Alfie Templeman afofa o bom pop em sua estreia

 

 

 

 

Alfie Templeman – Mellow Moon
(AWAL)
45′, 14 faixas

(4 / 5)

 

 

 

 

 

É possível que Alfie Templeman se torne um novo Harry Styles e isso não deve demorar. Ambos são jovens mestres na arte de revisitar o pop mais clássico e radiofônico dos anos 1980 e 1990 com personalidade e habilidade em dose suficiente para torná-lo novo em folha. E, claro, além disso, os dois têm carisma para atrair um grande público, ávido por melodias bonitinhas, arranjos legais e simples e, mais que isso, que gosta da configuração clássica e típica deste pop – baixo, bateria, guitarra e teclados. Não importa se tudo isso é tocado de forma eletrônica, às vezes por uma ou duas pessoas – no caso de Templeman, ele toca tudo num estúdio caseiro – o que vale é o prazer de ouvir uma bela canção, às vezes mesmo uma baladinha derramada, faz parte.

 

Templeman está debutando neste primeiro álbum após gravar e lançar alguns EPs bacaninhas. Ele declarou que se inspira em muita gente, inclusive no grande Todd Rundgren, para fazer seu pop límpido e direto. Suas canções herdam essa capacidade de ostentarem um violão aqui, uma guitarra com pedal pensado ali, uma bateria que escapa do óbvio acolá. E o rapaz tem a voz necessária para completar a equação, que vai dar numa encruzilhada que tem George Michael, o próprio Harry Styles, talvez um pouco do pop de linha de montagem das boys bands tipo Backstreet Boys ou Nsync, ou seja, tudo redondíssimo e pronto para o consumo. E, como sempre a gente diz por aqui, de nada adiantaria todo esse esquema se não houvessem boas canções e o disco de Alfie está cheio de ótimos exemplos.

 

Pelo menos cinco faixas são muito acima da média. A faixa-título, lá pro fim do álbum, é um pop luminoso e eletroniquinho, com timbres sintetizados, efeitos de voz e uma linha melódica simplesmente perfeita, algo como se fosse um Prefab Sprout jogando videogame. “Folding Mountains” é outra lindeza, com um andamento pontuado por uma guitarrinha dedilhada e bateria fazendo sutis rufos, mostrando que há gente sabendo exatamente o que faz por trás dos arranjos e esta pessoa é o próprio Templeman. “3D Feelings” é outra belezura, pop espacialzinho noventista no ponto, parece uma boa canção dos Backstreet Boys. “Colour Me Blue” é outro exemplo de levada rapidinha, perfeita, no ponto, toda calcada em guitarrinhas e teclados bem postados e “Leaving Today” tem até um leve chacundum guitarreiro na introdução, abrindo espaço para outra melodia luminosa e bem pensada.

 

Esta safra de jovens artistas britânicos voltados para a revisão do pop mais clássico é ótima. Além de Templeman e Harry Styles, também temos o excelente Rex Orange County. E ainda tem a graciosa Arlo Parks, que não é bem uma cantora pop, mas tem a manha para revisitar tonalidades mais elegantes e climáticas dos anos 1980 e 1990 como poucos hoje em dia. Vamos ficar atentos a esta gente, eles estão chegando e fazendo muito bonito.

 

Ouça primeiro: “Mellow Moon”,  “Leaving Today”, “Folding Mountains”