Billy Nomates – Billy Nomates

 

 

Gênero: Rock alternativo

Duração: 32 min.
Faixas: 11
Produção: Geoff Barrow
Gravadora: Invada Records UK

4 out of 5 stars (4 / 5)

 

A primeira vez que ouvi falar de Billy Nomates foi a partir de Jason Williamson, vocalista do duo Sleaford Mods, considerado uma das sensações de um “novo punk inglês”. Assim como o Sleaford, Billy Nomates – pseudônimo da cantora Tor Maries – é uma artista que poderia ser inserida nesta tal leva de artistas batizados como “punks”. É gente que fala pelos cotovelos, cheios de sotaque, usando programações eletrônicas de bateria, teclados e baixo como acompanhamento. São quase trovadores pós-modernos, emulando sonoridades que sirvam como moldura para seus discursos, que, por sua vez, se voltam contra o sistema, a injustiça, a desigualdade e várias mazelas sociais que nos afligem. Com “Billy Nomates”, o disco, isso também se confirma, ainda que Billy Nomates, a artista, tenha um apreço por elementos mais pop. Quem produz é Geoff Barrow, mente pensante do Portishead. Não dá pra ignorar, convenhamos.

 

Em termos vocais, dá pra lembrar de Patti Smith ou mesmo de Kim Deal, especialmente porque algumas canções surgem com linhas de baixo intencionalmente amadorísticas, soando estaladas, mas harmoniosas. Em onze faixas, correspondentes a 32 minutos, Billy vai enfileirando alvos e disparando sem dó. Machismo, miséria, preconceito, burrice, tudo está na alça de mira e não será poupado. É um estilo de cantar que também lembra um jovem Lou Reed ao declamar versos ácidos em canções “sujas” e sem esperança. É uma realidade cantada por uma mulher jovem branca, que teria tudo para ser apenas mais uma cantando o cotidiano dos problemas da classe alta. Mas não” É uma voz firme acompanhada de uma postura raivosa. Sinceramente é algo que, em meio ao rock pasteurizado, se faz necessário. Especialmente pela autenticidade de Billy, não, ela não é só mais uma punk de boutique.

 

No primeiro instante ela pode soar incômoda, mas é um incômodo que gera curiosidade “O que ela quer dizer dizer mesmo?” Com mais atenção e se entregando às letras e ao embalo de “pista underground” é possível deter-se ao posicionamento antissistema. “Billy Nomates” é um disco que vem para dizer que já passou da hora de servirmos ao “grande homem branco” ou termos que nos moldar/formatar para caber nos bolsos/padrões, como simples artigos. É momento de expor a hipocrisia de sempre das elites (vocês sabem o tipo de elite que estamos falando, é aquela contra os canudos de plástico, mas que não não abre mão do pet de Coca). Sim, a elite vampiresca, que lança moda, tudo por mais likes, mas que por detrás da máscara, continua sendo vampiresca. É um álbum que entra tranquilamente na playlist “Bad na pistinha”, tem ritmo, tem provocação, e, principalmente tem alma e autenticidade.

 

“Billy Nomates” é som urbano, escuro, potente e não previsível. Comece pelo começo, pra sentir tudo. Ouça no mínimo três vezes, pra se contagiar. Uma grande estreia.

 

Ouça primeiro: “Hippy Elite” e “No”

 

 

*Colaborou Carlos Eduardo Lima

Ariana de Oliveira

Ariana de Oliveira é canhota de esquerda, Cientista Social, estudante de Jornalismo e comunicadora da Rádio Univates FM. Sobre preferências: vai dos clássicos aos alternativos.

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