Gilberto Gil e a Bomba Atômica

 

Há exatos 74 anos, os Estados Unidos empreenderam um bombardeio sobre a cidade japonesa de Hiroshima, jogando sobre ela uma bomba de plutônio, conhecida entre os americanos como “Fat Man”. Cerca de 80 mil pessoas morreram imediatamente ou no curso de poucos meses depois. Poucos dias depois do acontecido, o Japão se renderia aos aliados, encerrando a II Guerra Mundial e dando início a uma cadeia de eventos históricos que geraram a configuração geopolítica do planeta no século 20 e que permanece, em muitos aspectos, até hoje.

 

A brutalidade do ataque americano também acena para os primórdios da Guerra Fria, na qual o antagonismo entre as nações capitalistas e a potência socialista soviética, a URSS, teria lugar. Apesar de aliados na guerra, USA e URSS tinham divergências profundas e os aliados americanos tiveram todo o cuidado para não amplificar a esfera de influência soviética no Oriente, não impedindo, no entanto, que países como China, Vietnã, Coreia e Laos tivessem cisões territoriais e políticas. O Japão, devastado pela guerra, com multidões de desempregados e enfraquecido politicamente, estaria vulnerável a estas influências e territorialmente próximo destas nações.

 

Muito já se cantou sobre a bomba atômica, mas talvez poucas canções sejam tão bonitas quanto a parceria de Gilberto Gil e João Donato, intitulada “A Paz”. O verso “uma bomba sobre o Japão fez nascer o Japão da paz”, apesar de dúbio, aponta para o fim da guerra, para a superação de um momento de crise, num esforço para que a paz chegue em definitivo. Gravada originalmente por Zizi Possi, a versão do próprio Gil no seu álbum Unplugged, de 1993, é o melhor registro de “A Paz”.

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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