O último texto de 2022

 

 

Retrospectiva 2022?

 

Não, não é, pode relaxar. A gente aqui na Célula Pop não gosta desse tipo de texto, porém, este 2022 no Brasil foi muito intenso e sofrido. Merece, portanto, sem apelação de qualquer espécie – você conhece a gente e sabe que não fazemos isso – um textinho para marcar a passagem da folhinha para 2023, um ano primo.

 

Uma olhada sem muito esforço de memória nos mostrará que perdemos Elza Soares, Milton Gonçalves, Jô Soares, Gal Costa, Erasmo Carlos e Pelé ao longo dos últimos 365 dias. Além deles, o congolês Moise Mugenyi Kabagambe – espancado no Rio de Janeiro, o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, a colunista social Danuza Leão, as atrizes Françoise Furton, Claudia Jimenez, o ator Pedro Paulo Rangel, entre tantas outras pessoas. Lá fora, até a Rainha Elizabeth II, supostamente imorrível, morreu. A estilista inglesa Vivienne Westwood também se foi ontem. E o Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters, cheio de vida pela frente, partiu em março.

 

Mas este não é um texto sobre obituários. Eles estão aqui para dar uma dimensão mais precisa do que este ano significou para nós – perdas. Foram muitas, intensas, pesadas, doídas. Mas houve uma vitória, daquelas que nos lembram que somos resistentes. A derrota do quase ex-ocupante da Presidência da República. A gente se acostumou a não escrever o termo “Presidente” nos textos do site, por entender que não tínhamos uma figura assim no Brasil. Como entramos no ar em 13 de fevereiro de 2019, a Célula Pop nasceu sem poder se referir ao posto, se valendo do termo “ocupante da Presidência”.

 

Isso vai acabar em dois dias. Estamos esperando há muito tempo pela chegada de um Presidente da República. Agora está bem perto. A cada anúncio de nome do novo governo vinha uma gotícula de felicidade. Saem evangélicos sanguinários, desumanos, entram pessoas comprometidas com as lutas e causas da sociedade, do povo mais sofrido, as nossas causas. Ou você acha que não somos sofridos? Somos. E muito.

 

Não vai ser fácil. Vai doer ainda mais. Vai demorar para as coisas melhorarem, mas só de olhar para quem estará gerenciando os rumos do país, a gente já sente o coração mais quente, teimando em bater forte. Estamos otimistas.

 

Sendo assim, para nos despedirmos de 2022 e, acima de tudo, abraçarmos 2023, fica este pequeno texto de “evoé”.

 

A Célula vem forte no novo ano. Já temos um monte de pautas bacanas e diferentes, porque só aqui você lê este tipo de coisa. Vamos publicar logo na semana que vem as nossas listas de melhores de 2022, com o nosso “twist” de teimar em mostrar o novo pra você, seja de quando ele for. Porque novo, sabemos, é o que ainda não se conhece. Vamos ter assuntos bacanas, belezuras de todos os tipos, entrevistas, resenhas, textinhos e textões, mas, além de tudo isso, a novidade de escrevermos com um pouco mais de felicidade porque estamos, finalmente, sendo cuidados e assistidos por pessoas que não querem nos matar. Que se importam com a nossa saúde e bem estar. Gente que não manda engolir choro, que não manda fazer o que não dá pra fazer. Gente que não manda.

 

Agora, a partir de domingo, vamos voltar a andar pra frente. Vem com a gente que estaremos lá.

 

Feliz 2023. Feliz ano novo.

 

A foto que ilustra este texto mostra o ocupante da Presidência desocupando as nossas vidas. Se Deus quiser, para sempre. Ele deixa um rombo de SEIS TRILHÕES DE REAIS nas dívidas públicas, logo ele e sua turma, que evocam o TETO DE GASTOS para justificar a manutenção do povo na penúria absoluta. Acabou, acabou. Vem, 2023.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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