Nossa Playlist Nacional de 2020
Dando sequência às nossas listas e inventários de fim de ano, aqui está a nossa playlist de 50 gravações feitas por artistas brasileiros em 2020. Vários originais e alguns covers compõem essa relação, até porque a gente acredita que essas versões são mais recriações que meras cópias.
Tem de tudo um pouco, dando uma boa noção do que foi produzido por aqui neste ano tão estranho. Ouçam, prestigiem os artistas brasileiros, passem adiante!
– Pelo Sim, Pelo Não – Marcos Valle – o novo disco do mais atual e moderno dos cantores e compositores da Bossa Nova passou despercebido por aqui, mas vale sua ouvida.
– Foi Batendo o Pé na Terra – Kiko Dinucci – o novo álbum de Kiko, “Rastilho”, quase entrou na nossa lista de melhores. Há faixas sensacionais, especialmente esta, um samba de roda.
– Dínamo – Lô Borges e Samuel Rosa – Lô e Samuel são excelentes parceiros e novamente colaboraram com essa lindeza de canção, faixa-título do último disco de Lô.
– Na Hora de Rezar – Guto Goffi – o baterista do Barão Vermelho em interessante trabalho solo, muito diferente de sua banda principal. Vale conhecer.
– Dejá-Vu Frenesi – Letrux – Letícia Novaes tornou-se uma artista de nível nacional e com capacidade de brincar com suas próprias referências e sonoridades.
– IRÔNICO_ – Clarice Falcão – com um disco totalmente eletrônico, Clarice Falcão mostrou capacidade de adentrar novos terrenos musicais e libertar-se da imagem de artista fofolk que tinha quando começou.
– Lifeporn – Ego Kill Talent – a banda paulista pisa fundo no terreno do rock noventista, lançando EPs interessantes ao longo de 2020, com excelente produção.
– Nos Barracos da Cidade – Gilberto Gil e BaianaSystem – Gil e BaianaSystem em uma das canções mais atuais do homem. Atemporal é pouco.
– Cais – Milton Nascimento, Criolo e Amaro Freitas – outra canção atemporal, devidamente revista com a ajuda dos talentosos Criolo e Amaro Freitas. Lindeza.
– Piloto de Fuga nº 2 – Seletores de Frequência – a banda que acompanhava BNegão veio em trabalho solo cheio de suingue e alternativas sonoras para o que já fazia de bom.
– Você me Toca – Ira! – o velho e bom Ira! mostrou que tem fôlego para continuar sendo uma das bandas mais legais do país.
– Planetas Distantes – Frejat – da última vez que Frejat misturou batidas eletrônicas em sua música, tivemos o péssimo álbum “Puro Êxtase, do Barão Vermelho. Aqui, nesta novíssima canção, ele se saiu muito melhor, chegando a emular até timbres de … New Order.
– O Passado Ataca Por Trás – Dolores Fantasma – projeto alternativo de Olavo Rocha, do Lestics, a Dolores é sensacional e corajosa. Dentre as várias canções bacanas, essa aqui é praticamente perfeita.
– Quareterna Serigy – The Baggios – essa foi uma canção especial para a quarentena da covid-19, gravada pelo sensacional grupo sergipano e mais um monte de convidados.
– O Amor Nos Tempos de Cólera – Fernanda Takai e Virginie Butaud – Fernanda e Virginie mostram doçura e relevância neste belo e singelo dueto, destaque do novíssimo álbum da cantora do Pato Fu.
– Irradiar – Nevilton – direto de Roma, o cantor e compositor paranaense mandou uma belezura de canção solar em plena pandemia. Otimismo e fé no futuro vieram em boa hora.
– Bolo de Milho – Boletos Antiaderentes – surrealismo e contestação social unidos em uma canção sensacional, que lembra bons momentos do rock noventista brasileiro.
– Nuvens Negras – Julico – o cantor e guitarrista da The Baggios lançou seu primeiro disco solo e este foi o primeiro single. Mar e sertão unidos em um só ritmo, ou melhor, em vários ritmos.
– Inocência – Boogarins – os goianos psicodélicos em momento de relevância total em sua carreira. Esta canção é uma das mais sensacionais que eles já gravaram.
– Cliché – Bebel Gilberto – direto das conexões Rio-Nova York, Bebel se saiu com um trip-hop à brasileira muito belo.
– Passado – Teorias do Amor Moderno – trio de Santo André que tem a saudável receita sonora calcada no rock noventista. A voz de Larissa Alves é o grande destaque.
– Hater – Carne Doce – as novas canções da banda goiana versam sobre vários aspectos, da sensualidade implícita ao duro ofício de lidar com gente que surge online. Belezura.
– Leve – Pluma – banda paulista que lançou um EP e se tornou uma das grandes promessas para 2021. Meio Stereolab, meio Clube da Esquina, estamos no aguardo de mais pistas da Pluma.
