50 anos sem Jimi Hendrix
Costumo dizer que Bob Dylan perdeu esta canção para Jimi Hendrix, quando este resolveu gravá-la para seu terceiro disco, Electric Ladyland, em 1968.
Apesar da versão de Jimi ser, no mínimo, incendiária, genial e intensa, o significado da misteriosa letra de Dylan permanece inalterado, ganhando ainda mais força com a indescritível releitura de guitarra empreendida ao longo da versão. Dylan reflete sobre revolução, sobre mudar a sociedade, abraçando com certo cinismo e ponta de desesperança a tarefa de pensar um mundo novo, e combina essas reflexões através da conversa entre os dois personagens da letra, “The Thief” e “The Joker”, que interagem ao longo da sucessão de versos. Dylan a gravou em seu disco de retorno, John Wesley Harding, um dos mais intrigantes que ele já compôs, logo após seu mitológico acidente de moto, que o levou a uma reclusão de um ano.
Seu ressurgimento foi despido de engajamento político óbvio, partindo muito mais para um estudioso das relações humanas de um ponto de vista mais abrangente e sutil, tudo ao mesmo tempo. Quando Hendrix escolheu gravar a canção, conferiu intensidade e fúria ao contexto, fazendo com que a adesão ao momento histórico de luta por direitos civis, femininos e o clamor contra a Guerra do Vietnã fosse imediata. Há exatos 50 anos, James Marshall Hendrix morria em Kensington, Londres, aos 27 anos de idade.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Hendrix tinha 27 anos quando morreu