The Lemonheads – Varshons 2

Gênero: Rock Alternativo
Duração: 39 min
Faixas: 13
Produção: Matthew Cullen e Evan Dando
Gravadora: Fire Records

Um dos mais irresistíveis produtos da indústria musical ainda é o disco de covers. Poucos conseguem resistir à tentação de ouvir novas versões de velhas canções, especialmente quando elas são feitas por gente que entende do assunto. Os Lemonheads, ou melhor, Evan Dando, seu guitarrista, vocalista, compositor e cérebro pensante, é um cara que tem rara sensibilidade artística, seja pra criar chicletes guitarrísticos de primeira linha, seja para adaptar criações alheias e torná-las familiares ao seu próprio universo de roqueiro alternativo noventista. E “Varshons 2”, como o nome já diz, é o segundo volume que ele solta, dedicado a esta nobre tarefa de fazer versões.

Na verdade, uma olhada pra carreira dos Lemonheads vai apontar o fraco de Dando por fazer covers já em tempos imemoriais. Em 1986, no disco “Lick”, a banda gravou uma versão punk de “Luka”, sucesso mundial de Suzanne Vega. Mais tarde, em 1992, uma regravação de “Mrs. Robinson”, de Simon & Garfunkel, levou o grupo aos píncaros do sucesso com o disco “It’s A Shame About Ray”. Pouco depois, uma versão solo de Evan Dando para “Thirteen”, do Big Star, foi parar na trilha sonora do adorável filme “Empire Records”. Ou seja, como se dizia antigamente, Dando entende do riscado. Em 2009 o grupo soltou o primeiro “Varshons”, no qual fazia releituras de James Taylor, Leonard Cohen, Townes Van Zandt e até Christina Aguilera. E agora, dez anos depois, entrega uma sequência.

É possível perceber que Dando não perdeu sua mão. A escolha do repertório é tão diversa quanto sua capacidade de se apropriar dos originais. Temos “Can’t Forget”, do Yo La Tengo, junto com “Abandoned”, da cantora country Lucinda Williams. Também se destacam a belezura da versão para o clássico ensolarado dos Eagles, “Take It Easy” e a releitura de “Straight To You”, de Nick Cave, safra 1992.

Como todo disco de versões, “Varshons 2” traz um tesouro secreto para deleite de poucos: a lembrança de uma lindeza de Paul Westerberg, “Things”, faixa de seu álbum “14 Songs”, cuja resenha escrita na antiga revista Bizz me fez gastar uma grana suada para comprar o CD importado na antiga Modern Sound, extinta megaloja de discos copacabanense nos idos de 1994/95.

Covers, originais, lembranças, releituras. Quem resiste a isso? Ouçam e escolham a sua favorita neste ramalhete.

Ouça primeiro: “Things”.

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.