Nossa Playlist Gringa de 2020

 

 

Fim de ano, época de listas. As coisas estão pegando fogo aqui na Célula, mas todas as relações de melhores do ano virão, virão que eu vi. Talvez atrasem um tiquinho e cheguem naquele período entre natal e ano novo, no qual você já viu várias outras listas, concordou, discordou, riu, se desesperou e tal. E então chegarão os nossos eleitos deste ano tão estranho para, espero, fazer justiça e lembrar de quem teve mérito mesmo. Sim, porque nossas listas não são nada comprometidas com o burburinho mundial da imprensa musical vigente, pelo contrário. A gente ainda gosta de rock, leva em conta a produção dos discos e não tem este amor enlouquecido e excludente pela vertente pop/hip hop/eletrônica que parece ter encampado os gostos dos formadores de opinião por aí.

 

Sendo assim, aqui vai a nossa playlist de canções gringas do ano, coletadas desde o início de 2020, testadas e aprovadas na capacidade de grudar no ouvido, de trazer melodias belas e refrões idem, ou seja, comprometimento total com seu prazer auricular de cada dia.

 

Como dissemos, as listas de melhores discos e canções virão em breve, mas as playlists já são como spoilers dos escolhidos, ainda que não tenham ordem de preferência.

 

Sendo assim, fiquem com estas 50 canções deste ano tão sofrido, no qual se perdeu tanto de gente, de amor, de carinho. Vamos em frente.

 

Aqui está a relação das escolhidas, com um comentariozinho a respeito, só pra guiar o ouvinte querido/a. Sigam e compartilhem!!

 

The Divine Chord – The Avalanches – lindeza do mais recente trabalho dos australianos. Caleidoscópio de samples.

 

Out Of Reach – Bananagun – também da Austrália, o Bananagun – que nome genial – tem vontade de ser brasileiro nos anos 1960 e misturar isso com indie rock atual. Funciona.

 

Graceless Kids – Best Coast – a bandinha da Califórnia ainda insiste em fazer surf rock com vocal feminino e usar Weezer como referência. A gente gosta.

 

Key West – Bob Dylan – sim, o mestre superior está aqui e justo com este colosso filosofal que fala sobre chegar ao fim do arco-íris, onde fica Key West.

 

American Crisis – Bob Mould – o ex-Husker Dü e ex-Sugar é nosso queridão. Quando ele solta disco já tem o nosso respeito e quando ataca o nefasto governo trump com uma porrada destas, já nos ganha.

 

Ghosts – Bruce Springsteen – o Boss voltou ao disco com a E Street Band e revisitou fantasmas vivos na memória. Ou mortos na existência. Bruce é gênio.

 

Bullet Holes – Bush – a mais grunge das bandas inglesas ainda está por aqui e, vez por outra, grava um discaço. Esta é a faixa mais bacana de seu mais recente álbum.

 

Never Come Back – Caribou – a eletrônica a serviço da melodia e do groove, em meio a samples e trabalhos de estúdio. Quem conhece Caribou, ama Caribou.

 

Don’t Lie – Cee-Lo Green – dono de voz inquestionável, Cee-Lo buscou o produtor Dan Auerbach e registrou um disco em que brinca de ser soulman do início dos anos 1970. E dá certo.

 

Running Into You – The Cribs – os ingleses estavam sumidos há um tempo, voltaram com belo disco embebido em powerpop infalível.

 

Sea Salt and Caramel – Dent May – talvez você ainda não conheça Dent May, um nerd sonoro que tenta soar como se estivesse numa parada pop de 1978. E consegue.

 

The New OK – Drive By Truckers – uma das bandas mais confiáveis do alt-country americano, o DBT gravou disco na quarentena e criticou tudo e todos. Maravilha.

 

Better Distractions – Faye Webster – residente em Atlanta, USA, Faye é fotógrafa e tem a discreta pretensão de soar como uma Carole King atual. Aqui ela chega na cara do gol.

 

Cosmonauts – Fiona Apple – quando a Dona Maçã ressurge em disco, todo mundo para e ouve o que ela tem a dizer. Este ano não foi diferente e esta é a grande canção de sua lavra mais recente.

 

Sunblind – Fleet Foxes – faixa de “Shore”, seu mais novo trabalho, esta canção é a mais celestial entre outras muitas que alcançam o firmamento musical deste ano. Lindeza.

 

Televised Mind – Fontaines DC – os punks irlandeses seguem afiadíssimos, ainda que este novo álbum seja menos abrasivo que a estreia. Ainda assim, há grandes momentos.

 

Born In A War – Future Islands – a banda de Baltimore segue com seu pé firme no tecnopop afetivo dos anos 1980 e se sai com ótimas melodias aqui e ali.

 

Two Hearts – A Girl Called Eddy – Erin Moran, cantora americana residente na Inglaterra, lançou disco novo neste ano e isso é motivo de amor imediato de nossa parte.

 

The Valley Of Pagans – Gorillaz e Beck – uma parceria que tinha tudo pra parar o planeta se acontecesse há 15 anos. Ainda assim, é grande música e faz até uma estátua dançar.

 

Los Angeles – HAIM – as irmãs Haim seguem como sérias e dedicadas copidésquis da sonoridade do Fleetwood Mac californiano, devidamente misturada com r&b noventista. E funciona.

 

Kodachrome – Jealous Of The Birds – Naomi Hamilton é norte-irlandesa e a sonoridade que faz é um pop alternativo e lindo, com pé firme no rock alternativo inglês dos anos 1980.

