Relembre: Gilberto Gil na ONU, 2003
Ontem tivemos o discurso do atual ocupante da Presidência da República na ONU.
Falou de Cuba, de Venezuela, de PT, de ataques ideológicos ao Brasil feitos por Alemanha e França e, por fim, reafirmou sua total aliança com os USA nas questões mundiais. Ou seja, a julgar pelo discurso, o nosso país está isolado em escala global, restando apenas os Estados Unidos como real aliado.
Tal discurso traz inúmeras reflexões sobre questões como desigualdade social, caos econômico, falta de credibilidade do país no cenário internacional e o derretimento das conquistas obtidas recentemente pelo Brasil na busca de um caminho autônomo e soberano, assumindo seu papel de potência regional. Tudo isso foi abandonado em favor de uma relação de subserviência em relação aos interesses americanos.
Ficando no âmbito dos discursos, achei por bem lembrar de uma outra presença brasileira na ONU, mais precisamente em 2003, quando Gilberto Gil, então Ministro da Cultura do Presidente Lula, compareceu à Assembleia Geral daquele ano e, após as atividades protocolares, convidou o então Secretário Geral Kofi Annan para juntar-se a ele numa interpretação atemporal de “Toda Menina Baiana”.
Confesso que vejo este vídeo hoje, 16 anos depois, com os olhos marejados, tanto pela presença do ídolo, quanto pelo otimismo que ações como esta nos suscitavam.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.