Plutão Já Foi Planeta – Risco de Sol

 

 

Gênero: Rock alternativo

Duração: 15 min.
Faixas: 5
Produção: Plutão Já Foi Planeta
Gravadora: Dosol

4 out of 5 stars (4 / 5)

 

 

Demorou três anos e meio para Plutão completar sua volta ao redor do sol e cá estamos com o retorno de Plutão Já Foi Planeta. Os nascidos na Cidade do Sol lançam o EP “Risco de Sol” como uma forma de respirar antes do novo álbum e homenagear Natal a partir de quatro composições de artistas potiguares, Angela Castro, Androide sem Par, Talma & Gadelha e Fernando Luiz, além de uma faixa autoral, que dá nome e abre o EP.

 

“Risco de Sol” vem com aquela luz que te faz abrir os olhos e “acordar” para o dia, ou aquele lampejo de inspiração. Vem alegre, bonito, pronto para se bronzear na areia da praia, e nem chegou o verão. Com pop indie bem produzido, o disco abre contando a partida da banda de Natal para São Paulo. É uma saudade cantada por Natália Noronha como um agradecimento à cidade e ao público da banda. Sair do lugar de histórias e vida sempre é turbulento, é fazer do que foi uma memória, é arrumar o coração para poder lá longe chegar.

 

O deixar não é recusar o presente, é promover uma nova chegada. Tem toda a despedida ir, mas também tem toda saudação do chegar. É uma faixa que alegra o que naturalmente seria triste. Essa composição vai te pegar nos primeiros segundos, pois tem brilho em cada acorde e palavra.

“Um risco de sol no inverno
Em cada ida eu tenho a despedida
De deixar partida
Toda vez que eu chego inteira”

 

“O Roqueiro e a Hippie”, ganha uma nova roupagem com elementos eletrônicos e uma batida mais dançante. A composição, originalmente de Talma & Gadelha, é a segunda música e embala um romance de dois opostos, enquanto ela se preocupa com a natureza dos minerais e ele com rock e pedais. É aquele amorzinho fofo e animado entre os opostos que se completam e se atraem. E mesmo que eu discorde disso, acho curiosa essa forma de amar. Mas é ideia e nela cabe tudo. E quem ama, acho eu, pode até ter paciência com as pequenas agruras da relação, mas acho mesmo que quem ama tem pressa. “Demora Não”, de Ângela de Castro ganhou um clima mais eletrônico, sintético e convida a cantar.

“Demora não, essa saudade fica só me maltratando
Demora não, se é o jeito eu vou me desligando”

 

São 15 minutos que passamos por saudade, chegadas, amores e esperas e neste tempo o perdão se faz presente. “Quem Ama Perdoa”, mereceu uma versão lindamente pop e empolgante. O hit romântico, de 1986, faz uma homenagem ao bom do amor, que é o perdoar. Isso soa até meio brega, mas ninguém nunca disse que brega é ruim, eu acho que brega é o que há de mais verdadeiro, mas não assumimos. É também uma homenagem a Fernando Luiz, compositor, cantor e produtor de Natal.

 

Quem ama perdoa e também espera, e nesses tempos de pandemia a espera é algo fundamental para manter a saúde mental. “Esses meses”, de Andróide sem Par, fecha muito bem o EP com esse convite à aventura. Falando nos tempos atuais, acho que cabe pensar sobre o conhecer o outro, sobretudo neste momento de isolamento e convívio “forçado” que inúmeros casais estão vivendo (isso não é desabafo, pois deste mal não sofro). Mas aí já é viagem minha. A faixa além de ganhar a voz feminina, ganha um risco de sol também.

“Se quiser me conhecer
vai ter que passar 12 meses comigo
Se quiser me entender
vai ter que passar o tempo todo perdido
E lembrar que eu sou o dia pós carnaval
Que eu não ligo pra datas festivas
Que meus meses são trocados, fora do normal
E eu morro no Natal.”

 

“Risco de Sol” é uma homenagem e uma felicidade também, certamente os fãs da banda ficarão contentes com essa luzinha quente. Que não demore o próximo álbum.

Ouça primeiro: “Risco de Sol” e “Esses Meses”

 

Ariana de Oliveira

Ariana de Oliveira é canhota de esquerda, Cientista Social, estudante de Jornalismo e comunicadora da Rádio Univates FM. Sobre preferências: vai dos clássicos aos alternativos.

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