Tribalistas – Lollapalooza, 05/04/2019

Cotação: 2.5 out of 5 stars (2,5 / 5)

Não dá pra negar a capacidade de aglutinação que os Tribalistas têm. São um grupo de artistas consagrados, com pinta de projeto paralelo, com repertório flexível – próprio e dos integrantes em carreiras solo – e com uma mensagem poderosa: oferecer ao público o Brasil legal, gentil, inteligente e no qual cabe todo mundo. Com esse arsenal conceitual, fica difícil não ganhar plateias onde quer que vá.

Não foi diferente com o público paulista do Lolla. Todo mundo respondia e respeitava Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Marisa Monte, vestidos de divindades brasileiras da modernidade líquida. Com eles a boa banda de apoio, com Pedro Baby, Dadi, Pretinho da Serrinha e Marcelo Costa, todos capazes de reproduzir as gravações originais no palco sem qualquer problema. A lógica é : Marisa canta e encanta; Arnaldo é uma presença solene e camarada, Brown batuca alguma coisa e incita o público com “quem gostou, grita!” ou “quem tá feliz, grita!”. Sempre, várias vezes. Em algum momento, Marisa se dirige ao público e diz: “somos um só”. A plateia vai ao delírio.

Daqui do sofá de casa – não, não estou lá, por isso, dê o desconto que quiser a esta resenha – nem toda a boa vontade do mundo salva o espetáculo de seu maior problema: a chatice. As canções dos Tribalistas são uniformes e enfadonhas, até mesmo seus dois hits “Já Sei Namorar” e “Velha Infância”. O que salva a pátria são os standards da carreira de Marisa Monte, como “Vilarejo” (anos-luz à frente de todo o repertório), “Carnavália”, “Infinito Particular” e “Amor I Love You”. O público canta tudo, de olhos fechados, vivenciando uma experiência que parece inesquecível. Do lado de cá, a certeza de estar diante de uma versão zero calorias e adoçada com stévia, dos Doces Bárbaros. Porém, como disse um amigo meu, “ainda assim é doce. Tribalistas e seu público, feitos um para o outro.

Foto: Manuela Scarpa/Brazil News

Setlist:

Tribalistas

Carnavália

Um só

Vilarejo

Fora da memória

Diáspora

Um a um

Velha infância

É você

Aliança

Sem você

Universo ao meu redor

Infinito particular

Amor I Love You

Depois

Trabalivre

Não vá embora

Já sei namorar

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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