).
Participaram também do disco os músicos: Luis Batera (percussão), James Muller (bateria), Jaques Morelembaum (cello), Claudinho Infante (bateria) e Paulo Calazans (teclados adicionais).
O grupo seguiu com diversos shows onde mesclavam linguagens artísticas, sempre com muitos convidados como: Intrépida Trupe (circo), XPTO (teatro), Marzipan (dança); além de se apresentarem ao lado de vários outros artistas: Gilberto Gil, Sandra de Sá, Skowa, Nouvelle Cousine, entre outros. Produziu também vídeos clipes, especiais para TV e chegou a ter uma música, “O Rap do Rei”, criada especialmente para a abertura da novela da TV Globo: “Que Rei Sou Eu?”.
No início dos anos 90, cada integrante seguiu um rumo diferente, mas mantiveram sempre várias colaborações artísticas entre eles. Marisa Orth é atriz e cantora consagrada, Theo e Fernando são produtores musicais e DJs, Natalia é diretora e poeta, Lelena trabalha com diversos grupos musicais, André (atualmente nos EUA) é designer e editor de video, Lloyd vive em Paris e segue como músico e Gilles é autor e ilustrador de uma série de livros infantis, publicados no mundo todo.
O grupo já se reuniu algumas vezes para shows comemorativos. O último deles foi em 2014, no Auditório Ibirapuera, onde seguiram com a tendência de mesclar linguagens e trabalhar com vários artistas convidados. O show contou com os parceiros e amigos: Os Mulheres Negras, Renata Mello (dança) e vídeos do DJ SCAN, entre outros.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.