Entrevista – Arthur Dapieve

Se Mozart vivesse no século 20, tenho certeza que ele escreveria pra cinema

 

 

Arthur Dapieve abre a porta de seu apartamento e me convida para entrar. Apesar de termos idades próximas, o homem é referência de escrita para mim. Provavelmente, se você lê algo meu, Dapieve tem parte nisso. Logo após entrar e me sentar para começar o bate papo, digo isso a ele, que agradece, meio sem graça. Ok, faz parte e o tempo me ensinou que elogio e reconhecimento são essenciais. Não perco mais a chance de fazê-los por quem realmente importa.

 

O motivo da conversa é o lançamento de mais um livro, “Do Rock Ao Clássico” (cuja resenha você lerá em breve na Célula), composto por crônicas escritas por Dapieve para o jornal O Globo, entre 1993 e 2018. O tema, claro, é a sua paixão pela música, que faz o livro ser dividido em Rock, BRock, Música Popular, Black Music e Música Clássica, o interesse mais recente de Arthur, que também é professor da PUC-Rio. O livro, claro, será resenhado em breve, mas a entrevista você lê agora e ela vai te mostrar um cara em sintonia com a música produzida hoje e há algumas décadas no planeta, falando sobre passado, presente e futuro como quem tem um DeLorean prateado na garagem.

 

 

– Música sempre foi o assunto pelo qual você mais se interessou. Inclusive, suas crônicas e sua pesquisa sempre foram uma espécie de contraponto ao que falavam o pessoal da Bizz, outra referência sobre o assunto nos anos 1980/90. Por que só agora lançar um livro específico sobre isso?

 

Há uma certa resistência a publicar material já publicado. A não ser que seja algo mais de tiro certo, um Veríssimo, por exemplo. As editoras hesitam um pouco. Eu já pensava em fazer algo assim, sobre música, até que veio o convite do Jorge Carneiro, que é o editor da Ediouro. Então eu comecei a trabalhar na seleção e, no meio do caminho, a coluna foi descontinuada no Globo e eu acabei pulando para a Globo News, o que me deu a impressão de que fazia mais sentido ainda. Passou a marcar uma espécie de troca de marcha e me veio esse esquema na cabeça: música seria o assunto e o livro refletiria os estilos que eu mais escuto. Foi uma oportunidade, eu já queria fazer isso e eu encontrei uma editora interessada. Em menos de um ano o livro veio pra rua.

 

– Como você olha pras suas crônicas mais antigas hoje?

Algumas são muito pueris, eu acho. Não sobre música, mas sobre assuntos gerais. Eu peguei coisas que atendiam aos cinco blocos de estilo – Rock, BRock, Música Popular (eu contrabandeei Fito Paez e Jorge Drexler), Black Music (ia ser só de Jazz, mas eu não ia deixar de fora crônicas sobre o Robert Johnson ou o James Brown) e Música Clássica, nessa ordem, com o tempo esses gêneros pesaram mais. Eu busquei que os textos dialogassem entre si. Porque, por mais que a gente goste de um ou outro texto, ele meio que morre em uma semana – às vezes é uma resenha sobre um disco específico ou não tem algum pulo do gato…então eu procurei fugir disso. A seleção desses textos acabou enfatizando essa coerência.

 

– Como você olha hoje em dia para essa música que tem tanta facilidade de acesso? As crônicas espelham o seu olhar para essas mudanças?

Tem uma obsessão que eu pensei que fosse só fetiche – essa coisa de ter ficha técnica, encarte com letra…Mas eu acho que tem a ver com a qualidade do som. Eu escuto bastante Spotify, mas a qualidade não é ideal, me incomoda. Eu sou de uma geração que a caixa de som é grande. Por melhor que seja, tá longe de ser um CD. Então eu uso como uma espécie de degustação. Mas a gente se beneficia de uma experiência prévia, então já vai na boa. Eu vejo gente mais jovem e fica muito dispersivo pra elas, não juntam o A + B. Eu acho que a precariedade do passado acabou nos dando um tronco de conhecimento comum, que ajudou a gente a povoar com outros galhos. Pra música clássica e jazz e vejo que a qualidade é mortal, eu não ouço a flauta, o contrabaixo, mas serve pra dar uma ideia.

