Sinéad O’Connor morre aos 56 anos
Sinéad já tinha falado abertamente sobre sua luta de décadas contra instabilidade mental. Ela escreveu em sua página no Facebook que havia voltado para Londres depois de 23 anos e terminava um álbum, que seria lançado em 2024. Ela também mencionou planos para uma turnê pela Oceania, Estados Unidos e Europa em 2025.
Sua carreira iniciou com o álbum “The Lion and the Cobra”, lançado em 1987, que chegou a lhe render uma indicação ao Grammy. para melhor performance vocal feminina de rock.
Inicialmente vinculada ao rock alternativo, Sinéad atingiu outro patamar de fama quando lançou seu segundo álbum, “I Do Not Want What I Haven’t Got”, que incluía seu novo arranjo de para “Nothing Compares 2 U”, uma canção originalmente escrita por Prince. Sua interpretação alcançou o primeiro lugar em vários países e permaneceu no topo das paradas na Irlanda por 11 semanas. A música rendeu a ela uma indicação ao Grammy de gravação do ano, bem como outra indicação de melhor performance de rock vocal feminino. O álbum lhe rendeu um Grammy de melhor performance de música alternativa.
Com uma carreira também marcada por várias polêmicas por conta de seu temperamento, digamos, explosivo, Sinéad disparou contra pessoas diversas, desde a cantora Miley Cyrus e até mesmo o Papa, algo que lhe custou toda a visibilidade adquirida com o sucesso de seus primeiros anos. O’Connor revelou em uma entrevista de 2007 que foi diagnosticada com transtorno bipolar quatro anos antes e que tentara o suicídio em 1999, no dia de seu aniversário de 33 anos.
Ao longo dos anos, suas postagens em rede social mostravam uma pessoa que lutava contra vários problemas mentais, inclusive relatando overdoses, desavenças com o ex-marido, Donal Lunny, pai de seu filho mais novo, Shane. Em agosto de 2017, ela postou um vídeo em sua página do Facebook, afirmando que tinha três doenças mentais e se sentia sozinha depois de perder a custódia de Shane, então com 13 anos. Afirmou durante anos que cometeria suicídio e que apenas seus psiquiatras e médicos a mantinham viva.
O’Connor deixa três filhos. Seu filho, Shane, morreu por suicídio no ano passado, aos 17 anos.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.