Exterminador do Futuro: Destino Sombrio – Veredito

 

Faça as contas: 155 milhões do “Exterminador do Futuro: Gênesis; 200 milhões de “Exterminador do Futuro: Salvation” e outros 200 milhões do “Exterminador do Futuro 3”. Agora some. Deu 555 milhões, certo? Tudo isso em dólares. Pois bem. Agora jogue fora, queime, atire na privada, rasgue, jogue ácido. Esta é a ideia do novo filme, “Exterminador do Futuro: Destino Sombrio”, que estreou hoje em salas por todo o país. E o pior: este desperdício de dinheiro e esforços recoloca a franquia dos cyborgues assassinos do futuro nos eixos. Senão vejamos.

 

James Cameron está de volta ao roteiro, ao lado de outros quatro escritores. Juntos conseguiram se sair com a história mais plausível desde o segundo filme, de 1991. A ideia é simples: continuar a saga a partir daqueles eventos, ignorando tudo o que foi feito desde então. Sendo assim, o futuro estava aberto este tempo todo e tudo o que conhecíamos da história na qual a humanidade é dizimada pela Skynet, uma forma de vida cibernética que adquire inteligência, agora não se aplica mais. Mas veja: a humanidade continua sendo dizimada por uma máquina num futuro próximo, só que tudo mudou.

 

Ainda existe Sarah Connor, aqui retomada por Linda Hamilton, numa versão assassina de exterminadoras. E temos todas as constantes da saga: um alvo das máquinas no presente, que deve ser eliminado por um exterminador invencível, mas que é protegido por alguém da resistência. Neste filme, estes papeis protocolares são preenchidos por um trio carismático o bastante para nos fazer esquecer de outros atores do passado. Como novo alvo dos robôs está Dani Ramos, uma jovem mexicana, que trabalha com o irmão numa fábrica de automóveis na Cidade do México. Quem a interpreta é a adorável Natalia Reyes, colombiana de Bogotá, por quem é impossível não se encantar, seja pela beleza, seja pela garra e dedicação com que abraça o papel. O exterminador invencível, o Rev-9, é interpretado por Gabriel Luna, que empresta `à máquina uma quase indiferença e sarcasmo de quem se acha invencível. E como defensora de Dani, temos Grace, vivida pela surpreendente Mackenzie Davies, famosa como a lourinha Yorkie no sensacional episódio “San Junipero”, de “Black Mirror”.

 

Este trio vai interagir com Sarah Connor e com um velho – mesmo – modelo T-800, vivido por Arnold Schwarzenegger, cuja inserção no filme derrapa seriamente num dramalhão de fazer corar o mais ingênuo dos seres, mas que é superada por conta de algumas cenas de humor bem sacadas. O resto você já sabe: tiro, porrada, bomba, explosão, duelos, lutas corporais de todos os tipos, perseguições de carro, helicóptero, avião, combate embaixo d’agua e outro clichezão de filme de Exterminador: uma instalação como palco da batalha final, neste caso, uma represa.

 

A situação de Sarah e seu filho John é explicada com razoável bom senso e as cenas de ação são otimamente filmadas, cortesia de um diretor bem versado no assunto, Tim Miller, que rodou o primeiro – e ótimo – “Deadpool”. A julgar pelo final, não será surpreendente ver uma nova sequência na franquia, mas é bom ter cuidado para não começar tudo de novo, numa linha de tempo diferente. Não teremos mais paciência se isso acontecer.

 

Terminator: Dark Fate
EUA, 2019
De: Tim Miller
Elenco: Mackenzie Davies, Linda Hamilton, Arnold Schwarzenegger, Natalia Reyes, Gabriel Luna

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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