Rock In Rio 2019 – Panic At The Disco

 

Cobertura especial, direto da Cidade do Rock

O pop moderno está criando artistas que, mesmo inseridos neste universo, não são de fácil categorização. Veja o combo indie-emo repaginado de Las Vegas, Panic At The Disco: fazem música que tenta se inserir em qualquer idioma, apelando para várias referências estéticas, tentando dar um conceito artístico ao todo. Tem metais, cordas – tudo ao vivo, mas inaudível -, tem mis en scene de chamas, efeitos especiais e um arcabouço musical que eu chamaria de espetaculoso. Além disso, há umas mulheres esvoaçantes tocando violinos, uma coisa estranha e que não faz muita diferença num espaço para milhares de espectadores. A ideia é do vocalista, guitarrista e mastermind, Brendon Urie, que deixou as canções revoltadas para trás e hoje procura fazer um som estiloso, com pitadas de teatro e o escambau a quatro.

 

Quanto mais distração no palco, sabemos bem, menos importante é a música ou, melhor dizendo, mais a música precisa de elementos que a suportem. No caso do PATD, a ideia é essa: fazer um pop com visual arrojado para impressionar a audiência presente, levando em conta que seu público é eminentemente adolescente e pensa estar vendo a nova chegada do Messias em forma de música. As canções são lineares, ora lentas e “intensas”, ora rápidas, dançantes. De vez em quando tem um vocal tentando atingir um agudo mais alto, mostrando que, caramba, esse cara canta demaaaaais. É esse tipo de sentimento e perspectiva que o show do grupo suscita.

 

Com setlist cobrindo toda a carreira, dando especial ênfase aos útlimos discos, “Death Of A Bachelor” (2015) e “Pray For The Wicked” (2018), a banda ainda encontrou espaço para mandar uma cover de “Bohemian Rapsody”, do Queen, que, apesar de criminosamente ruim, serve para mostrar que a banda tem senso de oportunidade e tino comercial. Uma olhada no Spotify vai revelar que o PATD tem quase 30 milhões de ouvintes mensais, algo que a plateia da Cidade do Rock reflete totalmente: pessoas cantando a plenos pulmões os “hinos” que a banda entoa. Ao fim do show, lembro do Barão de Itararé, cuja frase “de onde menos se espera é que não vem nada” se aplica totalmente a isso.

 

Setlist

Victorious
Fuck The Silver Lining
Don’t Threaten Me With a Good Time
Ready To Go (Get Me Out of My Mind)
La Devotee
Crazy = Genius
The Ballad Of Mona Lisa
Nine in the Afternoon
Girls/Girls/Boys
Dancing is not a Crime
This Is Gospel
Miss Jackson
I Write Sins Not Tragedies
Bohemian Rapsody
Emperor’s New Clothes
Saturday Night
High Hopes

 

Foto: Adriana Vieira

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.

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