Nossos pitacos emocionais para o Oscar
Entra ano, sai ano, o Oscar segue como a premiação mais popular do Cinema. Mesmo que os preços das sessões por aqui ainda estejam altos, mesmo que o streaming avance a cada ano sobre os meios tradicionais de ver um longa-metragem, nada, pelo menos até agora, supera a experiência de ir até uma sala escura e se entregar a um bom filme, com um bom som. É para essas pessoas que ainda faz sentido ficar assistindo a premiação do Oscar, por mais de duas horas a fio. Nós vimos a maioria das produções em disputa neste início de 2024 e viemos aqui para listar nossos favoritos – aqueles que apostamos que irão ganhar – e os nossos preferidos, mostrando que, nem sempre há coincidência entre esses dois pontos de vista.
Sendo assim, abaixo veremos as categorias mais interessantes e apontamos os resultados. Claro, você está desde já à vontade para discordar, concordar, enviar o seu palpite e tudo mais. A 96ª edição da cerimônia do Oscar acontece no dia 10 de março, no Dolby Theater, em Los Angeles, com apresentação de Jimmy Kimmel.
Melhor Filme
– Anatomia de Uma Queda
– Assassinos da Lua das Flores
– Barbie
– Ficção Americana
– Oppenheimer
– Os Rejeitados
– Pobres Criaturas
– Maestro
– Zona de Interesse
– Vidas Passadas
Quem ganha: “Oppenheimer”
Nosso preferido: Num mundo impossível, “Vidas Passadas”.
Este deve ser o ano de “Oppenheimer”, que deve dominar várias categorias importantes, um prêmio para a realização do diretor inglês Christopher Nolan. É cinemão, é espetacular, é bem feito, é bem contato, tem ótimas atuações. Nosso lado sensível e inadequado ficou lá, nos minutos finais de “Vidas Passadas”.
Melhor Diretor
– Christopher Nolan (“Oppenheimer”)
– Yorgos Lanthimos (“Pobres Criaturas”)
– Justine Triet (“Anatomia de uma Queda”)
– Martin Scorsese (“Assassinos da Lua das Flores”)
– Jonathan Glazer (“Zona de Interesse”)
Quem ganha: Christopher Nolan
Nosso preferido: Martin Scorsese
Não que sejamos fãs incondicionais do Scorsese, mas o trabalho que ele fez em “Assassinos…” é o de um diretor jovem, vigoroso, disposto a correr riscos. É um espetáculo de cinema que mescla tradição e ousadia. Um arraso total. E ainda gostaríamos de ver uma indicação para Celine Song, por “Vidas Passadas”. Mesmo assim, este deve ser o ano do Nolan. Em tempo: Alexander Payne, de “Os Rejeitados” também merecia uma indicação aqui.
Melhor Ator
– Cillian Murphy (“Oppenheimer”)
– Paul Giamatti (“Os Rejeitados”)
– Bradley Cooper (“Maestro”)
– Jeffrey Wright (“Ficção Americana”)
– Colman Domingo (“Rusty”)
Quem ganha: Cillian Murphy.
Nosso preferido: Entre Cillian Murphy e Paul Giamatti.
Aqui é território praticamente certo. Cillian vencerá e não será exagero. Seu Oppenheimer está na medida. Giamatti é favorito da casa e sempre se sai bem em papeis amargurados, como o professor vetusto de coração bom em “Os Rejeitados”.
Melhor Atriz
– Emma Stone (“Pobres criaturas”)
– Lily Gladstone (“Assassinos da Lua das Flores”)
– Carey Mulligan (“Maestro”)
– Sandra Hüller (“Anatomia de uma queda”)
– Annette Bening (“Nyad”)
Quem ganha: Lily Gladstone
Nossa preferida: ficamos entre Emma Stone e Sandra Hüller correndo por fora.
Na verdade, se uma dessas ou a própria Lily vencer, o prêmio estará em ótimas mãos. Seus trabalhos são impecáveis.
Melhor Ator Coadjuvante
– Ryan Gosling (“Barbie”)
– Robert Downey Jr (“Oppenheimer”)
– Robert de Niro (“Assassinos da Lua das Flores”)
– Sterling K Brown (“Ficção Americana”)
– Mark Ruffalo (“Pobres Criaturas”)
Quem ganha: Robert Downey Jr.
Nosso preferido: Robert Downey Jr.
O papel do sujeito em “Oppenheimer” é impressionante. Este é um conjunto de indicações de alto nível, todos os concorrentes estão muito bem. Cá entre nós, se o canastraço de Mark Ruffalo em “Pobres Criaturas” levasse, não acharíamos de todo ruim.