 

– E você ainda compra disco?

Compro.

 

 

– Bastante?

Bastante não, mas é um pouco por falta de oferta…E também pelo preço, que tá alto. Aqui no Rio tem a Tracks – na Gávea -, as livrarias desinvestiram…Tem sebos, vira uma coisa de nicho, porque tem uns malucos que vão lá pra catar o pop rock dos anos 1970…

 

– E como é hoje a sua perspectiva desses estilos que estão no livro? Como você encara cada um? O rock, por exemplo, envelheceu mal…

Sim, sim. No começo eu tinha uma ânsia de compartilhar as novidades, mas depois eu fui percebendo – ah, mas não é tão bom assim…- E vi textos que eu escrevi sobre bandas que eu descobria em viagens, eu ficava enamorado delas por uma semana e depois não fazia mais sentido. Passaram a morder o próprio rabo. Todo estilo musical acaba fazendo isso, mas o rock tinha aquela coisa da eterna juventude, só que não teve. Ele é, pra gente, o último que foi quase hegemônico. O rock, como gênero hegemônico, morreu. Tem coisas legais, mas todas elas me remetem a algo melhor que eu ouvi no passado. Um aluno meu, ano passado, veio falar comigo, todo animado, porque havia descoberto Greta Van Fleet. Eu fui ouvir e falei: “Gustavo, isso é legal, mas é Led Zeppelin com o vocalista do Rush cantando”. Pra quem é da minha idade, eu já ouvi isso tocado melhor, com mais personalidade. Você pega o samba, no qual eu não sou especialista, e ele é assim também. Os gêneros ficam girando em círculos…acho que é um caminho natural. Eu acho que os outros gêneros são mais abertos a mudanças – e isso pode soar meio paradoxal -: música popular pode ser qualquer coisa – vêm novos artistas, novos ritmos – o jazz virou uma coisa essencialmente experimental e a música clássica tem uma vitalidade interna, porque ela também é muitas coisas. Acabo me surpreendendo mais escutando jazz e música clássica que as músicas populares, pode parecer meio blasé, mas o rock foi absorvido pelo sistema, não tem mais uma mensagem. Eu escutava mais rap há 30 anos do que hoje, eu gostava muito da cultura do sampler, e os caras que fazem sucesso no rap hoje acabam incorporando os estereótipos dos brancos sobre os negros americanos. Havia mais riqueza melódica. A música eletrônica parecia que ia ser o mainstream do futuro…e não foi…

 

– Você tinha uma certa implicância com música eletrônica…

Sim, eu tinha, mas eu descobri que a música eletrônica “é muitas”. Eu descobri que gosto muito de algumas coisas, especialmente dos artistas que não são voltados para a pista de dança, como Autechre e Aphex Twin, não dá pra dançar aquilo! Kruder & Dorfmeister, algumas coisas que são aparentadas de música clássica, do rock progressivo alemão…O que as pessoas pensam que é música eletrônica mainstream hoje é horrível, um baticum danado, horrível. Mesmo o Fatboy Slim, que tinha bons serviços prestados, virou um fanfarrão.

 

– Você falou sobre se libertar em relação ao “novo” na música, que você havia descoberto que o novo não era cronológico. O jornalismo musical não existe sem o novo…

