Nossa homenagem ao Ota!

 

 

O lendário editor e quadrinhista Otacílio d’Assunção, o Ota, foi encontrado morto em seu apartamento nesta sexta-feira, 24 de setembro. O corpo de bombeiros foi acionado para abrir o apartamento do artista. Os amigos mais próximos não receberam notícias ou contatos de Ota nos últimos dias. A causa da morte não foi divulgada. Nascido no Rio de Janeiro, ele tinha 67 anos.

 

Ota é sempre lembrado pela sua relação com a versão brasileira da revista MAD, da qual foi editor por centenas de edições, desde a publicação original pela editora Vecchi, iniciada nos anos 1970, passando pela Record e Mythos/Panini. Além de editor, Ota contribuiu com inúmeros quadrinhos, capitaneando a hilária seção Relatório Ota, quase sempre protagonizada pelo seu alter-ego cartunesco. Os traços eram largadões, escrachados, seguindo a tradição do quadrinho marginal dos anos 70.

 

A importância do seu trabalho como editor é gigante, tendo sido responsável pelo lançamento de talentos do humor nacional nas páginas da MAD e pela consolidação do mercado brasileiro de quadrinhos. Lançou e editou revistas de terror como a Spektro, onde publicou trabalhos de mestres das HQs nacionais como Júlio Shimamoto, Mozart Couto e Fávio Colin. Foi um dos grandes responsáveis pela difusão dos personagens italianos da editora Bonelli, primeiro na Vecchi, e depois na Record, nos anos 1990, inovando ao trazer os personagens em seu formato original italiano, em edições com arcos completos de histórias, numa iniciativa que empolgou os leitores.

 

Também na Record lançou no Brasil a elogiada HQ indie Love And Rockets, dos irmãos Hernandez, elogiadíssima pela crítica especializada. Editou a Cripta do Terror, com histórias clássicas da EC Comics, a responsável indireta pela criação do malfadado Comics Codes, cheias de trabalhos de mestres dos comics norte-americanos. Lançou, também pela Record, álbuns do gaulês Asterix. Trabalhou em jornais e escreveu livros.

 

Ota possuía um conhecimento enciclopédico de quadrinhos e uma coleção imensa de gibis. Segundo amigos, tinha um temperamento difícil, vivia às turras e era amado por todos. Os canais voltados para HQs estão tomados de homenagens de pessoas próximas e admiradores. É uma lacuna impossível de ser preenchida, deixada por um dos grandes da história dos nossos quadrinhos. Vida longa, Ota.

 

Fabio Luiz Oliveira

Fabio Luiz Oliveira é historiador e crítico da Arte não praticante. Professor da rede pública do Rio de Janeiro. Escritor sem sucesso, espanta o mofo de seus textos em secandoafonte.wordpress.com

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