Rock In Rio 2019 – Red Hot Chili Peppers
Cobertura especial, direto da Cidade do Rock
Crônica de um show anunciado, certo? Banda cansada, desgastada, com um bom repertório que surge mal executado e com longos intervalos de improviso e um certo desleixo na produção. Este é mais um show padrão do Red Hot Chili Peppers, mais um no Rock In Rio a deixar a impressão de que a banda que irrompeu nos anos 1990 como uma força criativa dentro do que se entendia como funk-rock-metal, já não existe mais. Mesmo assim, o público presente parece se recusar a aceitar tal fato, especialmente a julgar pelo número alarmante de casais com camisa da banda, num movimento estético que, bem, deixa pra lá.
Aliás, voltando: é claro que não existe mais. O próprio quarteto fez questão de mostrar isso em seus discos. Quando lançou o aclamado “Californication”, em 1999, o RHCP mandou a seguinte mensagem: estamos optando por um pop de fácil assimilação, com uns tiques e taques mínimos das características principais: o baixo do Flea, a boa bateria do Chad Smith e as guitarras de …Bem, aí é um problema que os fãs mais dedicados adoram abordar: John Frusciante? Hillel Slovak? Dave Navarro? Ou o atual, Josh Klinghoffer? A julgar pelo show, Josh é, sem dúvida, o mais fraco a ocupar a posição.
Mas, sinceramente, o público se importa? Não. Está lá para se divertir ao som de “Give It Away” e olhe lá. Só que o grupo preparou um setlist que mescla todas as fases, fazendo a delícia do ouvinte médio de rádio rock, este atraso de vida. Tivemos “The Zephyr Song”, “Californication”, “Dani California”, “By The Way” e algumas boas surpresas, como a ótima “Aeroplane”, executada com fidelidade ao arranjo original, além de “Soul To Squeeze” e uma homenagem simpática a Ric Ocasek, falecido recentemente, trazendo “Just What I Needed”, dos Cars, numa versão bem bacana, que passou batida pelo público do festival.
Encerramento com “Give It Away”, várias omissões no setlist e um público satisfeito com pouco, saudoso de um tempo que não viveu e que não compreende totalmente. Como eu disse, mais um show padrão do RHCP.
Setlist
Can’t Stop
The Zephyr Song
Dark Necessities
Dani California
Hey
Right On Time
The Adventures Of Rain Dance Of Maggie
Skamikaniko
Go Robot
Californication
Just What I Needed
Aeroplane
The Power of Equality
Soul To Squeeze
By The Way
Goodbye Angels
Give It Away
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.
Rapá, vendo pela TV só deu vontade de dormir..