Downton Abbey – O Filme

 

Tá com saudades de “Downton Abbey”? Se a resposta é “sim”, o longa que está em cartaz nos cinemas brasileiros – e mundiais – é feito sob medida para você. Até para quem nunca viu a série que inspirou o filme, há elementos de sobra para garantir novos adeptos, que é o meu caso específico. Nunca vi um único episódio das seis temporadas de “Downton Abbey” – que era acompanhada vividamente por minha mulher e filho – mas, a julgar pelo espetáculo visto na telona, a vontade é grande de ver tudo.

 

A série esteve no ar entre 2010 e 2015, contabilizando seis temporadas de sucesso crescente. A história gira em torno de uma mansão em estilo eduardiano, situada em Yorkshire, habitada pela família do Conde de Grantham, Robert Crawley. Lá estão sua esposa, sua mãe, suas filhas e a criadagem. A série sempre girou nestes dois eixos, trazendo os dramas das vidas de nobres e pobres como parte de uma única sociedade inglesa, ainda que separados por abismos gigantescos de privilégios. A família Crawley é a dona do local, da vila próxima e encanta a todos com sua pujança material e tudo que orbita.

 

Pois bem, é nesse cenário se dão os fatos do filme, traduzidos totalmente pela chegada do casal real da Inglaterra, o Rei George V e a Rainha Mary, que se hospedarão na mansão por uma noite, e participarão de um baile na cidade, além de um desfile. Este tipo de visita era comum, tentando levar os monarcas para o interior do país e mantê-los em contato com o povo, o que, na verdade, não significava real contato, era mais para que os reis e rainhas pudessem ser vistos. A visita causa um verdadeiro rebuliço nos ricos e nos criados, gerando vários acontecimentos engraçados, especialmente para os preparativos da chegada. Os monarcas são antecedidos por várias equipes de mordomos, governantas, valestes, assistentes e tudo mais que mantenha o rígido protocolo do casal real.

 

Certamente esta expectativa é o mais interessante do filme, mostrando um dado interessante do povo inglês: a admiração às tradições personificadas pelos seus monarcas, ainda que elas sejam responsáveis pela distribuição injusta de riquezas, o simbolismo da nação é transplantado para as extravagâncias e para a figura do rei. Como a série é ambientada no período entre-guerras (1927), a Inglaterra vivia algumas tensões internas, especialmente com as Irlandas, sendo que a do Norte vivia enormes agitações com greves e levantes populares. Tal fato não passa batido pelo longa.

 

Com uma trama levíssima, pegando a cronologia de onde a série terminou, “Downton Abbey – o Filme” traz quase todo o elenco original e recoloca alguns personagens importantes em seus devidos lugares, caso especial do mordomo veterano, Mr. Carson (Jim Carter), que brilha ao longo do filme. É mais um episódio especial de longa duração, amistoso e feito para gerar simpatia em todo mundo. Para quem ama filmes como cerimoniais de realeza, este aqui tem jantares, paradas, bailes, danças, romance, intriga e muitas tiradas de humor tipicamente britânico. Uma festança.

 

Downton Abbey, 2019 (GBR)
Direção: Michael Engler
Com Hugh Boneville, Michelle Dockery, Maggie Smith, Simon Jones, Geraldine James, Elizabeth McGovern, Imelda Staunton

 

Veja o trailer

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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