Rock In Rio 2019 – Capital Inicial
Cobertura Especial, direto da Cidade do Rock
Treze músicas compuseram o show do Capital Inicial. É aquela coisa: rocks feitos sob medida para se ouvir com segurança, no quarto do apartamento do condomínio, protegido por porteiros eletrônicos e cuidadores. É o rock não-rock, limpinho, politicamente correto e fraco, bem fraco. Não que os irmãos Fê e Flávio Lemos sejam maus músicos, pelo contrário, o baixista é um bom instrumentista, e o guitarrista Ives Passarell é competente o bastante para segurar um show em que a banda se pretende defender o rock mais, bem, cru.
Só dá certo com quem desmamou ontem, certo? Errado. Todo mundo sai correndo para o Palco Mundo e já vem cantando os versos de “Tudo Vai Mudar”, que abre o show. E assim a coisa continua, com gente de todas as idades entoando as canções capitalescas. Dinho, a gente conhece, é aquela figura histriônica no palco, tem quem goste. O repertório é radiofônico, tem coisa do primeiro disco – “Música Urbana, “Fátima” – e avança pela carreira do Capital, com “Independência”, “Não Olhe Pra Trás” e por aí vai.
Tem duas boas canções, ambas de Alvin L: “Tudo Que Vai” e “Natasha”, mas, quando Dinho e cia decidem se apropriar de “Tempo Perdido”, da Legião Urbana, qualquer sombra de boa vontade se esvai. Ainda tem “Veraneio Vascaína”, totalmente fora de contexto diante da passagem do tempo e o fecho com “A Sua Maneira”, que é uma cover da cover, porque faz versão de uma canção dos argentinos Soda Stereo, “De Musica Ligera” que os Paralamas do Sucesso verteram para o português com “De Música Ligeira”.
O show prova que tudo, absolutamente tudo na vida, é uma questão de referencial.
Setlist
Tudo Vai Mudar
Depois da 1/2 Noite
4 X Você
Independência
Música Urbana
Tudo Que Vai
Primeiros Erros
Não Olhe Pra Trás
Tempo Perdido
Fátima
Veraneio Vascaína
Natasha
A Sua Maneira
Foto: Alexandre Durão
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.