Quarenta anos sem Ian Curtis
Há exatos 40 anos, o cérebro e vocalista da banda inglesa Joy Division, Ian Curtis, cometia suicídio. O Joy Division, surgido na cidade de Manchester, talvez tenha sido um dos mais emblemáticos representantes do que se convencionou chamar de Pós-Punk. A mistura de influências oriundas do chamado Art Rock e de estilos como Glam Rock recebia sua dose definitiva de música eletrônica, especialmente a que David Bowie desenvolvera três anos antes em Berlim e a que o grupo alemão Kraftwerk propunha em álbuns como Trans-Europe Express.
As letras de Curtis eram impressionistas, negras, desesperadas, apontando para várias possibilidades de tristeza e depressão, assuntos que cativavam audiências por toda a Inglaterra, especialmente gente que não se enxergava nos modelos de felicidade propostos pela música pop da época ou que se achava reflexivo demais para embarcar nas ondas do Punk/New Wave ou da chamada Novs Onda do Heavy Metal inglês. Joy Division e seus conterrâneos de Manchester são grandes responsáveis pelo que se entenderia anos depois como “Rock Alternativo Inglês”.
Com a morte de Curtis, o trio remanescente, Peter Hook, Bernard Sumner e Stephen Morris montaria outra banda em pouco tempo, o New Order. Ian Curtis e a sonoridade do Joy Division influenciaram muitas bandas brasileiras dos anos 1980, especialmente a Legião Urbana.
Peter Hook, baixista do New Order e do Joy Division, estaria tocando hoje em Glasgow, Escócia, justamente para comemorar os quarenta anos de “Closer”. Por conta da covid-19, Hook precisou adiar o show e teve a ideia de transmitir pelo Youtube uma apresentação que fez em 2015, na qual tocou o disco na íntegra. Até então inédito ao público geral, o filme de “So This Is Permanent”, apresentação feita para 500 pessoas na Christ Church em Macclesfield, na Inglaterra, contou com cerca de quatro horas de duração para homenagear (à época) o aniversário de 35 anos da morte de Curtis em sua cidade natal. Peter Hook se apresentou com sua banda, “The Light”. O show está disponível desde as 8 horas de hoje, horário de Brasília, ficando no ar apenas por 24 horas. O lugar para ver é o Facebook da banda. Ou o Youtube. Há previsão de lançamento de um box com um DVD e 3 CDs do show no meio de Junho. A pré-venda do item, que também irá beneficiar a Sociedade da Epilepsia.
Veja AQUI.
Teremos um grande texto em breve sobre a influência do “Closer” dentro da música pop. Por enquanto, esta postagem aqui serve para lembrarmos da data.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.