A Fuga de King Kong

 

Saudações! Meu nome é Luciano Cirne, vulgo Milhouse, e estou aqui inaugurando este humilde cafofo na CÉLULA POP a convite do meu amigo de fé e irmão camarada Carlos Eduardo Lima para trazer até vocês obscuridades em geral, seja na cultura pop, na música, nos games, cinema, gastronomia, não importa, o negócio aqui é fugir do óbvio e dar espaço a qualquer coisa que porventura tenha caído no ostracismo ou que, na minha modesta e humilde opinião, não teve o devido reconhecimento.

 

E para começar, nada melhor que relembrar a jóia perdida da filmografia do nosso macacão favorito King Kong: “A Fuga de King Kong”, clássico japonês de 1967! Mas antes de mais nada, façamos uma breve introdução sobre o fantástico mundo dos Kaiju, termo popularizado recentemente pelo divertidíssimo Círculo de Fogo para designar obras cinematográficas com monstros gigantes pisoteando em tudo a sua volta: No Japão então elas são tão tradicionais e populares que o Godzilla até ganhou, com muita justiça, o título de cidadão honorário e embaixador oficial da cultura daquele país. Afinal, todo amante da sétima arte que se preze pelo menos já ouviu falar da saga do lagarto super desenvolvido que toca o terror por onde passa (embora às vezes ele mude de lado e seja herói, defendendo a mesma Tóquio que anteriormente devastou… vai entender?) e que rendeu inúmeras obras onde ele travava duelos épicos contra a mariposa Mothra, contra sua versão cibernética (o famigerado Mechagodzilla) e até mesmo com o King Kong, em um crossover de 1962, todos eles dirigidos por Ishiro Honda. Mas o curioso é que ele, ao que tudo indica, deve ter gostado bastante de fazer um longa-metragem com o gorilão e, talvez por isso, achou que ele merecia uma aventura solo em território nipônico, o que nos leva finalmente ao tema de hoje.

 

Para ser honesto, não é a toa que essa obra caiu no esquecimento pois, analisando friamente, ela é ruim demais!! Nenhuma pessoa em seu juízo perfeito consegue levá-la a sério; é tudo uma imensa bobagem e, perto dele, até tralhas atuais como o superestimado “Sharknado” parecem produções do Steven Spielberg! Mas como eu tenho espírito trash e acredito que quanto mais besta e tosco, mais divertido fica, fiquei com a barriga doendo de tanto gargalhar!

 

A sinopse, por si só, já é uma pérola do nonsense que dá de goleada em muito programa humorístico por aí: Uma mineradora usa um robô gigante cópia do King Kong (!) para procurar uma pedra preciosa chamada Elemento X(!!) que só existe no Polo Norte (!!!). E não, em nenhum momento eles explicam porque uma réplica de gorila seria mais eficiente para escavar do que uma broca ou dinamite… mas deixemos esse “pequeno detalhe pra lá”, quem liga para coerência, não é mesmo? Seguindo em frente, quando um belo dia ele pifa, a empresa tem a “brilhante” ideia de capturar o verdadeiro gorilão (!!!!) para realizar os trabalhos no lugar de sua versão cibernética (interessante constatar que ninguém pensou em consertá-lo), e quem fica incumbida desta missão ingrata é Madame Piranha (!!!!!), agente interpretada pela atriz japonesa Mie Hama (que já teve dias mais dignos e glamourosos como Bond Girl em “007 Só Se Vive Duas Vezes”). Porém, é óbvio que Kong ao chegar se revolta com sua nova vida de trabalhos forçados e foge nadando para o Japão (!!!!!!). Temendo que o pior aconteça, as autoridades decidem restaurar sua versão mecha (só agora) para defender o país. Pronto, terminei, já parou de rir? Calma, poupe o seu fôlego, ainda tem mais:

 

Os figurinos são constrangedores de tão ridículos (dá para ver claramente o zíper nas costas das fantasias), os (d)efeitos especiais são paupérrimos até mesmo para uma obra de 1967, há erros de continuidade absurdos, a cara do King Kong parece a do pai do Homer Simpson (na verdade eu li isso em um blog por aí muito antes de escrever essa resenha, mas desde então nunca mais consegui tirar isso da cabeça!)… Enfim, daria pra gastar facilmente umas mil linhas destrinchando os inúmeros absurdos que permeiam essa maravilha! Ah, e é curioso ressaltar que, assim como nos demais filmes do Kong, ele também se apaixona por uma loira aqui! É quase um Fausto Fawcett em versão primata…

 

E sabe o que é o mais legal? É que essa é uma porcaria para toda a família; prova disso é que quando assisti pela primeira vez, havia crianças aqui em casa e elas provavelmente riram mais do que eu, sério mesmo! E se até a molecada numa idade tão inocente já consegue ter senso crítico para perceber o potencial humorístico dessa tralha (ou estariam eles demonstrando aptidão para seguir meus passos? Isso é preocupante…), imagina só você, caro leitor(a)? Como disse anteriormente, não o recomendaria para 99% da população, principalmente se você for um daqueles malas sem alça que fazem pose blasé na fila para assistir festival de cinema iraniano; porém, como eu disse no início, é um programão para quem tem senso de humor e não leva tudo tão a sério! Baixe ainda hoje, compre uns refrigerantes, pizzas e junte uns amigos para assistir, é garantia de muitas risadas!

Luciano Milhouse

Luciano Milhouse é flamenguista, pensa que sabe escrever, tem 6 cachorros e aceita doações de CDs, DVDs, videogames e carrinhos (para desespero de sua esposa)!

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