50 Canções Internacionais de 2021

 

 

Finalmente chegamos às listas de melhores de 2021 aqui na Célula Pop! Foi um ano estranho – como os últimos – temperado pela pandemia e pelas reviravoltas inacreditáveis que o mundo e o Brasil experimentaram. Claro que esse cenário reflete a produção cultural e artística e a música pop não está fora disso, pelo contrário: tivemos vários artistas compondo, gravando e lançando discos e canções com forte acento político/contestador.

 

 

A nossa lista de melhores discos sairá logo e vocês verão que essas 50 canções refletem esses álbuns de 2021, com algumas surpresas. Além delas – vamos deixar para quando a lista sair e não daremos muitos spoilers – vocês poderão notar que alguns artistas conseguiram colocar duas músicas na playlist, mostrando força e presença no ano.  Gente como Olivia Rodrigo, The War On Drugs, o soulman Curtis Harding e Femi Kuti conseguiram este feito.

 

 

As listas da Célula Pop não têm compromisso nenhum com tendências gringas ou nacionais, a gente posta o que gosta e não abrimos mão disso. Por isso, artistas “velhos” como Kool And The Gang, Sting ou Lindsey Buckingham, mesmo “fora de moda”, estão presentes nas nossas escolhas e acho que isso dá um tempero especial à playlist. Não é porque estes – e outros – artistas estão descompromissados com o que há de mais moderníssimo no pop-trap-electro-whatever que se faz por aí, que eles não estão descartados. A gente não liga pra nada disso, somos o que somos e, se você está por aqui, já sabe disso.

 

 

Vamos à listinha comentada e ao link para vocês ouvirem e curtirem – compartilharem e tudo mais – a playlist com as 50 Canções Internacionais de 2021.

 

Mdou Moctar – Chismiten – faixa do disco “Afrique Victime”, do cantor e guitarrista originário do Níger. Uma pedrada na lata.

 

Mogwai – Ritchie Sacramento – incomum faixa cantada do grupo de post-rock escocês.

 

Neil Young e Crazy Horse – Human Race – melhor canção de “Barn”, novíssimo álbum do canamericano – denominação dele – e sua velha banda Crazy Horse.

 

The Go! Team – A Bee Without Its Sting – pequeno caleidoscópio retro-dançante perpetrado pelo combo britânico ensolarado.

 

Juliana Hatfield – Mouthful Of Blood – Juliana não perde a majestade e se sai bem com esta cançoneta que mais parece feita em 1994.

 

Wolf Alice – Delicious Things – a banda inglesa se saiu com um dos melhores álbuns do ano , “Blue Weekend”, fazendo um rock triste e oitentista.

 

Arlo Parks – Portra 400 – a mais bela canção do álbum de estreia da cantora britânica que mais parece uma versão pós-adolescente da Sade.

 

The Coral – Change Your Mind – o grupo jnglês não tem disco ruim em sua carreira e lançou um álbum duplo homônimo que parece uma cruza de Zombies com Kinks, uma lindeza inesperada.

 

St.Vincent – My Baby Wants A Baby – faixa de “Daddy’x Home”, o conceitual e bacanudo álbum de St. Vincent.

 

Pom Pom Squad – Crying – direto do Brooklyn, Nova York, vem a baixista e cantora Mia Berrín, com um som que pode, enfim, ser chamado de pós-grunge.

 

Teenage Fanclub – I’m More Inclined – os escoceses eternos e eternizantes não erram a mão  Faixa do subestimado “Endless Arcade” que eles lançaram no início do ano.

 

Field Music – Orion From The Street –  os irmão David e Peter Brewis são de Sunderland e fazem um pop com toques classudos de Prefab Sprout.

 

David Crosby – For Free – Crosby é outro sujeito interminável e que mantém sua voz conservada da passagem do tempo. Aqui ele parece estar em 1973, duetando com a cantora Sarah Jarosz.