No caso do pop rock, a gente foi muito influenciado pela imprensa inglesa, que é muito novidadeira. Eles produzem tanta coisa, precisam dar vazão, a indústria precisa rodar. Os americanos são mais reverentes ao passado, aos Bruces, aos Dylans. A gente ficou muito influenciado pela novidade. Eu fui percebendo que a grande sacada da semana, do mês, era alguma coisa que já tinha sido gravada há dez, quinze anos atrás…No caso da música clássica, então, há 200, 300 anos. E, no caso da música clássica, é engraçado como ela começa a conversar, como conversa com Phillip Glass que, por sua vez, conversa com o barroco e com a música eletrônica…Então o prazer passou a vir mais desse espelho retrovisor do que da ânsia de ficar com o radar nas redes. Isso é mais ou menos recente. Eu me lembro de descobrir o Arcade Fire numa estação de escuta de loja de discos em uma viagem … pensei: “isso é legal”. Mas o Arcade Fire já tem 15 anos de vida. As bandas mais recentes do Lollapalooza, não dá…O rock também, por ter a mitologia da eterna juventude, tem muita dificuldade pra lidar com a idade. Quando o artista é solo, fica mais fácil pra ele agir de acordo com sua idade, Nick Cave, Bob Dylan, Neil Young…acho que eles envelhecem melhor. Eu comecei a perceber isso, descobrindo bandas da decada de 1960 e fui relaxando, deixando de pensar que eu tava perdendo a chance de descobrir algo novíssimo, que ia mudar minha vida e a dos meus leitores. Eu fui relaxando, as grandes novidades apresentadas pela imprensa duravam uma semana…Os alunos chegaram há uns anos e me perguntaram se eu já tinha ouvido Franz Ferdinand. Eu disse que sim, mas falei pra eles escutarem Gang of Four. E eles: nossa, como é parecido!

– Você é muito procurado pelos alunos pra isso?

Já fui mais. Eu acho que a idade vai criando uma certa barreira pra eles…Eles já me chamam de “senhor”, eu prefiro “professor” ou “Arthur”…

 

– Essa questão de relaxar com o tempo das coisas, como você se informa sobre música hoje em dia?

Eu assino revistas digitais! Eu assino a Mojo – pra rock; a Downbeat – pra jazz e a Gramophone, pra música clássica. Eu já sei como eles escrevem, a Mojo não é muito novidadeira, foi uma revista que amadureceu com a gente. E você precisa confiar nas pessoas. A Downbeat é muito boa e barata e eu sempre leio, separo umas coisas e vou lendo…

 

– E aqui no Brasil? Você não acha que a imprensa nacional, via de regra, está cheia de assessores de imprensa no lugar de jornalistas?

Um cara que tem uma história é o Marcelo Costa, do Scream & Yell. Ele acerta muito, vou lá ver ele de vez em quando. Também vou passar a ver a Célula Pop – quero saber o que o CEL está escutando, está falando. A Folha de SP tinha algo interessante, mas perdeu completamente. E tem alguns artistas pelos quais a imprensa tradicional se enamora e eu não consigo entender…

 

 

– Por exemplo?

Pabblo Vittar. Assim, como figura sociológica, é importantíssima para o país. Mas não sabe cantar, a dicção é horrorosa…No clipe do Emicida, “Amarelo”, quando ela entra, cai o negócio. As pessoas se enamoram mais pela tese do que pelo artista em si. Aparecem muitos artistas assim.

 

 

– Passa a ser sinônimo de atitude a defesa desses artistas, se você não se encanta por eles, você passa a atacar o que eles representam…

Eu acho que a experiência estética é sempre hierarquizante. Você vai ouvindo e colocando as coisas em perspectiva e comparando. Não adianta achar que o valor sociológico vai preponderar sobre o valor estético – ou histórico. Tinha a Tati Quebra-Barraco, que fala algo relevante sociologicamente e uma forma quase punk de cantar, que a Pabblo não tem. Ela não é a Anitta, que, pra música pop, tá muito bem. As letras são ruins, eu acho que a voz, a dicção dela são fracas…Esse fascínio pela novidade deixou de ser algo estético e incorporou a coisa sociológica. E isso não é uma questão de gênero: tinha o Antony (de Antony and The Johnsons) que canta pra caralho. Tem vários homens e mulheres cis hétero que cantam mal. Então não é uma questão de preconceito ou algo assim.

 

– Você é um fã dos Smiths. Como você vê essas declarações recentes do Morrissey? Te surpreenderam? Eu confesso que não fiquei muito espantado, só triste mesmo…

Eu não me surpreendi. Uma das coisas que me atraíram no Morrissey é que ele sempre foi um cara muito complexo. Eu não acho incompatível que ele seja ultra-moderno em relação a gênero, vegetarianismo e seja xenófobo em relação à imigração. As pessoas não são retas, são cheias de curvas, por isso que elas são interessantes. Ele já havia defendido Israel em três canções do disco anterior. É como se as pessoas exigissem coerência, por exemplo, o Chico Buarque: você não precisa comprar o pacote completo. Tem a música, as ideias políticas…Eles são interessantes porque são assim, incoerentes.

