Entrevista exclusiva: Sleaford Mods

 

 

 

A dupla Sleaford Mods é uma das coisas mais sensacionais surgidas no Reino Unido nos últimos tempos. Formado por Jason Williamson e, desde 2012, o músico Andrew Fearn, o duo é responsável por discos muito legais, que reciclam o formato punk através de canções que são compostas por discursos ferozes e batidas eletrônicas/dançantes e mais ou menos enguitarradas. Jason vocifera e Andrew faz as bases. Seria simplista dizer que o formato tende à banalidade. Os dois conseguiram encontrar caminhos e soluções para expandir os limites impostos, inovando com técnicas de gravação e mantendo, ao longo do tempo, uma integridade e uma marca sonora. O mais novo álbum deles, “Spare Ribs”, já resenhado por nós, é a prova de como esta sonoridade está longe de ser monótona.

 

Para um veículo independente, porém brioso, como a Célula Pop, é sempre um desafio entrar em contato com esses artistas, mas temos conseguido êxito, tanto que as entrevistas e conversas têm sido oferecidas a nós pelos colegas das assessorias de imprensa no exterior. Assim foi com o Sleaford Mods. Enviamos perguntas para a assessoria, que repassou para o duo, que, em poucos dias, respondeu economicamente às questões formuladas. É quase um pingue-pongue, mas, senhoras e senhores, é bem bacana ver que os caras falaram com Brasil através da gente, em primeiro lugar. Claro, a dupla vai figurar nas manchetes ao longo de 2021, portanto, mais entrevistas com Jason e Andrew virão.

 

Segue o papo por e-mail em português com Jason e, abaixo, o original em inglês.

 

 

– O que “Spare Ribs” tem que outros discos do Sleaford Mods não têm?

Colaborações. Um som maior, talvez? Melhoramos como compositores também.

 

– Aqui no Brasil as pessoas acham muito difícil entender o rock com sons eletrônicos e sem a formação clássica bateria-baixo-guitarra. Como você define o seu som? Rock? Punk? Algo novo?

Somos essencialmente uma banda de punk rock mas com influências de Pop, Electronica, Mod, Rap e Soul.

 

– A música que você faz é extremamente política, do ponto de vista pessoal. Em termos partidários, como você vê a situação na Inglaterra e no mundo? Os partidos políticos ainda atendem às demandas?

Não, é um modo de governança desatualizado, mas não temos mais nada atualmente. Ainda estamos aprendendo como espécie. Acho que podemos evoluir além de nossas emoções básicas, acredito que podemos, mas ainda não.

 

– Existe identificação total do público com o que vocês fazem?

Sim, eles se identificam principalmente com as músicas. Alguns obtêm o que querem, sua própria mensagem. Os dois às vezes não são iguais.

 

– Vocês viram “Você Não Estava Aqui” (no Brasil, “Sorry We Missed You”, filme do diretor inglês Ken Loach)? Vejo o pai daquela família e imagino ele num show de vocês.

Não, não vimos. Não ouvimos falar (risos). Darei uma olhada.

 

 

– Billy Nomates participa de seu álbum e soa muito semelhante ao tipo de música que vocês fazem. Como vocês se conheceram?

Ela foi inicialmente influenciada pelo nosso som, em parte, pelo menos. Nós nos conhecemos depois que ela mandou algumas músicas para Andrew. Ela é muito boa.

 

 

– O que vocês têm ouvido ultimamente?

O novo single de Billy Nomates, “Heels”, atualmente. A nova música de Amyl & The Sniffers também é brilhante.

 

 

– Como você está vendo a saída de trump? Não que Biden seja um santo, mas sua chegada ao poder interrompe esse período de pesadelo? Ou não?

Acho que sim. Trump estava louco, Biden talvez um pouco menos louco.

 

 

 

ENGLISH VERSION

 

The Sleaford Mods duo is one of the most sensational things to come from the UK in recent times. Formed by Jason Williamson and, since 2012, the musician Andrew Fearn, the duo is responsible for very cool records, which recycle the punk format through songs that are composed by ferocious speeches and electronic/dancing beats and more or less guitars.

 

Jason roars and Andrew does the beats. It would be simplistic to say that the format tends towards banality. The two managed to find ways and solutions to expand the limits imposed, innovating with recording techniques and maintaining, over time, integrity and a sound mark.

 

Their newest album, “Spare Ribs”, already reviewed by us, is proof of how monotonous this sound is far from being. For an independent but brave vehicle, like the Célula Pop, it is always a challenge to get in touch with these artists, but we have been successful, so much so that the interviews and conversations have been offered to us by colleagues from the press offices abroad.

 

So it was with Sleaford Mods. We sent questions to the staff, who forwarded it to the duo, who, in a few days, responded economically to the questions asked. It’s almost a ping-pong, but, ladies and gentlemen, it’s really cool to see that the guys talked to Brazil through us, in the first place. Of course, the duo will make headlines throughout 2021, so more interviews with Jason and Andrew will come.

 

 

– What does “Spare Ribs” have that other Sleaford Mods records don’t have?

Collaborations. A bigger sound perhaps? Better song writing in some areas of the album.

 

 

– Here in Brazil people find it very difficult to understand electronic sounds and / or without the classic drums-bass-guitar formation like rock. Do Sleaford Mods Rock? Do you do punk? Do they do something that has no name?

We are essentially a punk rock band but with influences in Pop, Electronica, Mod, Rap and Soul.

 

 

– The music you make is extremely political, from a personal point of view. In partisan terms, how do you see the situation in England and the world? Do political parties still handle the demands?

No its an outdated mode of governance but we have nothing else currently. We are still learning as a species. I think we can evolve past our basic emotions, i believe we can but not yet.

 

 

– Does the audience give you feedback about the lyrics? Is there total identification?

Yes, they identify with the songs mostly. Some get what they want from it, their own message. The two are sometimes not the same.

 

 

– Did you see “Sorry We Missed You”? I look at that family man and I can see him at your show.

No i’ve not heard of that. Haha. I’ll have to have a look.

 

 

– Billy Nomates participates in your album and it sounds very similar to the type of music you make. It tells how you met.

She was initially influenced by our sound, partly, anyway. We met after she sent Andrew some music. Shes very good.

 

 

– In musical terms, what have you heard?

Billy Nomate’s new single “Heels”, currently. The new music from Amyl & The Sniffers is going to be brilliant also.

 

 

– How are you seeing Trump’s departure? Not that Biden is a saint, but does his possession interrupt this nightmare period? Or not?

Yes i think so. Trump was fucking mad, Biden perhaps slightly less so.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

2 thoughts on “Entrevista exclusiva: Sleaford Mods

  • 28 de janeiro de 2021 em 14:02
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    Opa, meu caro, maravilha. Iremos atrás.

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  • 28 de janeiro de 2021 em 12:07
    Permalink

    Bah!!, Sensacional, conheci a dupla através de um link da Amyl and The Sniffers, alias vocês também poderiam conseguir uma entrevista com essa banda.

    Resposta

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