 

Turnstile – Underwater Boi – O novo disco dos americanos do Turnstile, Glow On, parece um trabalho escolar sobre o rock dos anos 1990 e é muito, muito legal.

 

The Fratellis – Half Drunk Under a Full Moon – banda de segunda divisão do rock inglês pós-2ooo, o Fratellis ainda é capaz de fazer músicas como esta balada pop classuda e cheia de citações.

 

Billie Eilish – Oxytocin – Billie só tem 19 e segue com um trabalho relevante e promissor. Esta é a melhor canção de seu último álbum, “Happier Than Ever”.

 

The War On Drugs – Rings Around My Father’s Eyes
The War On Drugs – I Don’t Live Here Anymore

Duas faixas do impressionantemente belo “I Don’t Live Here Anymore”,  novíssimo álbum do The War On Drugs, projeto do cantor, multinstrumentista e compositor americano Adam Granduciel. Aqui ele mistura Bruce Springsteen com Fleetwood Mac sob a luz de uma tarde cinza dos anos 1980 à beira-mar. Não tem como dar errado.

 

Curtis Harding – Hopeful
Curtis Harding – With You

O soulman americano repete o triunfo de dois anos atrás na nossa lista de melhores e emplaca duas pepitas sonoras que vieram de seu belíssimo álbum “If Words Were Flowers”, Soul moderno e clássico, como convém.

 

Band Of Horses – In Need Of Repair – o grupo americano ficou tempo demais sem gravar material novo e soltou dois singles no fim do ano para preparar o caminho para o próximo trabalho Esta canção aqui é um retorno ao folk-rock ideal e perfeito.

 

Femi Kuti – Pa Pa Pa
Femi Kuti – Stop The Hate

Femi e Seun Kuti, filho e neto de Fela Kuti, se uniram para gravar “Legacy” um disco duplo que revê o afrobeat e o coloca no século 21 com a marca de quem nasceu neste berço. Maravilhas engajadas para o novo tempo.

 

Lindsey Buckingham – I Don’t Mind – o ex-Fleetwood Mac gravou um disco homônimo que se insere entre os melhores trabalhos de sua vitoriosa carreira e esta faixa aqui é grudante, maravilhosa e próxima da perfeição.

 

José Gonzalez – Visions – o sueco mais argentino do mundo lançou disco novo que continha esta pepita nickdrakiana para acalmar os corações pandêmicos e isolados.

 

Ministry – Desinformation – Al Jourgensen segue firme com seu Ministry e a receita de colocar eletrônica pulsante em canções anti-fascismo para a gente pogar enquanto os meteoros caem na nossa cara.

 

The Darkness – Spend Of The Nite Time – os ingleses não são lá essas coisas mas gravaram um disco adorável cheio de zumbis oitentistas. Esta canção poderia estar na trilha sonora de “Tron”.

 

My Morning Jacket – The Devil’s In The Details – entra ano, sai ano e o My Morning Jacket segue seu caminho de herdeiro espiritual de Neil Young e muito mais. Esta é a canção mais bela de seu homônimo e sensacional novo álbum.

 

Dry Cleaning – Scratchard Lanyard – bandinha inglesa tributária dos anos 1980 e da excentricidade de gente como  Soni Youth  e similares. Belezura declamada e moderníssima liderada pela vocalista Florence Shaw.

 

Garbage – Wolves – ninguém notou o Garbage lançando bom disco novo neste ano, mas esta faixa aqui é o que realmente importa de todo o álbum.  Belezura dançante para as pistas mais inspiradas.

 

Tears For Fears – The Tipping Point – a dupla inglesa vem aí com disco novo depois de tempo demais sem gravar nada novo. A faixa-título já anuncia que teremos uma lindeza flutuante logo em fevereiro.

 

Celeste – Love Is Back – a cantora inglesa faz pop tradicional com acento sessentista e soul, mais uma discípula de Dusty Springfield, mas com um quê a mais.

 

Future Islands – Peach – direto da improvável Baltimore retorna um dos melhores grupos de synthpop da atualidade, antecipando disco novo que virá no primeiro semestre de 2022.

