Plebe Rude regrava “P…da Vida”
A gente já diz há tempos: “P…da Vida”, canção gravada pelo grupo Dominó em 1987, é uma das grandes músicas de protesto daquela década. Trata-se de uma cover de “Tutta La Vita”, gravada pelo popstar italiano Lucio Dalla em 1984, uma canção autobiográfica.
Naquele tempo de rock-pop brasileiro em ebulição nas paradas e nas vendas, havia toda uma indústria voltada para pescar composições em outros idiomas e vertê-las para o português e assim aconteceu com “Tutta…”, que virou “P…da Vida”, numa versão feita pelo maestro Edgard Poças, pai da cantora Céu.
A letra veio como uma crônica daquele meio de década, bastante coerente, falando de crise econômica, de guerras, conflitos, da inoperância da ONU e exaltando a vida e o amor entre as pessoas.
Agora a Plebe Rude, um grupo totalmente envolvido com o rock politizado e posicionado, faz ressurgir a canção e ainda conta com a participação de Afonso Nigro, ex-vocalista do Dominó, que canta a versão do grupo.
O resultado é um rock simpático e coerente com o tempo atual, com o detalhe para Nigro e Phillipe Seabra dizendo que estão PUTOS DA VIDA no final da canção.
Vamos lembrar da letra?
Tô P da vida
Tô vendo a gente tão pra baixo
Um baixo astral, um cambalacho
E muito pouco amor a vida
Tô P da vida
E o mundo em volta da ferida
Em transes loucos, transas nossas
De mãos atadas, vistas grossas
É muito pouco amor a vida
Tô P da vida
Tão pondo fogo no planeta
E quem não tá vira careta-tá-tá…
Afina a flor do preconceito
De cor de raça de sujeito
Isso tem jeito
Isso tem jeito
We are the world lá nas paradas
E gerações desperdiçadas
Em tantas lutas sem sentido
Feche as cortinas do passado
Mundo grilado, dolorido e que se conforma
Tô P da vida
Lances, jogadas ensaiadas
Nas mesas das nações unidas
Azucrinando nossas vidas
Jogo de dados combinados
Dados marcados
Tô P da Vida
Mas não me sinto derrotado
Não tem gatilho, nem cruzado
Que vai me pôr nocauteado
A esperança é uma música
Canta essa música, nossa música, é nossa música
Tô P da vida
Tô vendo a gente tão pra baixo
Um baixo astral, um cambalacho
E muito pouco amor a vida
Tô P da vida
Mas isso quase não é nada
Tem que enfrentar essa parada
E tem que pôr a mão na terra
Eu tô na guerra pela vida
Só pela vida, viva a vida, viva a vida.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.