Rock In Rio 2019 – Imagine Dragons

Cobertura especial, direto da Cidade do Rock

Dá pra atacar o Imagine Dragons? Dá, afinal de contas, a banda de Las Vegas faz um som que não pode ser definido como rock, como dance music, como eletrônica ou pop, mas pode, ao mesmo tempo, ser qualquer um destes, dependendo do tom que cada canção adota. Se há momentos mais expansivos, de interação com a plateia, como num culto gigantesco de “call and response”, o Imagine emula tiques e taques de rock de arena. Quando é a hora de baixar o tom, cantar coisas mais climáticas, a ? banda incorpora a canastrice necessária. São profissionais do showbiz, uma espécie de banda de baile pós-apocalíptico.

 

Por isso mesmo, repito a pergunta: dá pra atacar os caras? De vez em quando surgem boas canções desta proposta, caso do megahit “Radioactive”, que encerrou o show do Rock In Rio. Com a pirotecnia necessária, tambores gigantescos e muito decalque de linguagens adaptadas de Coldplay pós-pop e outros bichos, o IM encontra sua razão de existir e agradar um imenso e inesperado séquito de fãs, que lotaram a Cidade do Rock colocando dúvida sobre qual banda é mais importante: o headliner Muse ou eles, os Dragons.

 

Com um setlist que captura a pegada de Coldplay com Red Bull no crossfit, o Imagine Dragons é diversão pirotécnica, com chuva de papel picado, chamas, conversê do vocalista Dan Reynolds, que vem e vai na plateia e interage num esquema palestra TED, ou coaching, ou algo assim. No fim das contas, a banda é um retrato do nosso tempo, de música ligeira, como diria o venerável compositor argentino Gustavo Cerati, precocemente falecido.

 

Setlist

Believer
It’s Time
Whatever It Takes
Natural
Gold
Bad Liar
Shots
Yesterday
Start Over
Rise Up
Hear Me
Make It Up To You
Amsterdam
Mouth Of The River
I’m So Sorry
Thunder
I Don’t Know Why
Zero
The River
Demons
Walking The Wire
On Top Of The World
Radioactive

 

Foto: Alexandre Durão

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

One thought on “Rock In Rio 2019 – Imagine Dragons

  • 8 de outubro de 2019 em 11:11
    Permalink

    Acho que o público merece e quer isso todas as noites, porque vão lá, mesmo em noite de metal, pra ouvir um hit, assistir show pela tela do celular, se auto filmarem de costas para o palco, ficar andando pra lá e pra cá como numa micareta. Garotos e garotas se acham parte integrante do show, não como plateia, mas atração principal do seu smartphone. Agora entendo esse tom Foo Fighters de programa de auditório.

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