Balla e os Cristais – Jogo do Bicho

 

 

Gênero: Rock alternativo

Duração: 26 min.
Faixas: 7
Produção: Balla e os Cristais
Gravadora: Independente/Tratore

4.5 out of 5 stars (4,5 / 5)

 

A gente sabe quem é da casa grande ao olhar a sola do sapato. É aquele lance – eles não andam por calçadas ou atravessam as ruas a pé. E é nesse tipo de ideia que eu enquadro “Jogo do Bicho” o disco de estreia do grupo Balla e os Cristais. São 5 faixas autorais e 2 versões roqueiras para os clássicos “Zé do Caroço”, de Leci Brandão, e “Comportamento Geral”, de Gonzaguinha, tudo de peso, tudo visceral. É aquele grito pendente, aquele que a gente engole a seco e segue como pedra no estômago. Mas o grito sai, sai na voz e nas composições potentes de Rafael Balla, na guitarra de Brunno Martins, no baixo de Erick Ferreira e na batera de Gustavo Almeida.

 

É um som que provoca, é uma reação sobre o caos, alienação, distinção, privilégios e tudo mais. Tanto que a primeira frase cantada é “Vocês todos são idiotas”, mentira não é. É tipo um “foda-se caro senhor branco que me julga por não falar o bom português, por não ter o sucrilhos no prato, por ter o tênis com as manchas de terra que não somem com sabão em pó comum, só com aquele lá, o da propaganda. “Vocês são todos idiotas” prepara o solo para “Andam Dizendo” que com um grande “Foda-se toda essa merda”, com aquele “r” de cariocas, (já declaro meu amor por esse sotaque goxtoso) que a banda Balla e os Cristais me ganhou. A segunda faixa é uma porrada sobre o elitismo, a segregação social e toda essa pompa, toda essa grande e bem nutrida hipocrisia nossa de todo dia.

 

É um som que provoca, é uma reação sobre o caos, alienação, distinção, privilégios e tudo mais. Tanto que a primeira frase cantada é “Vocês todos são idiotas”, mentira não é. É tipo um “foda-se caro senhor branco que me julga por não falar o bom português, por não ter o sucrilhos no prato, por ter o tênis com as manchas de terra que não somem com sabão em pó comum, só com aquele lá, o da propaganda. “Vocês são todos idiotas” prepara o solo para “Andam Dizendo” que com um grande “Foda-se toda essa merda”, com aquele “r” de cariocas, (já declaro meu amor por esse sotaque goxtoso) que a banda Balla e os Cristais me ganhou. A segunda faixa é uma porrada sobre o elitismo, a segregação social e toda essa pompa, toda essa grande e bem nutrida hipocrisia nossa de todo dia.

 

“O ódio e a violência são um problema social

As drogas e a ignorância são um problema social

As armas e os privilégios são um problema social

O luxo dessa hipocrisia é um problema social”

 

“Fala, Quer Invadir” é sobre o moleque que discursa bonito, mas não consegue sair de cima do muro, fala demais e o chiclete azeda, é o que tem bom papo, mas esquiva da decisão, do tomar partido. E dois clássicos são bem-vindos no meio desse caldeirão corrosivo: a atual “Comportamento Geral” com a subserviência do pacato cidadão e poder de “Zé do Caroço” que não nos deixa esquecer da necessidade de consciência de classe. Anota aí “Nunca se esqueça de quem você é”. Mas como nem só de fúria o mundo vive, depois da revolução das faixas anteriores, o disco encerra com intensidade e vivacidade de “Canta”. E eu sou do partido que acredita que o amor revoluciona, eu grudei nesse verso.

“Volta

Que eu quero você de volta

Que eu quero você depressa

Que eu quero você pra mandar

A pressa pro caralho

Que eu não sou de parar

Eu quero te fuder inteira

Dá a tua inteligência

Te dou minha indecência

E a gente fode mais que tudo”

 

Balla e os Cristais explodiu em mim assim como “Coquetel Molotov” do Ian Ramil e o verso afiado:

 

“Querem te botar nos eixos,
querem te amarrar e te manter por perto

Ninguém quer liberdade pra ninguém

Ninguém!”

Um justo e cheio “foda-se toda essa merda”!  O álbum entra fácil na playlist “para enterrar o punho na vidraça”. Só para frisar, fiquei com vontade de mais balas. Porém acho que esse retrogosto ácido e marcante é uma jogada ficar ouvindo e ouvindo, garimpando e lapidando cristais.

Disco ótimo, recomendo para quem sofre de Brasil.

 

Ouça primeiro: “Andam dizendo”

 

Ariana de Oliveira

Ariana de Oliveira é canhota de esquerda, Cientista Social, estudante de Jornalismo e comunicadora da Rádio Univates FM. Sobre preferências: vai dos clássicos aos alternativos.

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