A-Ha: 13 + 1 canções pra guardar

 

 

Entre 10 e 22 de março do ano que vem, o A-Ha estará no Brasil fazendo seis shows. A caravana norueguesa chegará ao Recife para a primeira apresentação e fará um trajeto que passará por Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. Depois partirá para um show na Argentina, outro no Paraguai, um terceiro no Chile e um último no México, fechando assim uma autêntica “Latin America Tour”. A gente que presta atenção em shows e música sabe muito bem quenem artistas “domésticos” têm feito empreendimento desta natureza, salvo nomes muito consagrados, como Marisa Monte, que também anunciou uma turnê nacional para divulgar seu último álbum, “Portas”. O fato é que o A-Ha, depois de quase 40 anos de estrada, ainda arrasta multidões para seus shows e os produtores nacionais sabem disso. E a mais recente excursão do grupo marca uma data importante: os 35 anos de seu álbum de estreia, “Hunting High And Low”, que surgiu de surpresa em 1985 e arrebatou multidões pelo mundo a fora, turbinado por três hits: a faixa-título, a agitada “The Sun Always Shines On TV” e “Take On Me”, que sobreviveu ao tempo, inovou na linguagem dos videoclipes em seu tempo e é uma das canções mais conhecidas mundialmente.

 

O grupo, formado por Morten Harkett (vocal), Magne Furuholmen (teclado) e Paul Waaktaar (guitarra) tem dez discos na carreira, fora um álbum ao vivo e um especial “MTV Unplugged”, além de algumas coletâneas. A trajetória do A-Ha não é totalmente harmoniosa: o trio se separou em 1993 e retomou os trabalhos sete anos depois. Chegou a anunciar sua despedida em 2009, mas retornou em 2015 e agora, depois do “Unplugged” de 2017, volta para celebrar a efeméride relativa ao primeiro disco. Olhando para os integrantes do grupo e julgando-os por suas melodias pop com um toque de Eurovision, tecnopop e new wave europeia, jamais imaginaríamos os três discutindo e brigando, mas a convivência entre Morten, Mags e Pal não é fácil. Em seu tempo, o A-Ha foi banda grande. Teve canção abrindo filme de 007, shows lotados ao redor do mundo e chegou a participar de duas edições no Rock In Rio – 1990 e 2015. Chegou a fazer frente ao Duran Duran, ter várias canções nas paradas de sucesso, enfim…

 

A gente resolveu fazer a nossa habitual listinha de 13 músicas, incluindo um bônus e reafirmando a importância do grupo para o pop oitentista. Se este show passar por sua cidade ou imediações, o esforço é válido. Veja se concorda com nossa escolha, comente, opine etc.

 

 

13 – The Blood The Moves The Body (1988) – canção do terceiro disco, “Stay On These Roads”, que marca o píncaro da fama do A-Ha. É uma das típicas canções da banda, com ótimos sintetizadores e o agudo de Morten Harkett, no ponto.

 

 

12 – The Living Daylights (1988) – também de “Stay On These Roads”, esta canção foi tema do filme “007 – Marcado Para A Morte” (título no Brasil), que estreava o ator Timothy Dalton no papel de James Bond. A canção é ótima, com elementos que remontam aos clássicos do passado das trilhas de 007 e marca um fato curioso: o A-Ha sucedia ao Duran Duran no posto de artista escolhido para sonorizar um filme do agente secreto inglês, que compusera a sensacional “A View To A Kill” para o longa anterior, último com Roger Moore no papel.

 

 

11 – Crying In The Rain (1990) – esta é uma bela versão da interpretação dos Everly Brothers para o original de Carole King e Greg Goffin. A introdução/final com barulhos de chuva e a progressão de teclados é uma lindeza e o clipe foi um dos grandes sucessos da fase inicial da MTV Brasil.

 

 

10 – You Are The One (1988) – um exemplo de canção alegrinha e dançante do A-Ha, com sintetizadores fazendo as vezes de metais e uma linha melódica simples e perfeita. Sucesso radiofônico do álbum “Stay On These Roads”.

 

 

09 – Take On Me (1985) – a clássica canção que apresentou o A-Ha ao mundo, na verdade, chama mais atenção pelo clipe perfeito. A melodia é ótima, o riff de teclado também e o vocal de Morten segura a onda, mas a verdade é que o A-Ha tem gravações bem mais inspiradas.

 

 

08 – Summer Moved On (2000) – belíssima balada do álbum “Minor Earth, Major Sky”, primeiro lançado pela banda após o hiato de sete anos, entre 1993 e 2000. A canção mostra novamente o alcance dos vocais de Morten e uma melodia belíssima, gelada e pungente.

 

 

07 – Cry Wolf (1986) – outro sucesso monstruoso nas rádios mundiais na segunda metade dos anos 1980. Faixa do melhor álbum do grupo, “Scoundrel Days” (1986), esta faixa mostra um rápido amadurecimento do A-Ha em estúdio, incorporando timbres mais “orgânicos” nos arranjos.

 

 

06 – Early Morning (1990) – faixa de estimação do público brasileiro, do belo álbum East Of The Sun, West Of The Moon”, o quarto do grupo. O clipe mostra imagens do Maracanã pré-Rock In Rio 2 e o ritmo da canção é belo, com alguma influência bossanovística imersa no oceano de sintetizadores.

 

 

05 – Hunting High And Low (1985) – a balada mais conhecida da carreira do A-Ha, faixa-título do primeiro álbum e também dona de um belo clipe. Gosto particularmente da oscilação entre silêncio e explosão, especialmente pelos efeitos de gaivotas no meio do arranjo. Belezura.

 

 

04 – Dark Is The Night For All (1993) – muita gente acusa o grupo de ter lançado o seu pior disco em 1993, “Memorial Beach”, mas um álbum que entrega um single como este nunca é tão ruim assim. Certo que é um trabalho menos inspirado, mas há méritos de sobra nele. Esta canção é uma das mais belas do grupo e ponto final.

 

 

03 – The Sun Always Shines On TV (1985) – o terceiro single do primeiro álbum já apontava para uma discreta variação mais rock no portfólio do grupo. Aqui temos a bateria dinâmica, a letra que critica o artificialismo das imagens na TV e uma melodia épica bem descendente dos Eurovisions da vida.

 

 

02 – I’ve Been Losing You (1986) –outra faixa de “Scoundrel Days”, com um arranjo tecnopop perfeito, bateria humana e muito bem tocada, além de um refrão maravilhoso. Charme especial é o final falso.

 

 

01 – The Swing Of Things (1986) – a grande joia da coroa norueguesa. É um colosso tecnopop, cheia de baterias sintetizadas, arranjo cheio de oscilações e uma melodia dançante. O refrão é simples, mas o fim da canção parece um cavalgar heroico para o amanhecer. Uma lindeza sensacional.

 

 

Bônus: The Killing Moon (com Ian McCulloch) – uma combinação que soaria impossível nos anos 1980, o A-Ha, desde sempre um desafeto dos críticos chatos, fazendo cover de uma das bandas mais aceitas e incensadas por estes mesmos críticos. A participação de Ian McCulloch é graciosa e dá veracidade à gravação, que fez parte do ótimo álbum “MTV Unplugged” que a banda lançou. E a canção, bem, é um clássico.

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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