The Twilight Sad – It Won’t Be Like This All The Time

Gênero: Rock Alternativo
Duração: 46 min
Faixas: 11
Produção: Andy MacFarlane
Gravadora: Rock Action

3.5 out of 5 stars (3,5 / 5)

Há muito de anos 1980 na sonoridade do The Twilight Sad. E há muito de The Cure nessa semelhança. Não espanta que o grupo de Robert Smith tenha escolhido a banda escocesa para abrir seus shows norte-americanos de 2016/17. Esta semelhança, muito mais conceitual que estética, une os dois grupos e ainda tangencia outras formações daquele tempo, como The Smiths, Echo & The Bunnimen e correlatos. Em comum a todos está o canto da tristeza, a arte de estar jururu/borocochô e não se sentir fraco ou vulnerável, pelo contrário. É a tristeza como força existencial. E “It Won’t Be Like This All The Time”, quinto disco do grupo, é sobre isso.

As onze faixas mostram bem o quanto de força pode ser extraída dessa posição soturna e crítica do mundo. É um coquetel de pessimismo, incompreensão e saudável isolamento em relação ao sistema. As canções são muito bem pensadas, com potencial radiofônico se ainda existisse quem levasse o rádio a sério, e com apelo pop suficiente para se credenciarem ao carinho dos admiradores. No comando criativo/produção, o guitarrista Andy MacFarlane tem o bom senso de pensar em suas canções como instrumentos de identificação em relação ao ouvinte sem abrir mão do conceito e da ideia estética prevista nos arranjos.

Há detalhes tão pequenos de nós dois por todos os cantos: o timbre de bateria eletrônica de “The Harbour” levará o ouvinte de volta a 1981/82, mais precisamente a uma realidade paralela a discos como “Pornography”, do The Cure. “VTr” também pode ter efeitos de viagem – mais convencional – para espaços mais arejados, lembrando algo que o The Killers poderia ter feito. No fim do caminho, a grande belezura tecnopop que é “Videograms”, fecha o álbum com chave de ouro.

Discreto, marcante, The Twilight Sad é banda para se ouvir ter como item de estimação, daquelas que apresentamos às pessoas que mais amamos. Experimente.

Carlos Eduardo Lima

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CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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