O Belchior Black Music e Disco

Hoje, 30 de abril de 2021, faz quatro anos da morte de Belchior.

 

Para lembrar da data, vamos contar uma história bacana e pouco conhecida da obra do homem.A influência do funk setentista e da Disco Music no Brasil foi imensa.

 

 

Até cantores/compositores inicialmente bem distantes da estética das discotecas entraram na onda.O que dizer deste dueto improvável aqui?

 

Belchior, com o passe recém-adquirido pela Warner, capitaneada por André Midani, formou com as Frenéticas no estúdio para registrar a surpreendente “Corpos Terrestres”, em 1978.

 

Um ano antes, a Banda Black Rio havia estreado em disco com “Maria Fumaça” pela mesma companhia. “Corpos Terrestres” é uma faixa totalmente devedora do som black dos bailes cariocas da época  e com um pé na Disco, que estava chegando por aqui. Não por acaso, a produção do disco que a continha, “Todos Os Sentidos”, ficou a cargo de Marco Mazola, o mesmo de “Maria Fumaça”, e do vindouro clássico de Gilberto Gil, Realce, que viria no ano seguinte, 1979.

 

O disco ainda tem outros clássicos da lavra do compositor e cantor cearense: “Divina Comédia Humana”, que abre o desfile de canções e a ótima – melhor que o original – regravação de “Na Hora do Almoço”,  totalmente envolta num arranjo funk – AOR, cheia de sintetizadores e efeitos moderninhos da época. “Todos Os Sentidos” também tem outras surpresas: “Como Se Fosse Pecado” tem instrumental e arranjo que atualizam o primitivo folk rock do sujeito e “Bel-prazer” é um libelo sobre sexo – “libertar a carne e o espírito” – em meio a um ambiente político que se configurava de abertura e redemocratização.

 

 

A discografia de Belchior tem surpresas constantes e esse flerte com a modernidade black é apenas uma delas.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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