my bloody valentine finalmente disponível em streaming

Os discos do quarteto my bloody valentine finalmente ficaram disponíveis nos serviços de streaming por conta da assinatura do grupo com a gravadora Domino. A ausência do MBV no meio da música digital era uma lacuna do tamanho do mundo e, não satisfeita, a Domino vai disponibilizar novas edições físicas para cada disco da banda em 21 de maio.

“Isn’t Anything” e “loveless” foram masterizados de analógico para LP deluxe e também de sua master digital em alta resolução para LP padrão, amplamente disponibilizados pela primeira vez. Cortes analógicos de “m b v” também estarão disponíveis em LPs deluxe e padrão pela primeira vez.

my bloody valentine, o quarteto de Bilinda Butcher, Kevin Shields, Deb Goodge e Colm Ó Cíosóig, é reverenciado como um dos grupos mais inovadores e influentes dos últimos quarenta anos. Durante uma era em que as bandas de britânicas denotavam, na melhor das hipóteses, um classicismo retrô, my bloody valentine soava diferente de qualquer um de seus contemporâneos, a banda alcançou a rara façanha de soar como o futuro.

Com seu álbum de estreia “Isn’t Anything” (originalmente lançado em 1988), o quarteto revolucionou a música alternativa e apresentou uma nova abordagem do gênero às gerações futuras. O álbum deu origem a um som que se tornou um modelo para milhares de novos subgêneros, anunciando uma nova forma para música e produção de estúdio. Não era apenas um novo tipo de música, mas também pavimentou o caminho para um novo tipo de jornalismo; incitando comparações a fenômenos elementares, explorando sobre como a música afeta a psique. Shields e Butcher frequentemente cantavam em um alcance vocal semelhante, permitindo que suas vozes se misturassem. Isso teve o efeito de tornar o gênero indistinguível, a ponto de suas vozes poderem ser usadas como outra camada melódica para complementar os sons grandiosos da guitarra de Shields.

O segundo álbum do my bloody valentine, “loveless”, foi lançado em 1991. Musicalmente, deu um inesperado salto à frente, ficando à frente de qualquer coisa lançada na época. Shields e a banda avançaram em direção a uma música que aborda sensações, criando texturas e tons que podem ser tanto sentidos quanto ouvidos; com “loveless”, a banda criou um álbum que arrebatou nossos sentidos. O O disco é amplamente considerado uma obra-prima; equivalente da década de 1990 a “Pet Sounds”, “In A Silent Way” ou “Innervisions”, é um trabalho construído explorando os limites do que um estúdio de gravação é capaz. É um disco melhor experimentado como um todo, em uma sessão – uma audição como nenhuma outra e inigualável em sua brevidade sonora.

“ep’s 1988-1991 and rare tracks” compila os quatro EPs do grupo, onde estão muitas das favoritas de seus fãs devotos. “You Made Me Realize” e “Feed Me With Your Kiss” precederam o álbum de estreia da banda em 1988, em rápida sucessão. No intervalo entre “Isn’t Anything” e “loveless”, a banda lançou mais dois EPs; “Glider” (1990) e “Tremelo” (1991).

Finalmente ressurgindo em 2013 depois de duas décadas inteiras em relativo hiato, “m b v” é, por sua vez, o álbum mais experimental da banda, mas também o mais melódico e imediato; prova real de seu desejo de reinventar. Continuando a ultrapassar os limites da música e do gênero, “m b v” é um álbum de músicas surpreendentes, algumas das quais poderiam reivindicar ser de um tipo nunca feito antes. A faixa de encerramento, “Wonder 2”, é um exemplo disso, vendo Shields combinar sua guitarra com drum’n’bass em um resultado surpreendente.,

CEL

Carlos Eduardo Lima (CEL) é doutorando em História Social, jornalista especializado em cultura pop e editor-chefe da Célula Pop. Como crítico musical há mais de 20 anos, já trabalhou para o site Monkeybuzz e as revistas Rolling Stone Brasil e Rock Press. Acha que o mundo acabou no início dos anos 90, mas agora sabe que poucos e bons notaram. Ainda acredita que cacetadas da vida são essenciais para a produção da arte.