 

Even A Lot Feels Like Nothing – Kacey Johansing – cantora americana que fixou residência em Los Angeles e presta uma homenagem ao “California sound” dos anos 1970 com doçura e beleza.

 

 

Grey And Blue – Kestrels e J Mascis – o grupo canadense e o ícone do Dinosaur Jr juntam forças em melodia perfeita e tributária do alternativo americano noventista. Lindeza.

 

Time (You and I) – Khruangbin – o grupo americano é uma complexa unidade de referências musicais que vão além do horizonte. Há ´funk, reggae, dub e modernidade em cada centímetro quadrado.

 

Dying Breed – The Killers – Brandon Flowers e seus amigos estão de volta com mais contos afetivos e exuberantes do deserto de Nevada e tudo ainda funciona.

 

Désert – Le Couleur – enquanto não for dado o devido valor ao pop francófono atual, o mundo estará mais pobre. O Le Coleur é franco-canadense e lançou disco sensacional neste ano.

 

Save A Little For Yourself – Mandy Moore – a cantora e atriz em momento afetivo e imerso na sonoridade californiana dos anos 1970.

 

From Paris With Love – Melody Gardot – uma das canções mais bonitas do ano, com arranjo atmosférico e belíssimo. Melody homenageou a Bossa Nova e suas derivações sessentistas.

 

Rare Air – Midlife – o grupo australiano chega ao segundo disco com seu som calcado no jazz rock setentista e no pop progressivo de Alan Parsons Project e similares.

 

Magic Bullet – My Morning Jacket – Jim James segue surpreendendo e se afirma como um dos grandes compositores/cantores em atividade no rock.

 

Live Learn and Forget – Nada Surf – o grupo novaiorquino lançou álbum belíssimo e sensível, cheio de pérolas com revestimento do rock alternativo noventista, sua praia desde sempre.

 

Freaks – Once And Future Band – o trio de Oakland segue com sua mistureba de psicodelia, Beach Boys, Beatles e Steely Dan em viagens curtas ou longuíssimas.

 

The Prison – Paul Heaton e Jacqui Abbott – Paul é o cérebro por trás do Housemartins e do Beautiful South. Há tempos canta com Jacqui e se sai com discos belíssimos e antenados.

 

Walkin’ – Paul Weller – o Modfather segue como uma das forças criativas do rock atual, sempre antenado, inspirado e compondo/gravando pequenas pérolas para os atentos.

 

Dance Of The Clairvoyants – Pearl Jam – o single esquisitão e genial do Pearl Jam deixou a gente com curiosidade pelo novo álbum, mas era uma ovelha negra em meio ao habitual.

 

Burning The Heather – Pet Shop Boys – a dupla londrina segue ativa e lançando discos, singles, remixes e tal. De vez em quando, acertam na mosca, exatamente como nos anos 1980.

 

Kyoto – Phoebe Bridgers – cantora e compositora surpreendente, Phoebe tem a doçura e o azedume necessários. De vez em quando ela os mistura com maestria e se sai com belezuras assim.

 

Friday – Real Estate – a banda de Nova Jersey segue lançando sua versão do pós-punk inglês oitentista, com direito a nevoeiros, praias cinzentas e chuva na vidraça do quarto.

 

Last Summer in a Rented Room – The Reds, Pinks and Purples – sonoridades fluidas, meio shoegazer, meio alternativo inglês oitentista fazem a delícia desta canção linda e triste.

 

 

Cars In Space – Rolling Blackouts Coastal Fever – os australianos seguem como uma das bandas mais interessantes em atividade, capaz de lançar pequenas pérolas como esta.

 

 

Elementary Blues – Rookie – misture Cheap Trick, Big Star e Neil Young e você terá o Rookie, banda de Michigan, que lançou o primeiro e ótimo álbum neste ano.

 

Years – Stone Temple Pilots – o talentoso grupo californiano encanou que é uma espécie de Eagles redivivo, mergulhou no soft rock setentista e acertou em cheio.

 

Brooklyn Bridge To Caos – The Strokes – quando menos se espera, os Strokes lançam um disco legal, cheio de ótimas canções. E esta é a melhor de “The New Abnormal”, a novíssima bolacha de Casablancas e cia.

 

Cool – The Struts – banda inglesa que brinca com os clichês do hard rock, mas com capacidade para criar canções próprias e excelentes. “Cool” é uma porrada.

 

Parkland Into The Silence – Surfer Blood – os roqueiros da Flórida lançaram um ótimo álbum neste ano e esta canção presta homenagem a um tiroteio acontecido numa escola da região.

 

Lost In Yesterday – Tame Impala – Kevin Parker, o dono da bola, segue com sua derivação sonora em busca do pop perfeito dos anos 1970. No novo álbum, ele manda vem em várias canções.

 

Matrimony II – Tennis – a dupla Alana Moore e Patrick Riley, assume sua parcela Carpenters no novo álbum, “Swimmer” e se sai com momentos de agridoçura belíssimos.

 

Butterflies – Travis – os veteranos escoceses lançaram um álbum apenas ok em 2020, mas esta canção é a sua mais bela criação em muitos anos.

 

Hell – Waxahatchee – Katie Crutchfield é a dona do nome e cantora/compositora que revisita tons folk com beleza e força. O novo disco de Waxahatchee, “Saint Cloud” é belíssimo.

 

Sleight Of Hand – Wild Nothing – a banda da Virgínia, liderada por Jack Tatum, tem vontade de soar como o Prefab Sprout. E isso já nos ganha fácil.

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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