Rock In Rio 2019 – Foo Fighters

Cobertura especial, direto da Cidade do Rock

 

E lá está o Foo Fighters no Palco Mundo, fechando a noite do dia 28 de setembro. Ao longo do dia, vi muita gente – de todas as idades – com camisetas da banda. Isso é um indicativo tradicional e confiavel de popularidade, creiam. Até porque o grupo de Dave Grohl se tornou uma espécie de representante autêntico do rock bem sucedido comercialmente num tempo em que o estilo perdeu popularidade a olhos vistos. Grohl também conseguiu trazer pra si a atenção da mídia – tradicional e especializada – gerando uma sensação de unanimidade. Quem ousa não gostar do Foo?

 

Bem, eu acho uma banda chata. Até seu segundo álbum, “The Colour And The Shape”, Grohl e companhia conseguiram fazer um rock alternativo competente mas sem ser brilhante. As misturas de influências punk – especialmente Husker Dü e Bob Mould – se juntaram a pitadas homeopáticas de grunge, de barulheira à la Sonic Youth e um senso de pertencimento à linhagem do classic rock. O Foo dialoga com Rolling Stones, Queen e outros bichos jurássicos e o faz com naturalidade. Assim, clamando pra si um lugar na dinastia do rock mais visível e cravado na memória, fica fácil pra todo mundo gostar dos caras.

 

Neste Rock In Rio não foi diferente. Com o público na mão e um show já aprovado em turnê recente, o Foo entrou com o jogo ganho. Grohl gritou, falou, brincou, xingou, riu e comandou seu Roletrando rock, com inegável competência. A banda, a gente já sabe, tem três guitarristas e um ótimo baterista, Taylor Hawkins, que segura a onda e ainda vem cantar “Under Pressure”, clássico do Queen, após a banda ser apresentada para o público, tocando trechos de clássicos do rock. Grohl não é burro, gente.

 

Fora isso, boas canções do início da carreira, como “Monkey Wrench”, “My Hero”, “This Is A Call”, “All My Life” e o encerramento, com “Everlong”, surgem no meio de coisas como “Walk”, “La De Da”, “Run”, “Congregation”. Depois Grohl ainda recebeu um casal de fãs no palco, para um pedido de casamento. Só faltou ele sortear uma lua de mel para eles.

Enfim, Foo Fighters é isso: um programa Silvio Santos do rock noventista. Há quem goste.

 

Setlist

Pretender
Learn To Fly
Run
Sky Is A Neighborhood
Times Like These
Sunday Rain
My Hero
These Days
La De Da
Walk
Under Pressure
All My Life
Hey JP
Congregation
Monkeywrench
Big Me
Generator
Best Of You
This Is A Call
Everlong

 

Foto: Diego Padilha

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

One thought on “Rock In Rio 2019 – Foo Fighters

  • 30 de setembro de 2019 em 11:06
    Permalink

    … isso mesmo dois discos legais e um ótimo baterista (aliás, dois grandes bateristas). Eu fui dormir, show sem ritmo, com músicas alongadas… O Weezer fez bonito e ainda tocou … Nirvana!

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