Melhor Atriz Coadjuvante
– Da’Vine Joy Randolph (“Os Rejeitados”)
– Jodie Foster (“Nyad”)
– Danielle Brooks (“A Cor Púrpura”)
– Emily Blunt (“Oppenheimer”)
– America Ferrera (“Barbie”)
Quem ganha: Da’Vine Joy Randolph.
Nossa preferida: Da’Vine Joy Randolph.
É outra barbada. Não tem pra ninguém neste prêmio.
Melhor Roteiro Original
– “Vidas passadas”
– “Anatomia de uma queda”
– “Os rejeitados”
– “Maestro”
– “Segredos de um escândalo”
Quem ganha: “Anatomia”.
Nosso preferido: “Vidas Passadas”.
Em ambos os casos, dois roteiros escritos por mulheres-diretoras-realizadoras. São dois casos opostos, mas os trabalhos de Justine Triet e Celine Song são primorosos e dão sustentação a filmes aparentemente banais, mas que fogem de estereótipos gloriosamente.
Melhor Roteiro Adaptado
– “Zona de Interesse”
– “Pobres Criaturas”
– “Oppenheimer”
– “Barbie”
– “Ficção Americana”
Quem ganha: “Zona de Interesse”.
Nosso preferido: “Ficção Americana”.
Baseado no romance “Erasure”, de Percival Everett, certamente autobiográfico, o roteiro de “Ficção Americana” foi escrito por seu diretor, Cord Jefferson, com maestria e alta capacidade de transformar um original complexo em uma comédia trágica que beira o genial. Mas a vitória deve ser do arrasador “Zona de Interesse”, escrito por seu diretor, Jonathan Glazer.
Melhor Filme Estrangeiro
– “Dias perfeitos” (Japão)
– “A sala dos professores” (Alemanha)
– “Eu, capitão” (Itália)
– “A sociedade da neve” (Espanha)
– “Zona de interesse” (Inglaterra)
Quem ganha: Por pouco, “Zona de Interesse”.
Nosso preferido: “Dias Perfeitos”.
Jonathan Glazer deve levar o prêmio por “Zona”, mas seria o grande momento do Oscar se Win Wenders vencesse com seu delicadíssimo “Dias Perfeitos”, provavelmente seu melhor trabalho em décadas.
Melhor Longa de Animação
– “O menino e a garça”
– “Elementos”
– “Nimona”
– “Meu amigo robô”
– “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”
Quem ganha: “O Menino e a Garça”
Nosso preferido: “O Menino e a Garça”.
Na verdade, a gente tem uma pontinha de medo que “Aranhaverso” leve o prêmio, uma vez que, precisamos lembrar, o Oscar é um prêmio da indústria do cinema. Porém, seria imperdoável perder a chance de reconhecer o talento assombroso do japonês Hayao Miyazaki, realizador do impressionante “A Viagem de Chihiro”, que retornou da aposentadoria e realizou este longa com 83 anos.
Melhor Som
– “Resistência”
– “Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um”
– “Maestro”
– “Oppenheimer”
– “Zona de interesse”
Quem ganha: “Oppenheimer”
Nosso preferido: “Resistência”
Amamos “Resistência” e, entre muitas coisas legais no filme, o som é decisivo para o espetáculo total que ele é. Mas será difícil bater “Oppenheimer”.
Melhor Canção Original
– “It Never Went Away” de Jon Batiste e Dan Wilson para “American Symphony”
– “I’m Just Ken” de Mark Ronson e Andrew Wyatt para “Barbie”
– “What Was I Made For?” de Billie Eilish e Finneas O’Connell para “Barbie”
– “The Fire Inside” de Diane Warren para “Flamin’ Hot – O Sabor que Mudou a História”
– “Wahzhazhe (A Song for My People) para “Assassinos da Lua das Flores”
Quem ganha: Billie Eilish.
Nossa preferida: Billie Eilish.
Essa é outra barbada. Ou seria uma BARBIEADA?
Melhor Montagem
– “Anatomia de uma Queda
– “Os rejeitados”
– “Assassinos da Lua das Flores
– “Oppenheimer”
– “Pobres Criaturas”
Quem ganha: “Anatomia”.
Nosso preferido: “Anatomia”.
Ainda que o trabalho em “Assassinos da Lua das Flores” seja sensacional, a montagem é, junto com o roteiro, o grande diferencial de “Anatomia”.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.