Interpol – A Fine Mess EP
Gênero: Pós-Punk, Rock alternativo
Duração: 17 min
Faixas: 5
Produção: David Fridmann
Gravadora: Matador
(3 / 5)
Vimos o Interpol no Lollapalooza Brasil e a sensação foi de desajuste. Sabemos que a banda novaiorquina rende bem em disco e em apresentações em lugares pequenos, mas naufraga em grandes espaços. Não deu outra. Este novo “A Fine Mess” vem confirmar que os caras são ótimos em estúdio e se mostram numa grande forma.
São cinco canções em que o pós-punk habitual da banda, já muscular e eficiente, aparece mais enguitarrado e dotado de força. Os vocais de Paul Banks também surgem em modo desespero, angustiados, gritados no meio da noite. Aliás, a música do Interpol é essencialmente noturna, urbana e maníaca.
O EP foi gravado em Nova York com Dave Fridmann. Logo de cara, pela faixa-título, já é possível notar que o Interpol tem o caos como conceito levemente amarrado para o ciclo de cinco canções. A sensação aumenta com “No Big Deal”, que vem logo em seguida e se confirma com “Real Life”, cheia de vocais entremeados a guitarras altas. “The Weekend” já tem uma levada mais harmoniosa, abrindo caminho para “Thrones”, que retoma a marcha caótica, com mais peso.
O Interpol passará este 2019 na estrada, com várias datas sold out nos Estados Unidos e Europa. Vendo-os no Lolla deste ano, de terno e gravata, derretando no palco, o que temos é a impressão de chance desperdiçada. Que voltem e toquem em buracos enfumaçados e obscuros.
Ouça primeiro: “A Fine Mess”
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.