 

Kool And The Gang – Hold On – o veteraníssimo combo soul americano lançou disco novo este ano e trouxe esta maravilha clássica, capaz de pulverizar tudo o que é feito na black music atualmente.

 

Fruit Bats – The Balcony – o novo disco do Fruit Bats, “The Pet Parade”, está cheio de canções lindas como esta aqui. Perfeição pop folk para as massas.

 

Aimee Mann – The Fall – a discreta e classuda Aimee Mann segue lançando discos maravilhosos e cheios de melodias intrincadas .Esta canção é um exemplo.

 

Floating Points e Pharoah Sanders – Movement 6 – um disco atípico e maravilhoso, que nem entrará na lista melhores, passando para a categoria dos Hour Concours. Temos aqui o venerável saxofonista americano, a orquestra de Londres e o mago eletrônico Floating Points, amarrando tudo. Para as altíssimas esferas.

 

Sting – Rushing Water – o velho Gordon Mitchell Sumners voltou ao disco e revelou que ainda tem a manha para compor uma canção absurdamente pop mas cheia de classe e elegância. Sting não soava tão legal desde 1994.

 

Twenty One Pilots – Good Day – o grupo americano de eletro-rock tem um trabalho qualquer nota, mas esta faixa, encravada em seu novo álbum, “Scaled And Icy”, é puro Elton John safra 1974. Impressionante.

 

Joel Culpepper – Remember – não é todo dia que a gente vê um soulman inglês, muito menos um que tenha a coragem de lançar um disco com o nome de “Sgt. Culpepper”. Joel é estrela em ascensão e vale a ouvida.

 

Olivia Rodrigo – Drivers Licence
Olivia Rodrigo – Good 4 U

A cantora e estrelinha americana é uma fofura musical inegável. Tem cara de gente comum, vontade de soar como uma Avril Lavigne nos momentos mais raivosos e uma voz muito acima da média. Seu disco “SOUR” é uma lindezinha e “Driver’s Licence” é uma das baladas mais legais dos últimos tempos.

 

Johnny Marr – Spirit, Power and Soul – Johnny Marr é um monstro das cordas e da composição pop. A cada música legal que ele solta – e ele só solta músicas legais – a gente tem a certeza de que Morrissey nunca foi essa coca-cola toda.

 

Dinosaur Jr – Take It Back – esta canção aqui tem uma aura infantil e doce como jamais a gente imaginaria que um cara como J Mascis seria capaz de fazer. Belezura do bom álbum “Sweep It Into Space”.

 

Courtney Barnett – Sunfair Sundown – a cantora e compositora australiana retornou ao disco este ano e gravou esta lindeza na qual parece uma versão feminina de Lou Reed.  Gostamos bastante.

 

Stiles Brisson – TMTA – conhecemos Stiles pela plataforma Groover e ele é canadense, com pegada tropical e arejada nesta belíssima canção para espaços abertos.

 

Royal Blood – Either Way You Want It – a dupla inglesa soltou um bom disco este ano – “Typhoons” – e deu uma oxigenada eletrônica e dançante em seu rock de bateria/guitarra. Aqui eles misturaram um pouco de glam e psicodelia na receita, atingindo um oto patamá.

 

Manic Street Preachers – Still Snowing In Sapporo – nossos galeses preferidos lançaram o belo álbum “The Ultra Vivid Lament” e nos brindaram com este épico árido e sentimental logo na abertura.

 

 

Weezer – I Need Some Of That – o Weezer lançou dois discos neste ano e a gente não poderia deixar de fora este pequeno prato de farofa oitentista deliberada com ares de quermesse e liquidação de quintal. Gostamos.

 

ABBA – Keep An Eye On Dan – os suecos sacrossantos do pop voltaram neste ano e a gente não poderia deixar de colocar uma canção deles nesta lista. Aqui está a nossa preferida de “Voyager”,

 

 

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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