Cinco melhores séries de 2022

 

 

Seguindo a tendência dos últimos anos, as séries dos serviços de streaming continuam a concentrar ótimas histórias, atores e diretores, num verdadeiro mercado alternativo à indústria do cinema convencional, esta cada vez mais povoada por produções vinculadas a estúdios e conglomerados gigantescos. Tudo bem que as séries não fogem completamente a esta lógica, mas, de vez em quando, surgem obras maravilhosas, do mais absoluto nada, caso da ótima e estreante “The Bear”, posicionada em quarto lugar na nossa listinha.

 

A seleção deste ano mostra uma diversidade bem legal, composta por representantes de ícones do passado recente do cinema de ficção científica, devidamente modificadas para o nosso tempo, no meio de duas histórias novas e uma adaptação de um conto de William Gibson, escrito em 2014.

 

 

 

5 – Periféricos (Amazon Prime Video) – baseada em um conto escrito por William Gibson, o autor de “Cyberpunk” e um dos mais importantes escritores de ficção científica vivos. A ideia é a seguinte: pessoas são afetadas no presente e no futuro por uma série de eventos que criaram uma espécie de realidade alternativa e isso precisa ser corrigido. Para tal,  uma “gamer” experiente é recrutada com a missão de viajar para este futuro alternativo e tentar corrigir o que foi feito de errado. No elenco, Chloe Grace-Moretz é a mocinha que vem e vai no tempo enquanto se vale de várias camadas de realidade virtual. É bacana, bem feito e com um roteiro que, se não é brilhante, também não compromete. Dos mesmos criadores de “Westworld”.

 

 

 

 

 

4 – The Bear (Star +) – sabe o mundo dos chefs de cozinha indestrutíveis, inatingíveis e metidos a superestrelas da mídia? Esqueça e mergulhe nesta injeção de humanidade que é “The Bear”. A história mostra Carmine Berzatto, um chefe jovem e muito famoso, vencedor de estrela Michelin, deixando tudo para cuidar da lanchonete da família, em Chicago, após o suicídio do irmão, Michael. Lá, comandando o “Original Beef Of Chicagoland” ele se reconectará com o passado e terá que lidar com um staff caótico, cheio de mágoas, ressentimentos e esperanças. A atuação de Jeremy Allen White já valeria a série, mas os movimentos de câmera, a direção e todo o ambiente, criado por Christopher Storer são encantadores, além da trilha sonora, que é matadora e cheia de surpresas. A segunda temporada já está a caminho.

 

 

 

 

3 – Andor (Disney) – se “Rogue One”, de 2015, foi um dos melhores longas do universo de “Star Wars”, mostrando detalhes da trama que não passavam, necessariamente, pela Família Skywalker, “Andor” é o aprofundamento desta noção, centrando na vida de Cassian Andor, personagem que Diego Luna interpretou em “Rogue” e repete aqui. Com a mesma pegada de sucessos como “The Mandalorian”, evitando a discussão sobre jedis, siths e a Força, “Andor” é uma série de espionagem, com episódios sensacionais, que dão ao espectador uma série de nuances sobre detalhes do Império e o surgimento da própria Aliança Rebelde. Como se não bastasse, a série é assinada por Tony Gilroy (que já roteirizou “O Ultimato Bourne”, o próprio “Rogue One”, entre vários outros longas) e tem um elenco ótimo, com gente como Stellan Skarsgaard e Genevieve O’Reilly.

 

 

 

 

2 – Star Trek – Strange New Worlds (Paramount) – vários longas, várias fases, várias histórias, o universo de Star Trek é muito vasto e complexo. Se colocarmos na balança os erros e acertos cometidos ao longo do tempo, desde que o primeiro episódio da série clássica foi ao ar, em 8 de setembro de 1966, há quase um empate técnico. Felizmente, “Strange New Worlds” é um golaço de placa. A série mostra a nave estelar “Enterprise” sob o comando do Capitão Christopher Pike, que foi o antecessor de James Kirk, o capitão mais conhecido da franquia. Pike apareceu neste primeiro episódio de 1966, tendo permanecido mais ou menos vivo na lembrança dos fãs. “Star Trek: Discovery”, série lançada em 2017, trouxe o personagem de volta, bem como um dos longas recentes de “Star Trek”, “Além da Escuridão”, de 2015. Interpretado pelo galã Anson Mount, mesclando personagens conhecidos como Spock e Uhura, mas apresentando novos, a série é espetacular, justo por respeitar a linha mestra do original, a de apresentar uma história por episódio, evitando arcos, além de recuperar o humor e a fraternidade que são marcas registradas das séries. O primeiro episódio, “Strange New Worlds” é uma obra-prima sobre tudo o que “Star Trek” tem de bom. A segunda temporada já está a caminho.

 

 

 

1 – The White Lotus (HBO) – esta é, simplesmente, a melhor série sendo produzida atualmente no planeta. Ela é criação de Mike White, que escreve e dirige tudo que aparece no vídeo, com a única e declarara intenção de mostrar o lado mais vil e podre dos seres humanos abastados. O cenário para isso é o resort White Lotus, no qual hóspedes vêm e vão. A primeira temporada – maravilhosa – foi no Havaí e já poderia acabar ali mesmo, porém, uma renovada e igualmente surpreendente segunda leva de episódios veio em 2022, mostrando mais um grupo lamentável de pessoas ricas, dessa vez, num hotel paradisíaco na Sicília. Com um elenco em que se destacaram Aubrey Plaza e Jenniffer Coolidge (a única que foi repetida da primeira temporada), a trama segue o mesmo molde: uma morte ocorre logo no primeiro momento do primeiro episódio e iremos descobrir como aquilo aconteceu, porém, da mesma forma que nos episódios de 2021, a sequência de fatos é tão complexa e sensacional, que o mistério é logo esquecido e perde importância. The White Lotus é genial. A terceira temporada já está em pré-produção pela mesma HBO.