RIP, Charlie Watts
Certas notícias a gente, simplesmente, não quer dar. Nem ler. Só quer fingir que não aconteceu. Esta é uma delas.Morreu Charlie Watts, o baterista dos Rolling Stones, aos 80 anos. Ele era, junto com Mick Jagger e Keith Richards, membro da formação original dos Rolling Stones, iniciado em 1963.
Charlie morreu no hospital, perto da família, conforme nota divulgada por seu agente, Bernard Doherty, à imprensa britânica.
“Charlie era um querido marido, pai e avô e, também como membro dos Rolling Stones, um dos maiores bateristas de sua geração. Pedimos gentilmente que a privacidade de sua família, membros da banda e amigos próximos seja respeitada neste momento difícil” – diz parte da nota.
Charles Robert Watts era mais um desses ingleses fãs de música negra americana. Nascido em 1941, ele amava, sobretudo, jazz e blues e, durante boa parte do tempo que esteve à frente da bateria nos Stones, cultivou este amor pelo jazz de forma bastante viva. No início dos anos 1990, montou a Charlie Watts Quintets, com a qual se apresentava e gravou alguns discos. A qualidade do trabalho era tamanha, que, por exemplo, é do CWQ a minha versão preferida de um standard do cancioneiro americano, o chamado American Songbook: “I’ve Got A Crush On You”, registrado com os vocais de Bernard Fowler, vocalista de apoio dos Stones, em 1993.
Charlie passou por um procedimento cirúrgico há menos de um mês. Ainda que a cirurgia tivesse sido “completamente bem-sucedida”, o veterano baterista ficaria de fora da turnê da banda, prevista para começar em 26 de setembro.
“Com os ensaios começando em algumas semanas, isso é muito decepcionante para dizer o mínimo, mas também é justo afirmar que ninguém previu isso”, afirmou Watts no anúncio feito em agosto.
“Pela primeira vez, meu ritmo tem estado um pouco estranho. Tenho trabalhado duro para estar completamente bem, mas hoje eu devo aceitar os conselhos dos especialistas que isso demorar mais um pouco”, lamentou o músico, que ainda disse não querer que sua recuperação atrasasse a turnê.
“Depois de todo o sofrimento causado pela Covid, eu realmente não quero desapontar os fãs do Stones que já estão com seus ingressos com mais um anúncio de adiamento ou cancelamento. Por isso, pedi para meu grande amigo Steve Jordan para me substituir.”
Segundo consta, a ideia da banda era terminar este ano de 2021 com as datas já agendadas, contando com Jordan na bateria e fazer com que Charlis se preparasse para as grandes celebrações do 60º aniversário da banda em 2022, quando eles lançariam seu primeiro álbum de canções originais em 17 anos.
Triste. Descanse em paz, CW.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.