– Dinâmica de Bruto – Autoramas – Gabriel Thomaz e sua turma ressurgiram com propriedade e mais o rock encrespado, cheio de batidas sessentistas e guitarras oitentistas.
– Risco de Sol – Plutão Já Foi Planeta – a banda de Natal ressurgiu neste ano com um disco bonitinho, devidamente puxado por esta lindeza de canção.
– Se Chover – Lucas Gonçalves – integrante da Maglore e da Vitraux, Lucas se embrenhou nas minas gerais musicais e deu uma revisitada em alguns elementos do Clube da Esquina em seu primeiro disco solo.
– Corpo Nós – Guilherme Held – o guitarrista paulistano abriu espaço para vários convidados em seu disco solo, cuja faixa-título é este pequeno colosso.
– Pra Recomeçar – Arthur Nabeth – o cantor e compositor carioca chegou com fluência melódica e ótimos acenos ao pop atemporal nesta que é a melhor canção de “Mitos”, seu novo álbum.
– História Antiga – Zé Manoel – um clássico instantâneo de um dos discos mais impressionantes dos últimos tempos. Deveria ser tocadas nas escolas, ouvida com a mão no coração.
– Não Existe Saudade No Cosmos – Maglore e Fernanda Takai – cover de Nei Lisboa, devidamente atualizada pelos baianos e pela amapaense/mineira com doçura e respeito.
– Em Dezembro – Carabobina – um pouco de campo e cidade se misturam nessa lindeza de canção, coroando o primeiro disco solo do duo goiano/venezuelano.
– Morreu a Esperança – Wry – os sorocabanos em seu elemento: canção pós-punk engajada e relevante, atiçando o cérebro e o corpo.
– Room 87 – Thaysa Pizzolato – uma revelação total. Direto de Vitória/ES, Thaysa colocou seus teclados a serviço de ótimas canções num EP, sendo que essa é a melhor de todas.
– Selfie – Luana Carvalho – faixa que antecipa “Segue O Baile”, um novo disco de Luana, que é filha de Beth Carvalho. É um funk estilizado, com letra genial e várias cutucadas nos isentões. Já é clássico para 2021.
– No One Knows – Giovanna Moraes – cover de Queens Of The Stone Age feita pela cantora paulista em seu EP roqueiro, que é sinal de ousadia e coragem.
– All Night Long – DJ Hum – outra cover, dessa vez do clássico “balanço” das Mary Jane Girls, hit dos baile soul, aos quais DJ Hum compareceu quando jovem. Emocionante.
– Na Casa da Candinha – The Gilbertos – a faixa de abertura do novo disco do grupo, “Ano”, é uma lindeza torta e aguda.
– Apartamento – Yo Soy Toño – O carioca-alagoano Antonio Oiticica lançou novo disco no fim de 2020, “Mundo Inteiro”, que dá continuidade à sua receite de bom indie-rock atual.
– Nganga Njila – Mateus Aleluia – qualquer faixa de “Olorum”, impressionante novo álbum de Mateus Aleluia, já seria digna de estar aqui, mas essa adorável dança ancestral é irresistível.
– Mesmo Lugar – Tagua Tagua – a banda gaúcha entregou novo álbum dentro do esquema do bom indie rock e ótimas melodias, com destaque para esta que é a faixa-título.
– Babaca – Andrio Maquenzi – autobiografia? Auto-sacanagem? Não importa. A letra dessa canção e seu belo arranjo são emblemáticos do novo álbum do ex-Superguidis.
– Selva de Pedra – Sonorado – Pupillo e um timaço de músicos empreenderam revisita vigorosa dos temas clássicos das novelas setentistas, com destaque absoluto para esta maravilha aqui.
– Wichita Lineman – Herbert Vianna – O clássico de Jimmy Webb, famoso no vozeirão de Glen Campbell, ganha releitura doce e frágil nas mãos de Herbert.
– Means To An End – Sepultura – talvez a mais bem dada porrada do último diso da banda mineira.
– Manda Notícias – Andre L R Mendes – belíssima faixa-título do novíssimo álbum do inquieto cantautor baiano.
– Micheque – Detonautas Roque Clube – da série de sensacionais singles engajados que a banda carioca lançou em 2020, este aqui já nasceu clássico.
– Nunca – Bruna Lucchesi e Vinicius Gomes – uma delicadíssima versão do clássico de Lupcínio Rodrigues pelas mãos e vozes deste ótimo duo em disco iluminado e pouco conhecido.
– À Queima-Roupa – Vanessa Krongold – a mais sensível e pop das canções do álbum solo da ex-vocalista do Ludov.
– Copacabana – Jovem Dionísio – esta canção do último disco da banda curitibana tem sua identidade situada a meio caminho entre o samba estilizado e sonoridades eletrônicas/indie.
– Nova TV – Mahmundi – a cantora e compositora carioca lançou um EP que dá continuidade ao seu pop elegante e fluido, ainda que menos eletrônico desta vez.
Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.