Rock In Rio 2019 – Weezer

Cobertura especial, direto da Cidade do Rock

 

Confesso: achei que o punk rock pop existencial do Weezer seria recebido com frieza maior do que foi. Lembrada mais pelo que poderia ter sido – promessa feita com seus dois primeiros discos, “Blue Album” e “Pinkerton”, de 1994 e 1996, respectivamente – a banda de Rivers Cuomo tem repertório respeitável, cheio de canções com penetração na memória de roqueiros ocasionais, gestados ao longo dos anos 1990 e início dos 2000, via MTV. Com o tempo, o Weezer tornou-se mais autoirônico e menos existencial, à medida que Cuomo ia chegando na meia idade. Na verdade, o cara talvez tenha resolvido apenas se divertir em vez de exorcizar demônios pessoais, ou, quem sabe, tenha se canasado de ser sentimental – isso acontece.

 

O fato é que os fãs mais velhos execram a banda pelo que poderia ter sido. Os mais novos parecem se conectar de forma diferente. O fato é que o quarteto subiu ao palco com carinho e afeto para com o público. Cuomo arranhou o português, celebrou a banda finalmente tocar no Rio e enfileirou sucessos inegáveis como “Buddy Holly”, “Undone (The Sweater Song)”, “Say It Ain’t So”, “Island In The Sun” e ainda revisitou algumas pequenas belezuras, como “In The Garage”, faixa do primeiro disco, na qual Cuomo diz sentir-se seguro em sua garagem, local onde ele pode ser autêntico, em meio a posters do Kiss, gibis dos X-Men e discos preferidos. Diz muito.

 

Como reflexo da atual fase do grupo, que gravou um disco de covers no início do anos, chamado “The Teal Album”, o Weezer mandou versões inside joke de “Africa” (Toto), “Take On Me” (A-Ha) e Happy Together, sucesso sessentista dos Turtles, que o público talvez conheça via propaganda de um carro, veiculada há alguns anos por aqui. Além disso, versões de “Paranoid”, do Black Sabbath e “Lithium”, do Nirvana, completaram o bailão/sarau existencial do Weezer no Rock In Rio. Um show em forma de divã ou algo assim. Funciona.

 

Setlist

Buddy Holly
Beverly Hills
Pork And Beans
Africa
Holiday
In The Garage
Take On Me
Island In The Sun
Perfect Situation
Happy Together
The End Of The Game
Undone – The Sweater Song
My Name Is Jonas
Paranoid
Hash Pipe
Surf Wax America
Lithium
Buddy Holly – Barbershop
Say It Ain’t So

 

Foto: Adriana Vieira

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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