 

– E você continua ouvindo o Morrissey sem problemas?

Continuo. Ouvi o disco novo…Ele continua falando algumas coisas que são odiosas, agora, sim, a música clássica me apresentou o artista mais odioso que eu já conheci, o (Richard) Wagner, compositor alemão. Antissemita, pré-nazista, agora, a obra dele é incrível. Quando você vai a Israel e pergunta pro pessoal da ópera de lá se eles queriam encenar Wagner, eles dizem que querem, mas como dependem de subvenção estatal, não conseguem. O cara é um escroto – e esse é só um dos defeitos do Wagner. Tem poetas fascistas, Ezra Pound, você pode comprar ou não o pacote completo. Não me incomoda o Michael Jackson ter sido um pedófilo e ser, ao mesmo tempo, genial.

 

– Essa admiração sua pela música clássica foi aumentado de intensidade com o passar do tempo, até que você ficou mais interessado por ela do que por outros estilos. Como isso aconteceu, o que te levou pra esse lado?

Tem várias razões, algumas bem circunstanciais. A primeira: horário e ingresso pra show de pop rock. É muito mais caro, começa muito mais tarde. Sem carteirinha de estudante, crachá, ou qualquer coisa parecida, ficando mais velho, aquele show que começa uma hora da manhã na Fundição Progresso tá fora do meu alcance. E aí a música clássica me deu a possibilidade de ter um horário marcado, as apresentações são mais baratas, no Municipal, na Sala Cecília Meirelles…passei a prezar por este conforto. Também tem a ver com uma sensação de que eu já estava meio andando em círculos com a música pop. Quando você passa dos 40 anos as coisas precisam ser mais elaboradas…Algo que sempre me interessou na música foi a história da música e a história por trás disso. Música clássica é sobre isso, saber que o cara foi perseguido por Hitler ou por Stalin, que prestava serviço ao Arcebispo de Salzburgo…tá tudo ligado – personagens, passado, presente. Eu acho fascinante. Contribui pra fruição, às vezes eu me apaixono pela história antes de escutar, daí eu já chego meio amaciado, porque eu sei que o cara, sei lá, teve que sumir da Alemanha, foi parar na Califórnia e isso arruinou a vida dele…Então eu fui migrando e teve o interesse de ler sobre essas histórias, que são muito humanas…não tem clichê.

 

– Como você acha que está a música hoje? A música popular, popular brasileira nesse momento estranho, pós-2016?

Eu acho que a música popular não está dando conta disso. Não consegue refletir isso. E acho que também não conseguiu captar o 11 de setembro. Os Titãs fizeram “Nheengatu” sobre 2013 e são caras de cinquenta anos. E passou batido. Eu acho que a gente já viveu melhores momentos na música popular – brasileira e mundial – não sei se tem a ver com a linguagem digital…No caso brasileiro, tem um problema que afeta isso – e à sociedade como um todo – que é um déficit educacional brutal. Isso afeta desde o serviço no supermercado, no restaurante, às regras de trânsito, os times de futebol – eu acho que o jogador brasileiro é mais burro que o argentino e o uruguaio – e na música é a mesma coisa. Há uma dificuldade imensa em expressar coisas, mesmo nas bandas de gente de classe média. Música não é só letra, mas acho que dá pra fazer bem melhor. Acho que as coisas estão rateando no momento. É cada vez mais raro a gente encontrar uma letra que, casada com a música, nos dê aquela impressão de “uau!”. Isso tá cada vez mais raro. Eu curto Gabriel Diniz cantando”Jéssica”, o cara não se levava a sério. Eu identifico algumas vozes no sertanejo, acho que a Paula Fernandes tem uma boa voz, podia ter um repertório melhor. Mas aí entra o mercado, um público que não exige muito…Acho que tem uma coisa educacional na sociedade brasileira que afeta essa produção. Não sei se o momento voltará a ser bom. Não tem nada que entusiasme muito, gosto de bandas instrumentais como E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, acho corajoso, mas, por outro lado, acho que o instrumental é uma desculpa, um sintoma de que não se consegue falar sobre alguma coisa. É uma hipótese, não é só uma escolha estética, é uma opção. Acho que a Lady Gaga me oferece mais que a Madonna, uma música que vai um pouco além do tocar piano e tal…Sei que não existiria Lady Gaga sem Madonna, mas a Gaga me faz ir além.

