Roupa Nova – 13 músicas para guardar

 

 

Há pouco veio a notícia do falecimento do vocalista e percussionista do Roupa Nova, Paulo Cesar Santos, o Paulinho. Ele estava internado por conta de complicações decorrentes da covid-19, que teve incidência especialmente severa, uma vez que o músico estava se recuperando de um transplante de medula óssea, feito há três meses, para tratar de um linfoma. Ele tinha 68 anos de idade.

 

O Roupa Nova é uma das bandas pioneiras do chamado BRock, tendo lançado seu primeiro e homônimo álbum em 1981. Com uma influência forte das sonoridades dos anos 1970 (quando se chamava Os Famks), o grupo notabilizou-se por apresentar sons elaborados, entre composições autorais e versões. Formado por Sergio Herval, Kiko (Eurico Pereira da Silva), Nando (Luis Fernando Oliveira da Silva), Ricardo Feghali e Cleberson Horsth, além de Paulinho, o Roupa Nova nunca mudou de formação e manteve-se ativo por décadas. É bem verdade que sua sonoridade foi ganhando ares mais e mais românticos ao longo dos anos 1980, fazendo com que a banda deixasse o nicho do rock nacional para abrigar-se num segmento do pop romântico e radiofônico, com enorme sucesso de execução e aparição na TV, especialmente em incontáveis trilhas sonoras de novelas globais ao longo do tempo. Recentemente o Roupa seguia fazendo apresentações regulares, inclusive a bordo de cruzeiros marítimos.

 

A gente deu uma garimpada no acervo do grupo e coletou treze músicas emblemáticas da carreira, entre composições próprias e covers. É sempre bom lembrar que o Roupa Nova forneceu integrantes para dez entre dez gravações de pop nacional ao longo dos anos 1980, tamanha a técnica de seus músicos. De Gal Costa a Kid Abelha, os sujeitos estiveram em toda parte. O grupo assinou um dos temas musicais da então novíssima Rede Manchete (“Videogame”) e o “Tema da Vitória”, que era executado nas manhãs de domingo, sempre que um piloto brasileiro vencia um grande prêmio de Fórmula 1.

 

 

13 – Sapato Velho (1981) – Hit do primeiríssimo álbum do grupo, composto por Claudio Nucci e Paulo Filho, que fez a delícia de muitos universitários na transição do Brasil da anistia para a modernização democrática que viria nos anos 1980. A melodia é bela, a letra é amor puro, derramado.

 

12 – Dona (1985) – tema da personagem Viúva Porcina na novela Roque Santeiro, composto por Sá e Guarabira, mas que ganhou a notabilidade nacional com a leitura do Roupa Nova. Um clássico do pop nacional.

 

11 – Linda Demais (1985) – tipo de balada derramada que o grupo começou a compor já no meio dos anos 1980, com ares de grupos como Toto e Queen, usando guitarras e timbres muito bem executados, que fizeram muito sucesso na TV e no rádio.

 

10 – Anjo (1983) – balada clássica do repertório do grupo, no momento de transição sonora que o Roupa Nova viveu ao longo dos anos 1980. Aqui os timbres e o arranjo ainda não são dramáticos nem grandiloquentes, colocando o grupo no meio balaio de outros como 14 Bis ou Boca Livre.

 

9 – Volta Pra Mim (1987) – mais um baladão dramático e muito bem tocado, lançado em 1987, que varreu o país via rádio e TV. Tudo muito bem feito tecnicamente, mas nada recomendado para diabéticos.

 

8 – Seguindo no Trem Azul (1985) – interessante balada que pega emprestada a ideia do “trem azul”, da canção homônima de Lô Borges e a coloca aqui, como meio de fuga para um casal apaixonado. Belezinha.

 

7 – Bem Simples (1981) – canção clássica do grupo, muito dentro do que faziam os artistas mineiros egressos do Clube da Esquina. Há muito de Lô Borges, Tavito e 14 Bis nesta gravação belíssima.

 

6 – Canção de Verão (1981) – clássico do início dos anos 1980, tocava em todos os cantos, com uma letra e arranjo alegres, exaltando o verão como momento transformador na vida das pessoas. Lindeza.

 

5 – Não Dá (1984) – aqui o Roupa Nova brinca de ser o Toto nacional. Arranjo e composição são muito próximas das baladas que notabilizaram a banda americana e há vários paralelos possíveis entre as duas formações. Clássica.

 

4 – Whisky A Go-Go (1984) – um hit atemporal das festas de fim de ano, casamentos, formaturas e tudo mais. A letra, a levada, a execução, queiramos ou não, esta canção é um clássico absoluto.

 

3 – De Volta Ao Começo (1993) – cover muito bem gravada e arranjada de Gonzaguinha, lançada no disco homônimo, de 1993, que só continha versões. Esta gravação talvez seja uma das mais bem feitas da carreira da banda.

 

2 – Show de Rock’n’Roll (1985) – um hit ensolarado em que a letra mostra a diferença entre um casal e que, mesmo com elas, é possível viver por conta do rock’n’roll. O que pode ser melhor que isso?

 

1 – Clarear (1982) – um clássico do pop rock nacional de todos os tempos. Tudo é perfeito aqui, do arranjo – ao vivo – à mensagem otimista. Irresistível.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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