The Professional Whistlers – A Whole Life To Regret

 

 

Gênero: Rock alternativo

Duração: 10 min.
Faixas: 4
Produção: Professional Whistlers
Gravadora: MMC music and stuff

4 out of 5 stars (4 / 5)

 

Sem pressa, como um bom mineiro, Eddie Shumway, lança seu projeto solo intitulado The Professional Whistlers. “A Whole Life To Regret” é o EP de estreia e traz quatro faixas embaladas que abordam temas atemporais. São quatro faixas para assoviar e sorrir, simples assim. E como já falei em outros carnavais “as coisas simples importam”. Eddie, ainda que esteja surgindo em versão solo por agora, já tem folha de bons serviços prestados ao Lava Divers, banda mineira para poucos e bons gostos.

 

Eddie  “aproveitou” esse período de isolamento social para submergir em seu estúdio compor e gravar essas belezinhas dançantes e pops que não dispensam as guitarras distorcidas. Com temáticas não ligadas diretamente ao momento que vivemos, The Professional Whistlers quer falar e assobiar sobre coisas que não temos como fugir, e não estou falando do coronavírus ou do presidente. Relações, amizades, memórias, erros, amores, temores, tudo parte do espírito humano, do tempo, do sentir e existir. São aquelas coisas simples e complexas ao mesmo tempo. Em quatro faixas pude ir passando pelo cotidiano, passeando pelas memórias, lamentando e deixando ir os erros. Mas não deixei de bater o pé e pensar de como é gostoso um som pop dançante, mesmo que cante sobre os desafio humanos.   Não sei o que Eddie escuta, mas não consegui deixar de pensar em Suede embalado e Wilco com o melancólico passando por Supergrass, uma misturinha que dá certo.

 

Em um tom de confissão a faixa May 5, 2017 traz o amor daqueles que são separados por oceanos, verdadeiros ou figurativos, o dizer certo na hora certa no lugar certo, dizem que o acaso não existe. Mas como atravessar os oceanos que separam amores sem enfrentar as dores? É uma questão que sempre existirá, especialmente em nossa época, dos amores de telas/microfones/smartphones.

 

“More than once I tryied to say

The right thing at the right time

It was a typical friday night on may 5, 2017

Don’t think twice

That’s what I say to myself

Play your part”

 

Passar por uma existência sem machucar ou ser machucado, decepcionar e ser decepcionado é algo inimaginável, pois é condição humana. Expectativas podem ser piores que a realidade, posso apostar nisso. A Whole Life To Regret sintetiza  isso, os erros, os tempos diferentes de cada um, a distância, o saber que corremos o risco de sermos tolos e ingênuos ao acreditar. Contudo, a vida é um grande risco permanente e aprendemos a errar menos, às vezes não. I Never Learn conta justamente essa história que é parte de cada uma de nossas histórias: errar, deixar doer, parar, errar novamente e seguir. É um grande balão, ou estoura ou se respira o mesmo ar gasto e pesado.

Totalmente produzido pelo artista, do encarte  às mixagens, o EP de estreia de The Professional Whistlers é algo que entra facilmente pelos ouvidos e sai pelos batuques da mão na mesa ou na perna mesmo. Simples, delicado e bem produzido o trabalho entrega a canção Paola que aborda o que todos nós, sem exceção já vivemos: a busca por sair da escuridão, a força que temos que ter para enfrentar as noites em que o desespero parece inundar a realidade, a segunda chance para se permitir existir.  I’m a Fool traz à superfície a ideia do que é ser aceito atualmente, do que é ser “cool” em um tempo em que o desapego e a falta de responsabilidade afetiva parecem ser ensinados junto com o alfabeto. O está só já parece sinônimo de infelicidade, não ter likes suficientes na foto também.

 

“Everybody laughs too loud

And the subject is not even cool

I wish I was at home

I rather be alone, yeah!

I’m a fool

That’s what they say”

 

Honesto, empenhado, simples e bonito é  A Whole Life To Regret. É fácil de ouvir e fácil também querer mais de The Professional Whistlers. Um bom e coeso lançamento.

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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