 

 

– Você poderia dar um caminho das pedras pra quem quer começar a se informar e gostar de música clássica?

Há dois compositores que são uma espécie de porta de entrada pra coisa, que são Mozart e Beethoven. O terceiro gigante, Bach, é mais cerebral. É uma espécie de segundo estágio, é arrebatador, mas algumas coisas parecem matemáticas demais. É quase Tangerine Dream (risos), todos alemães. Esses compositores fornecem variedade, drama, beleza. Acho difícil que alguém ouça a Quinta ou a Nona (sinfonias) de Beethoven e não se sinta mobilizado de alguma forma. É importante escutar na melhor qualidade de som possível, pra escutar o máximo da orquestra. O essencial é pensar assim: não tem idade, não é mais caro, não é mais difícil…basta sentir. Mozart queria ser ovacionado por todas as plateias, ele vivia disso. E tem a parte histórica, Beethoven era surdo, como pode ter composto tantas obras geniais? E tem a dificuldade de vivermos num tempo em que a sociedade não pode parar pra dar atenção a uma música por três minutos. A música clássica vai te exigir dez, doze minutos, uma hora. Ela te tira desse fluxo maluco de tempo. E ajuda entender que a música clássica está em todo lugar. As trilhas dos filmes do Spielberg, feitas pelo John Williams, são música clássica. Só que com propósito de ilustrar os filmes. Se Mozart tivesse vivido no século 20, eu não tenho a menor dúvida de que ele teria composto pra cinema. Tá em anúncio de TV, em toque de celular, no hino da Champions Leage…No caso do Brasil, então, há três caras que facilitam muito a entrada, cronologicamente: Ernesto Nazaré, que pode ser tocado por um quarteto de cordas e por um regional de chorinho. Villa-Lobos, que parece ser música popular, mas é música clássica. E também a parte mais clássica do Tom Jobim, quando chuta o balde e faz músicas de doze minutos, instrumentais, contrata o Claus Ogermann pra orquestrar. Muita gente conhece “O Trenzinho do Caipira”, as “Bachianas Brasileiras”, todas clássicas. Começa pelos mais conhecidos.

 

– Você recomenda alguma gravadora?

Olha, tem uma gravadora com muita coisa, ela tem seu próprio serviço de streaming e discos mais baratos. No início havia desconfiança em relação aos lançamentos dela, mas hoje ela é bem respeitada, chama-se Naxos. Foi fundada por um alemão que mora em Hong Kong. E tem a Deutsche Grammophon. Se tem aquele selinho dourado, pode confiar.

 

– Pra fecharmos, vamos fazer um ping-pong com alguns nomes de bandas e artistas. Eu digo e você me fala sua opinião.

– Radiohead:

A maior banda de rock em atividade.

 

– Los Hermanos:

Uma bênção e uma desgraça pro rock nacional. Eles são ótimos e criaram muito imitadores.

 

– Kraftwerk:

Um pouco superestimado. Eu prefiro Can, Neu…

 

– The Clash:

Pra mim foi a maior banda de rock da história. Enquanto estiveram em atividade, eles foram os maiores. Levaram o punk a um outro patamar.

 

– Morrissey:

O personagem rock mais interessante surgido desde os anos 1980. Pelas contradições, pelas bobagens que fala. Ele para show pra mostrar cena de matadouros…acho corajoso.

 

– Nirvana:

Eu não sei o Nirvana envelheceu bem. Aquele disco de sobras do Kurt Cobain era constrangedor. Se tudo o que você conhece de grunge for o Nirvana, tudo bem. Agora, se você conhece Pearl Jam, Soundgarden, Screamin’ Trees, Alice In Chains…vai ver que tem coisas muito legais ao redor. Eu não escuto muito não…Eu acho que ficou mais fama do que a música. Quando eu escuto, vou no Acústico deles.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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